VERSOS 13-14
uṣitvaivaṁ gurukule
dvijo ’dhītyāvabudhya ca
trayīṁ sāṅgopaniṣadaṁ
yāvad-arthaṁ yathā-balam
dattvā varam anujñāto
guroḥ kāmaṁ yadīśvaraḥ
gṛhaṁ vanaṁ vā praviśet
pravrajet tatra vā vaset
uṣitvā — residindo; evam — dessa maneira; gurukule — aos cuidados do mestre espiritual; dvi-jaḥ — os duas vezes nascidos, a saber, os brāhmaṇas, os kṣatriyas e os vaiśyas; adhītya — estudando a literatura védica; avabudhya — compreendendo-a apropriadamente; ca — e; trayīm — os textos védicos; sa-aṅga — junto com as partes suplementares; upaniṣadam — bem como as Upaniṣads; yāvat-artham — tanto quanto possível; yathā-balam — tanto quanto a habilidade pessoal o permita; dattvā — dando; varam — remuneração; anujñātaḥ — sendo solicitado; guroḥ — do mestre espiritual; kāmam — desejos; yadi — se; īśvaraḥ — capaz; gṛham — vida familiar; varam — vida em retiro; vā — ou; praviśet — alguém deve ingressar em; pravrajet — ou sair de; tatra — lá; vā — ou; vaset — deve residir.
De acordo com as regras e regulações acima mencionadas, quem for duas vezes nascido, a saber, brāhmaṇa, kṣatriya ou vaiśya, deverá residir no gurukula e ficar aos cuidados do mestre espiritual. Ali, de acordo com a sua habilidade e poder de estudo, deverá estudar e aprender todos os textos védicos, juntamente com seus suplementos e as Upaniṣads. Se possível, o estudante ou discípulo deve recompensar o mestre espiritual com a remuneração por esse estipulada e, então, seguindo a ordem do mestre espiritual, o discípulo deve partir e aceitar um dos outros āśramas – gṛhastha-āśrama, vānaprastha-āśrama ou sannyāsa-āśrama – que ele desejar.
SIGNIFICADO—É evidente que, para estudar os Vedas e compreendê-los, é preciso alguma inteligência especial, mas os membros das três seções mais elevadas da sociedade – a saber, os brāhmaṇas, os kṣatriyas e os vaiśyas – devem aprender a literatura védica de acordo com sua capacidade e poder de compreensão. Em outras palavras, estudar a literatura védica é compulsório para todos, à exceção dos śūdras e antyajas. A literatura védica fornece o conhecimento que pode propiciar a todos compreender a Verdade Absoluta – Brahman, Paramātmā ou Bhagavān. O gurukula, ou a instituição educacional reformatória, deve ser empregado apenas para ensinar o conhecimento védico. No momento atual, há muitas instituições educacionais que fornecem treinamento e ensinam tecnologia, mas semelhante conhecimento nada tem a ver com o processo através do qual compreendemos a Verdade Absoluta. Tecnologia, portanto, destina-se aos śūdras, ao passo que os Vedas se destinam aos dvijas. Como consequência disso, este verso declara: dvijo ’dhītyāvabudhya ca trayīṁ sāṅgopaniṣadam. No momento atual, na era de Kali, praticamente todos são śūdras, e ninguém é dvija. Logo, a condição da sociedade se deteriorou muitíssimo.
Outro ponto a ser observado através deste verso é que, do brahmacarya-āśrama, pode-se aceitar o sannyāsa-āśrama, o vānaprastha-āśrama ou o gṛhastha-āśrama. Não é compulsório que o brahmacārī se torne gṛhastha. Porque a meta última é compreender a Verdade Absoluta, não há necessidade de a pessoa passar por todos os diferentes āśramas. Assim, saindo do brahmacarya-āśrama, pode-se ingressar diretamente no sannyāsa-āśrama. Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura passou diretamente do brahmacarya-āśrama para o sannyāsa-āśrama. Em outras palavras, Sua Divina Graça Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura não considerava compulsório aceitar o gṛhastha-āśrama ou o vānaprastha-āśrama.