VERSO 29
jalaṁ tad-udbhavaiś channaṁ
hitvājño jala-kāmyayā
mṛgatṛṣṇām upādhāvet
tathānyatrārtha-dṛk svataḥ
jalam — água; tat-udbhavaiḥ — pela grama crescida com a ajuda daquela água; channam — coberta; hitvā — abandonando; ajñaḥ — um animal tolo; jala-kāmyayā — desejando beber água; mṛgatṛṣṇām — uma miragem; upādhāvet — persegue; tathā — do mesmo modo; anyatra — em algum outro lugar; artha-dṛk — com interesse próprio; svataḥ — nele mesmo.
Assim como um veado, devido à ignorância, não pode ver a água que está dentro de um poço coberto de grama e procura água em outra parte, a entidade viva, coberta pelo corpo material, não vê a felicidade dentro de si mesma, senão que corre em busca da felicidade no mundo material.
SIGNIFICADO—Este é um exemplo preciso, retratando como a entidade viva, devido à falta de conhecimento, persegue a felicidade situada fora do seu próprio eu. Ao entender sua verdadeira identidade como ser espiritual, a pessoa pode compreender Kṛṣṇa, o supremo ser espiritual, e a verdadeira felicidade que Kṛṣṇa reciproca com ela. É muito interessante notar como este verso assinala como o corpo surge a partir da alma espiritual. O moderno cientista materialista pensa que a vida surge da matéria, quando, de fato, é a matéria que surge da vida. Nesta passagem, a vida, ou a alma espiritual, é comparada com a água, da qual surgem montes de matéria aqui apresentados sob a forma de grama. Alguém que ignora o conhecimento científico referente à alma espiritual não olha para dentro do corpo, onde encontrará felicidade na alma; em vez disso, sai em busca da felicidade externa, assim como um veado que não sabe que a água está debaixo da grama percorre o deserto procurando por água. O movimento da consciência de Kṛṣṇa tenta remover a ignorância existente nos seres humanos desencaminhados, que estão tentando encontrar água fora da jurisdição da vida. Raso vai saḥ. Raso ’ham apsu kaunteya. O sabor da água é Kṛṣṇa. Para matar sua sede, a pessoa deve degustar a água associando-a com Kṛṣṇa. É esse o preceito védico.