VERSOS 20-23
ayane viṣuve kuryād
vyatīpāte dina-kṣaye
candrādityoparāge ca
dvādaśyāṁ śravaṇeṣu ca
tṛtīyāyāṁ śukla-pakṣe
navamyām atha kārtike
catasṛṣv apy aṣṭakāsu
hemante śiśire tathā
māghe ca sita-saptamyāṁ
maghā-rākā-samāgame
rākayā cānumatyā ca
māsarkṣāṇi yutāny api
dvādaśyām anurādhā syāc
chravaṇas tisra uttarāḥ
tisṛṣv ekādaśī vāsu
janmarkṣa-śroṇa-yoga-yuk
ayane — no dia em que o Sol começa a mover-se para o Norte, ou Makara-saṅkrānti, e no dia em que o Sol começa a mover-se para o Sul, ou Karkaṭa-saṅkrānti; viṣuve—no Meṣa-saṅkrānti e no Tulā-saṅkrānti; kuryāt — deve-se realizar; vyatīpāte — no yoga chamado Vyatīpāta; dina-kṣaye — naquele dia em que três tithis se combinam; candra-āditya-uparāge — no momento do eclipse da Lua ou do Sol; ca — também; dvādaśyām śravaṇesu — no décimo segundo dia lunar e no nakṣatra chamado Śravaṇa; ca — e; tṛtīyāyām — no dia de Akṣaya-tṛtīyā; śukla-pakṣe — na quinzena da lua cheia; navamyām — durante o nono dia lunar; atha — também; kārtike — no mês de kārtika (outubro-novembro); catasṛṣu — nos quatro; api — também; aṣṭakāsu — nos aṣṭakās; hemante — antes da estação do inverno; śiśire — na estação do inverno; tathā — bem como; māghe — no mês de māgha (janeiro-fevereiro); ca — e; sita-saptamyām — no sétimo dia da quinzena da lua cheia; maghā-rākā-samāgame — na conjunção de Maghā-nakṣatra com o dia de lua cheia; rākayā — com um dia de lua completamente cheia; ca — e; anumatyā — com um dia de lua cheia em que a lua ainda não está completamente cheia; ca — e; māsa-ṛkṣāṇi — os nakṣatras que são as fontes dos nomes dos vários meses; yutāni — estão conjugados; api — também; dvādaśyām — no décimo segundo dia lunar; anurādhā — o nakṣatra chamado Anurādhā; syāt — pode ocorrer; śravaṇaḥ — o nakṣatra chamado Śravaṇa; tisraḥ — os três (nakṣatras); uttarāḥ — os nakṣatras chamados Uttarā (Uttara-phalgunī, Uttarāṣāḍhā e Uttara-bhādrapadā); tisṛṣu — nos três; ekādaśī — o décimo primeiro dia lunar; vā — ou; āsu — nestes; janma-ṛkṣa — do seu próprio janma-nakṣatra, ou estrela do nascimento; śroṇa — de Śravaṇa-nakṣatra; yoga — pela conjunção; yuk — tendo.
Deve-se executar a cerimônia śrāddha em Makara-saṅkrānti [o dia em que o Sol começa a mover-se em direção ao Norte] ou em Karkaṭa-saṅkrānti [o dia em que o Sol começa a mover-se em direção ao Sul]. Deve-se executar também essa cerimônia no dia de Meṣa-saṅkrānti e no dia de Tulā-saṅkrānti, no yoga chamado Vyatīpāta, naquele dia em que três tithis lunares conjugam-se, durante um eclipse da Lua ou do Sol, no décimo segundo dia lunar, e no Śravaṇa-nakṣatra. Deve-se executar essa cerimônia no dia de Akṣaya-tṛtīyā, durante o nono dia da quinzena da lua cheia do mês de Kārtika, nos quatro aṣṭakās na estação do inverno e na estação fria, no sétimo dia da quinzena da lua cheia do mês de māgha, durante a conjunção de Maghā-nakṣatra com o dia da lua cheia, e nos dias em que a lua está completamente cheia, ou então, não estando a lua completamente cheia, escolhem-se os dias que estão conjugados com os nakṣatras dos quais surgem os nomes de certos meses. Deve-se executar também a cerimônia śrāddha no décimo segundo dia lunar quando está em conjunção com algum dos nakṣatras chamados Anurādhā, Śravaṇa, Uttara-phalgunī, Uttarāṣāḍhā ou Uttara-bhādrapadā. E se deve executar essa cerimônia quando o décimo primeiro dia lunar estiver em conjunção com Uttara-phalgunī, Uttarāṣāḍhā ou Uttara-bhādrapadā. Finalmente, deve-se executar essa cerimônia nos dias que estão conjugados com a estrela do nascimento da própria pessoa [janma-nakṣatra] ou com Śravaṇa-nakṣatra.
SIGNIFICADO—A palavra ayana significa “caminho” ou “ida”. Os seis meses em que o Sol se move para o Norte chamam-se uttarāyaṇa, ou o caminho setentrional, e os seis meses em que ele se move para o Sul se chamam dakṣiṇāyana, ou o caminho meridional. Eles são mencionados na Bhagavad-gītā (8.24-25). O primeiro dia em que o Sol começa a mover-se para o Norte e a entrar no signo zodiacal de Capricórnio se chama Makara-saṅkrānti, e o primeiro dia em que o Sol começa a mover-se para o Sul e a entrar no signo de Câncer se chama Karkaṭa-saṅkrānti. Nesses dois dias do ano, deve-se realizar a cerimônia śrāddha.
Viṣuva, ou Viṣuva-saṅkrānti, significa Meṣa-saṅkrānti, ou o dia em que o Sol entra no signo de Áries. Tulā-saṅkrānti é o dia em que o Sol entra no signo de Libra. Ambos esses dias ocorrem somente uma vez por ano. A palavra yoga se refere a uma certa relação entre o Sol e a Lua durante seu movimento no céu. Existem vinte e sete diferentes graus de yoga, dos quais o décimo sétimo se chama Vyatīpāta. No dia em que isso ocorre, deve-se realizar a cerimônia śrāddha. Um tithi, ou dia lunar, consiste na distância entre as longitudes do Sol e da Lua. Às vezes, um tithi é menos do que vinte e quatro horas. Quando ele começa após o romper do Sol de um certo dia e termina antes de o Sol nascer no dia seguinte, então, o tithi que o precede e o que surge em seu lugar “tocam” o dia de vinte e quatro horas durante o período entre um e outro nascer do Sol. Isso se chama tryaha-sparśa, ou um dia tocado por alguma porção de três tithis.
Śrīla Jīva Gosvāmī cita muitos śāstras segundo os quais a cerimônia śrāddha de oblações aos antepassados não deve ser realizada no Ekādaśī-tithi. Quando o tithi do aniversário da morte cai no dia de Ekādaśī, não se deve realizar a cerimônia śrāddha no Ekādaśī, e sim no dia seguinte, ou dvādaśī. No Brahma-vaivarta Purāṇa, declara-se:
ye kurvanti mahīpāla
śrāddhaṁ caikādaśī-dine
trayas te narakaṁ yānti
dātā bhoktā ca prerakaḥ
Se alguém realiza a cerimônia śrāddha de oblações aos antepassados no Ekādaśī-tithi, então, o autor, os antepassados para quem se faz śrāddha, e o purohita, ou o sacerdote da família que promove a cerimônia, todos vão para o inferno.