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VERSO 25

tuṣṭe ca tatra kim alabhyam ananta ādye
kiṁ tair guṇa-vyatikarād iha ye sva-siddhāḥ
dharmādayaḥ kim aguṇena ca kāṅkṣitena
sāraṁ juṣāṁ caraṇayor upagāyatāṁ naḥ

tuṣṭe — quando satisfeito; ca — também; tatra — isto; kim — o que; alabhyam — inacessível; anante — a Suprema Personalidade de Deus; ādye — a fonte da qual tudo se origina, a causa de todas as causas; kim — qual a necessidade; taiḥ — para eles; guṇa-vyatikarāt — devido às ações dos modos da natureza material; iha — neste mundo; ye — que; sva-siddhāḥ — automaticamente alcançados; dharma-ādayaḥ — os três princípios de avanço material, a saber, religião, desenvolvimento econômico e gozo dos sentidos; kim — qual a necessidade; aguṇena — da liberação no Supremo; ca — e; kāṅkṣitena — desejada; sāram — essência; juṣām — apreciando; caraṇayoḥ — dos dois pés de lótus do Senhor; upagāyatām — que glorificamos as qualidades do Senhor; naḥ — nosso.

Nada é inacessível aos devotos que satisfazem a Suprema Personalidade de Deus, o qual é a causa de todas as causas e a fonte que origina tudo. O Senhor é o reservatório de qualidades espirituais ilimitadas. Portanto, qual a vantagem de os devotos que são transcendentais aos modos da natureza material seguirem os princípios da religião, do desenvolvimento econômico, do gozo dos sentidos e da liberação, que são automaticamente obtidos sob a influência dos modos da natureza? Nós, devotos, sempre glorificamos os pés de lótus do Senhor e, portanto, nada precisamos pedir em termos de dharma, kāma, artha e mokṣa.

SIGNIFICADO—Em uma civilização avançada, o povo tem intenso desejo de ser religioso, de estar bem situado no âmbito econômico, de satisfazer os sentidos ao máximo e, enfim, alcançar a liberação. Todavia, essas metas não devem ser promovidas como desejáveis. Para o devoto, na verdade, todas elas estão muito facilmente acessíveis. Bilvamaṅgala Ṭhākura disse: muktiḥ svayaṁ mukulitāñjali sevate ’smān dharmārtha-kāma-gatayaḥ samaya-pratīkṣāḥ. A liberação sempre permanece à porta do devoto, pronta para cumprir suas ordens. O avanço material em religião, desenvolvimento econômico, gozo dos sentidos e liberação simplesmente aguarda para servir o devoto na primeira oportunidade que surgir. O devoto já está na posição transcendental; ele não precisa apresentar outras credenciais para assumir a posição liberada. Como se confirma na Bhagavad-gītā (14.26), sa guṇān samatītyaitān brahma-bhūyāya kalpate: porque está situado na plataforma Brahman, o devoto é transcendental às ações e reações dos três modos da natureza material.

Prahlāda Mahārāja disse que aguṇena ca kāṅkṣitena: se alguém está ocupado no transcendental serviço amoroso aos pés de lótus do Senhor, ele nada precisa em termos de dharma, artha, kāma ou mokṣa. Portanto, no começo da literatura transcendental Śrīmad-Bhāgavatam, afirma-se que dharmaḥ projjhita-kaitavo ’tra. Dharma, artha, kāma e mokṣa são kaitava – metas falsas e desnecessárias. Nirmatsarāṇām, pessoas que são inteiramente transcendentais às atividades materiais separatistas, que não fazem distinção entre “meu” e “teu”, senão que simplesmente se ocupam no serviço devocional ao Senhor, reúnem verdadeiras condições de aceitar o bhāgavata-dharma (dharmān bhagavatān iha). Porque são nirmatsara, pessoas que não invejam ninguém, desejam que os outros se tornem devotos, inclusive seus inimigos. A esse respeito, Śrīla Madhvācārya observa que kāṅkṣate mokṣa-gam api sukhaṁ nākāṅkṣato yathā. Os devotos não desejam felicidade material alguma, nem mesmo a felicidade proveniente da liberação. Essa atitude se chama anyābhilāṣitā-śūnyaṁ jñāna-karmādy-anāvṛtam. Os karmīs desejam a felicidade material, e os jñānīs desejam a liberação, mas o devoto nada deseja; ele fica satisfeito com o simples fato de prestar transcendental serviço amoroso aos pés de lótus do Senhor e glorificá-lO em toda parte pregando, pois essa atividade é sua vida e alma.

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