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VERSO 8

durāpūreṇa kāmena
mohena ca balīyasā
śeṣaṁ gṛheṣu saktasya
pramattasyāpayāti hi

durāpūreṇa — que nunca se satisfaz; kāmena — devido a uma forte aspiração a desfrutar do mundo material; mohena — devido à confusão; ca — também; balīyasā — que é forte e avassaladora; śeṣam — os anos que ainda lhe restam viver; gṛheṣu — à vida familiar; saktasya — de alguém que é muito apegado; pramattasya — louco; apayāti — são desperdiçados; hi — na verdade.

Aquele cuja mente e cujos sentidos estão fora de controle se apega cada vez mais à vida familiar devido a insaciáveis desejos luxuriosos e uma fortíssima ilusão. Na vida dessa pessoa destituída de sanidade, os anos que ainda lhe restam também são desperdiçados porque, mesmo durante esses anos, ela não é capaz de se ocupar em serviço devocional.

SIGNIFICADO—Este é o relato dos cem anos de uma vida. Embora nesta era seja difícil encontrar alguém que viva cem anos, mesmo que ele atinja essa idade, o cálculo é que cinquenta anos são desperdiçados no sono, vinte anos se desperdiçam na infância e na juventude, e vinte anos se perdem na invalidez (jarā-vyādhi). Ainda lhe restariam alguns anos, mas, devido ao intenso apego à vida familiar, todos esses anos também se passam em vão, sem consciência de Deus. Por conseguinte, no começo da vida, a pessoa deve aprender a se tornar um brahmacārī perfeito e, caso se torne um chefe de família, deve saber controlar perfeitamente os sentidos, seguindo os princípios reguladores. Da vida de casado, deve aceitar vānaprastha e ir para a floresta e, depois, aceitar sannyāsa. Essa é a perfeição da vida. Aqueles que são ajitendriya, que não podem controlar seus sentidos, são educados unicamente no gozo dos sentidos desde o começo de suas vidas, e isso nós comprovamos nos países ocidentais. Portanto, mesmo esses cem anos de vida são desperdiçados e dissipados, e, na hora da morte, a pessoa transmigra para outro corpo, o qual não será necessariamente humano. Ao final dos cem anos, aquele que não agiu como um ser humano e não se dedicou a uma vida de tapasya (austeridade e penitência), com certeza ganhará um corpo de gato, cachorro ou porco. Logo, uma vida de desejos luxuriosos e gozo dos sentidos é muito arriscada.

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