VERSO 12
yas tvayā manda-bhāgyokto
mad-anyo jagad-īśvaraḥ
kvāsau yadi sa sarvatra
kasmāt stambhe na dṛśyate
yaḥ — aquele que; tvayā — por ti; manda-bhāgya — ó desafortunado; uktaḥ — descrito; mat-anyaḥ — além de mim; jagat-īśvaraḥ — o supremo controlador do universo; kva — onde; asau — este alguém; yadi — se; saḥ — Ele; sarvatra — em toda parte (onipenetrante); kasmāt — por que; stambhe — no pilar diante de mim; na dṛśyate — não é visto.
Ó desafortunadíssimo Prahlāda, sempre descreveste um ser supremo diferente de mim, um ser supremo que está acima de tudo, que é o controlador de todos e que é onipenetrante. Mas onde Ele está? Se Ele está em toda parte, por que Ele não está presente diante de mim neste pilar?
SIGNIFICADO—Os demônios, às vezes, declaram ao devoto que não aceitam a existência de Deus porque não podem vê-lO. Mas há um ponto que o demônio ignora e que o próprio Senhor apresenta na Bhagavad-gītā (7.25), nāhaṁ prakāśaḥ sarvasya yoga-māyā-samāvṛtaḥ: “Jamais Me manifesto aos tolos e aos não inteligentes. Para eles, estou encoberto pela yogamāyā.” O Senhor é acessível aos devotos e pode ser visto por eles, mas os não-devotos não conseguem vê-lO. A qualificação para alguém ver Deus é descrita na Brahma-saṁhitā (5.38): premāñjana-cchurita-bhakti-vilocanena santaḥ sadaiva hṛdayeṣu vilokayanti. O devoto que desenvolveu amor genuíno por Kṛṣṇa sempre pode vê-lO em toda parte, ao passo que um demônio, não compreendendo claramente o Senhor Supremo, não pode vê-lO. Quando Hiraṇyakaśipu ameaçou matar Prahlāda Mahārāja, Prahlāda decerto viu a coluna aprumada diante dele e de seu pai, e percebeu que o Senhor estava presente no pilar e o encorajava a não temer as palavras de seu pai demoníaco. O Senhor estava ali para protegê-lo.Hiraṇyakaśipu atentou para a observação de Prahlāda e lhe perguntou: “Onde está teu Deus?” Prahlāda Mahārāja respondeu: “Ele está em toda parte.” Então, Hiraṇyakaśipu perguntou: “Por que Ele não está neste pilar diante de mim?” Assim, em todas as circunstâncias, os devotos sempre conseguem ver o Senhor Supremo, ao passo que os não-devotos não têm essa capacidade.
Aqui, Prahlāda Mahārāja é chamado pelo seu pai de “o mais desafortunado”. Hiraṇyakaśipu se julgava extremamente afortunado porque estava de posse do universo. Prahlāda Mahārāja, seu filho legítimo, herdaria tão vasta propriedade, mas, devido à sua insolência, estava prestes a morrer nas mãos de seu pai. Portanto, o pai demoníaco considerava Prahlāda muito desafortunado porque esse não poderia herdar suas propriedades. Hiraṇyakaśipu não sabia que, porque era protegido pela Suprema Personalidade de Deus, Prahlāda Mahārāja era a pessoa mais afortunada dentro dos três mundos. Tais são os equívocos dos demônios. Eles não sabem que, em todas as circunstâncias, o devoto é protegido pelo Senhor (kaunteya pratijānīhi na me bhaktaḥ praṇaśyati).