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VERSO 5

śrī-hiraṇyakaśipur uvāca
he durvinīta mandātman
kula-bheda-karādhama
stabdhaṁ mac-chāsanodvṛttaṁ
neṣye tvādya yama-kṣayam

śrī-hiraṇyakaśipuḥ uvāca — o abençoado Hiraṇyakaśipu disse; he — ó; durvinīta — muitíssimo insolente; manda-ātman — ó tolo estúpido; kula-bheda-kara — que estás provocando uma ruptura na família; adhama — ó mais baixo da humanidade; stabdham — muito obstinado; mat-śāsana — do meu governo; udvṛttam — afastando-te; neṣye — levarei; tvā — a ti; adya — hoje; yama-kṣayam — à residência de Yamarāja, o superintendente da morte.

Hiraṇyakaśipu disse: Ó pessoa das mais insolentes, és um ininteligentíssimo destruidor da família, e, sendo o mais baixo da humanidade, violaste meu poder de governar-te e, portanto, és um tolo obstinado. Hoje te enviarei para a residência de Yamarāja.

SIGNIFICADO—Hiraṇyakaśipu colocou seu filho vaiṣṇava, Prahlāda, na categoria de durvinīta – descortês, incivilizado ou insolente. Entretanto, pela misericórdia da deusa da sabedoria, Sarasvatī, Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura conseguiu extrair um significado dessa palavra durvinīta. Ele diz que duḥ se refere a este mundo material. Isso é confirmado pelo Senhor Kṛṣṇa que, em Suas instruções na Bhagavad-gītā, afirma que este mundo material é duḥkhālayam, cheio de condições materiais. Vi significa viśeṣa, “especificamente”, e nīta, “trazido a”. Pela misericórdia do Senhor Supremo, Prahlāda Mahārāja foi especialmente trazido a este mundo material para ensinar às pessoas como elas devem agir para poderem escapar da condição material. O Senhor Kṛṣṇa diz: yadā yadā hi dharmasya glānir bhavati bhārata. Quando toda a população, ou parte dela, passa a se esquecer de seu próprio dever, Kṛṣṇa vem. Estando Kṛṣṇa ausente, o devoto se faz presente, mas a missão é a mesma: dar às pobres almas condicionadas os meios para elas se livrarem das castigadoras garras de māyā.

Continuando, Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura explica que a palavra mandātman significa manda – muito rebelde ou muito lerdo em obter compreensão espiritual. Como se afirma no Śrīmad-Bhāgavatam (1.1.10), mandāḥ sumanda-matayo manda-bhāgyā. Prahlāda Mahārāja é o guia de todos os mandas, ou entidades vivas pervertidas que estão sob a influência de maya. Ele é um benfeitor inclusive das entidades vivas deste mundo material dadas à indolência e à maldade. Kula-bheda-karādhama: através de suas ações, Prahlāda Mahārāja fez com que parecessem insignificantes as grandiosas personalidades que estabeleceram famílias importantíssimas. Todos estão interessados em sua própria família e em tornar sua dinastia famosa, mas Prahlāda Mahārāja era tão liberal que não fazia distinção entre uma entidade viva e outra. Portanto, ele era maior do que os grandes prajāpatis que estabeleceram suas dinastias. A palavra stabdham significa obstinado. Um devoto não se importa com as instruções dos asuras. Quando esses instruem, ele permanece silencioso. Ao devoto, interessam as instruções de Kṛṣṇa; não aquelas dos demônios ou não-devotos. Ele não mostra respeito algum a um demônio, mesmo que esse seja o seu pai. Mac-chāsanodvṛttam: Prahlāda Mahārāja era desobediente às ordens de seu pai demoníaco. Yama-kṣayam: toda alma condicionada está sob o controle de Yamarāja, mas Hiraṇyakaśipu disse que considerava Prahlāda Mahārāja seu libertador, pois Prahlāda Mahārāja interromperia a repetição de nascimentos e mortes de Hiraṇyakaśipu. Porque Prahlāda Mahārāja, um grande devoto, era melhor do que qualquer yogī, Hiraṇyakaśipu estava em condições de ser admitido na sociedade de bhakti-yogīs. Assim, Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura explicou essas palavras de maneira muito interessante, de modo que pudessem ser interpretadas de acordo com a versão de Sarasvatī, a mãe da sabedoria.

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