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VERSO 19

kva deho bhautiko ’nātmā
kva cātmā prakṛteḥ paraḥ
kasya ke pati-putrādyā
moha eva hi kāraṇam

kva — onde está; dehaḥ — este corpo material; bhautikaḥ — feito de cinco elementos; anātmā — não a alma espiritual; kva — onde está; ca — também; ātmā — a alma espiritual; prakṛteḥ — ao mundo material; paraḥ — transcendental; kasya — de quem; ke — que é; pati — espo­so; putra-ādyāḥ — ou filho e assim por diante; mohaḥ — ilusão; eva — na verdade; hi — decerto; kāraṇam — a causa.

Kaśyapa Muni prosseguiu: O que é este corpo material, feito de cinco elementos? Ele é diferente da alma espiritual. Na verdade, a alma espiritual é completamente diferente dos elementos materiais que entram na composição do corpo. Porém, devido ao apego corpóreo, alguém é tido como esposo ou filho. Essas relações ilusórias são decorrentes de uma compreensão equivocada.

SIGNIFICADO—Por certo que a alma espiritual (ātmā ou jīva) é diferente do corpo, o qual é uma combinação de cinco elementos materiais. Esse fato simples é compreendido apenas por alguém espiritualmente educado. Kaśyapa Muni se encontrou com sua esposa, Aditi, nos planetas celestiais, mas o mesmo equívoco se estende por todo o universo e está também presente aqui na Terra. Existem diferentes graus de en­tidades vivas, mas, em maior ou menor intensidade, todas estão sob o influxo do conceito de vida corpórea. Em outras palavras, todas as entidades vivas deste mundo material são mais ou menos desprovidas de educação espiritual. A civilização védica, entretanto, baseia-se em educação espiritual, e a educação espiritual é a base especial em que a Bhagavad-gītā foi falada a Arjuna. No começo da Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa ensina Arjuna a entender que a alma espiritual é diferente do corpo.

dehino ’smin yathā dehe
kaumāraṁ yauvanaṁ jarā
tathā dehāntara-prāptir
dhīras tatra na muhyati

“Assim como a alma encarnada passa seguidamente, neste corpo, da infância à juventude e à velhice, da mesma maneira, a alma passa para um outro corpo após a morte. A alma autorrealizada não se confunde com tal mudança.” (Bhagavad-gītā 2.13) Infelizmente, esta educa­ção espiritual está inteiramente ausente na civilização humana mo­derna. Ninguém entende seu verdadeiro interesse pessoal, que está relacionado com a alma espiritual, e não com o corpo material. Educação significa educação espiritual. Trabalhar arduamente, tendo como base o conceito de vida corpórea, sem nenhuma educação es­piritual, é viver como um animal. Nāyaṁ deho deha-bhājāṁ nṛ-loke kaṣṭān kāmān arhate vid-bhujāṁ ye. (Śrīmad-Bhāgavatam 5.5.1) As pessoas estão trabalhando com afinco simplesmente em busca de confortos físicos, sem nenhuma educação no que diz respeito à alma espiritual. Assim, elas vivem em uma civilização muito arriscada, pois o fato é que a alma espiritual terá de transmigrar de um corpo a outro (tathā dehāntara­-prāptiḥ). Sem educação espiritual, as pessoas ficam na escura igno­rância, sem saber o que as aguarda após a aniquilação do corpo atual. Elas estão trabalhando às cegas, e líderes cegos orientam­-nas. Andhā yathāndhair upanīyamānās te ’pīśa-tantryām uru-dāmni baddhāḥ. (Śrīmad-Bhāgavatam 7.5.31) Quem é tolo não sabe que está totalmente atado pela vida material e que, após a morte, a natureza material lhe re­servará um determinado corpo, que ele terá de aceitar. Ele desconhece que, embora neste corpo presente talvez ele seja um homem muito importante, poderá, em seguida, obter um corpo de animal ou árvore, devido a suas atividades ignorantes, realizadas nos modos da natureza material. Portanto, o movimento da consciência de Kṛṣṇa está tentando dar a todas as entidades vivas a verdadeira luz da existência espiritual. Este movimento não é muito difícil de ser entendido, e as pessoas devem tirar proveito dele, pois isso as salvará dos riscos decorrentes de uma vida irresponsável.

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