VERSO 22
śrī-aditir uvāca
kenāhaṁ vidhinā brahmann
upasthāsye jagat-patim
yathā me satya-saṅkalpo
vidadhyāt sa manoratham
śrī-aditiḥ uvāca — Śrīmatī Aditi começou a orar; kena — pelos quais; aham — eu; vidhinā — pelos princípios reguladores; brahman — ó brāhmaṇa; upasthāsye — possa satisfazer; jagat-patim — o Senhor do universo, Jagannātha; yathā — pelos quais; me — meus; satya-saṅkalpaḥ — desejos realmente possam ser satisfeitos; vidadhyāt — possa satisfazer; saḥ — Ele (o Senhor Supremo); manoratham — ambições ou desejos.
Śrīmatī Aditi disse: Ó brāhmaṇa, fala-me dos princípios reguladores pelos quais posso adorar o supremo mestre do mundo para que o Senhor fique satisfeito comigo e satisfaça todos os meus desejos.
SIGNIFICADO—Declara-se: “O homem propõe e Deus dispõe.” Portanto, uma pessoa pode desejar muitas coisas, mas, a menos que sejam satisfeitos pela Suprema Personalidade de Deus, esses desejos não podem ser concretizados. A satisfação dos desejos chama-se satya-saṅkalpa. Aqui, o termo satya-saṅkalpa é muito importante. Aditi se expôs à misericórdia de seu esposo esperando as orientações pelas quais pudesse adorar a Suprema Personalidade de Deus de modo que todos os seus desejos fossem satisfeitos. O discípulo deve primeiramente determinar-se a adorar o Senhor Supremo, após o que o mestre espiritual lhe dará orientações corretas. Ninguém pode dar ordens ao mestre espiritual, assim como um paciente não pode exigir que o médico lhe prescreva um certo tipo de remédio. É nesse ponto que começa a adoração à Suprema Personalidade de Deus. Como se confirma na Bhagavad-gītā (7.16):
catur-vidhā bhajante māṁ
janāḥ sukṛtino ’rjuna
ārto jijñāsur arthārthī
jñānī ca bharatarṣabha
“Ó melhor entre os Bhāratas, quatro classes de homens piedosos passam a Me prestar serviço devocional – o aflito, o que deseja riquezas, o inquisitivo e o que busca conhecer o Absoluto.” Aditi era ārta, uma pessoa aflita. Ela estava muito abalada porque seus filhos, os semideuses, foram despojados de tudo. Assim, sob a orientação de seu esposo, Kaśyapa Muni, ela queria refugiar-se na Suprema Personalidade de Deus.