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VERSO 5

api vākuśalaṁ kiñcid
gṛheṣu gṛha-medhini
dharmasyārthasya kāmasya
yatra yogo hy ayoginām

api — estou desejoso de saber; — ou; akuśalam — desventura; kiñcit — alguma; gṛheṣu — no lar; gṛha-medhini — ó minha esposa, que és apegada à vida familiar; dharmasya — dos princípios religio­sos; arthasya — da condição econômica; kāmasya — da satisfação dos desejos; yatra — no lar; yogaḥ — o resultado da meditação; hi — na verdade; ayoginām — mesmo daqueles que não são transcendentalistas.

Ó minha esposa, que és muito apegada à vida familiar, se os prin­cípios da religião, do desenvolvimento econômico e da satisfação dos sentidos são devidamente seguidos na vida em família, as atividades que se executam tornam-se tão boas como as de um transcendentalista. Gostaria de saber se houve alguma transgressão e desobediência a esses princípios.

SIGNIFICADO—Neste verso, Kaśyapa Muni trata a sua esposa Aditi por gṛha-medhini, o que significa “aquela que se satisfaz no gozo dos sentidos da vida familiar”. De um modo geral, aqueles que estão na vida familiar buscam o gozo dos sentidos, realizando atividades que lhes deem resultados materiais. Esses gṛhamedhīs têm apenas uma meta na vida – o gozo dos sentidos. Portanto, afirma-se que yan maithunādi-gṛhamedhi-sukhaṁ hi tuccham: a vida em família se baseia­ no gozo dos sentidos, de modo que a felicidade obtida dela é muito pequena. Todavia, o processo védico é tão abrangente que, mesmo na vida familiar, podem-se ajustar as atividades de acordo com os prin­cípios reguladores, apresentados sob a forma de dharma, artha, kāma e mokṣa. Deve-se ter como meta a liberação, mas, porque ninguém pode, da noite para o dia, abandonar o gozo dos sentidos, há preceitos nos śāstras que orientam como alguém deve agir para seguir os princípios de religião, desenvolvimento econômico e gozo dos sen­tidos. Como se explica no Śrīmad-Bhāgavatam (1.2.9), dharmasya hy āpavargyasya nārtho ’rthāyopakalpate: “Todos os deveres ocupacionais destinam-se certamente à liberação última. Nunca devem ser executados em troca de ganho material.” Aqueles na vida em família não devem pensar que a religião se presta a melhorar o processo de gozo sensorial dos membros fa­miliares. A vida familiar também se destina a conceder avanço em com­preensão espiritual, através do qual alguém pode finalmente se libertar das garras materiais. Deve-se permanecer na vida familiar com o propósito de compreender a meta última da vida (tattva jijñāsā). Então, a vida familiar estará em nível de igualdade com a vida do yogī. Kaśyapa Muni, portanto, indagou de sua esposa se os princípios da religião, do desenvolvimento econômico e do gozo dos sentidos estavam sendo devidamente seguidos em termos dos preceitos dos śāstras. Logo que alguém se desvia dos preceitos dos śāstras, o propósito da vida familiar imediatamente se torna confuso e se perde.

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