VERSO 28
tat-pāda-śaucaṁ jana-kalmaṣāpahaṁ
sa dharma-vin mūrdhny adadhāt sumaṅgalam
yad deva-devo giriśaś candra-maulir
dadhāra mūrdhnā parayā ca bhaktyā
tat-pāda-śaucam — a água que lavara os pés de lótus do Senhor; jana-kalmaṣa-apaham — que elimina todas as reações pecaminosas das pessoas em geral; saḥ — ele (Bali Mahārāja); dharma-vit — bastante inteirado dos princípios religiosos; mūrdhni — sobre a cabeça; adadhāt — carregava; su-maṅgalam — auspiciosíssimo; yat — o qual; deva-devaḥ — o melhor dos semideuses; giriśaḥ — senhor Śiva; candra-mauliḥ — que carrega em sua testa o emblema da Lua; dadhāra — carregou; mūrdhnā — sobre a cabeça; parayā — suprema; ca — também; bhaktyā — com devoção.
O senhor Śiva, o melhor dos semideuses, que carrega em sua testa o emblema da Lua, recebe sobre sua cabeça, com grande devoção, a água do Ganges que emana do dedão do pé de Viṣṇu. Inteirado dos princípios religiosos, Bali Mahārāja sabia disso. Consequentemente, seguindo os passos do senhor Śiva, ele também colocou sobre sua cabeça a água que lavara os pés de lótus do Senhor.
SIGNIFICADO—O senhor Śiva é conhecido como Gaṅgā-dhara, ou aquele que carrega a água do Ganges sobre a sua cabeça. Sobre a testa do senhor Śiva, encontra-se o emblema da meia-lua, mas, para prestar completo respeito à Suprema Personalidade de Deus, o senhor Śiva colocou a água do Ganges acima desse emblema. Esse exemplo deve ser seguido por todos, ou pelo menos por todo devoto, pois o senhor Śiva é um dos mahājanas. De modo semelhante, Mahārāja Bali mais tarde também se tornou um mahājana. Um mahājana segue outro mahājana, e, seguindo o sistema paramparā das atividades dos mahājanas, pode-se avançar em consciência espiritual. A água do Ganges é santificada porque emana do dedo do pé do Senhor Viṣṇu. Bali Mahārāja lavou os pés de Vāmanadeva, e a água com a qual ele fez isso se tornou igual ao Ganges. Bali Mahārāja, que conhecia perfeitamente bem todos os princípios religiosos, colocou então aquela água sobre a sua cabeça, seguindo os passos do senhor Śiva.