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VERSO 21

śrī-bhagavān uvāca
yāvanto viṣayāḥ preṣṭhās
tri-lokyām ajitendriyam
na śaknuvanti te sarve
pratipūrayituṁ nṛpa

śrī-bhagavān uvāca — a Suprema Personalidade de Deus disse; yāvantaḥ — tanto quanto possível; viṣayāḥ — os objetos de gozo dos sentidos; preṣṭhāḥ — agradáveis a qualquer pessoa; tri-lokyām — dentro desses três mundos; ajita-indriyam — uma pessoa que não é autocontrolada; na śaknuvanti — são incapazes; te — todos aqueles; sarve — reunidos; pratipūrayitum — de satisfazer; nṛpa — ó rei.

A Personalidade de Deus disse: Ó meu querido rei, nem mesmo a totalidade do que quer que exista dentro dos três mundos capaz de satisfazer os sentidos de alguém pode satisfazer aquele cujos sen­tidos são descontrolados.

SIGNIFICADO—O mundo material é uma energia ilusória que desvia as entidades vivas do caminho da autorrealização. Todo aquele que vive dentro deste mundo material está sempre extremamente ansioso por conseguir situa­ções cada vez melhores, capazes de lhe conceder o gozo dos sentidos. Na verdade, entretanto, o propósito da vida não é o gozo dos sentidos, mas a autorrealização. Portanto, àqueles que se entregam ao gozo dos sentidos, aconselha-se que pratiquem o sistema de yoga místico, ou o sistema de aṣṭāṅga-yoga, que consiste em yama, niyama, āsana, prāṇāyāma, pratyāhāra e assim por diante. Dessa maneira, podem-se controlar os sentidos. O propósito de alguém controlar os sentidos é que ele possa extinguir sua sujeição ao ciclo de nascimentos e mortes. Como afirma Ṛṣabhadeva:

nūnaṁ pramattaḥ kurute vikarma
yad indriya-prītaya āpṛṇoti
na sādhu manye yata ātmano ’yam
asann api kleśada āsa dehaḥ

“Ao considerar que o gozo dos sentidos é a meta da vida, com certeza a pessoa fica louca por vida materialista e ocupa-se em toda espécie de atividades pecaminosas. Ela não sabe que, devido a seus erros passados, já recebeu um corpo que, embora temporário, é a causa de seu sofrimento. Na verdade, a entidade viva não precisaria re­ceber nenhum corpo material, mas, para obter gozo dos sentidos, ela ganhou um corpo material. Portanto, acho que não é digno de um homem inteligente envolver-se de novo em atividades de gozo dos sentidos devido às quais continuará perpetuamente recebendo corpos materiais, um após o outro.” (Śrīmad-Bhāgavatam 5.5.4)

Logo, de acordo com Ṛṣabhadeva, os seres humanos neste mundo material são exatamente como pessoas insanas ocupadas em atividades que não lhes convêm executar, apesar do que as executam apenas para tentar satisfazer seus sentidos. Essas atividades não são vantajosas porque, através delas, a pessoa cria outro corpo, que receberá em sua próxima vida como uma punição consequente às suas atividades nefárias. E logo que obtém outro corpo material, ela se submete a repetidos sofrimentos na exis­tência material. Portanto, a cultura védica ou a cultura bramânica ensina que a pessoa deve contentar-se com as necessidades mínimas da vida.

Para ensinar essa cultura superior, recomenda-se que se adote o varṇāśrama-dharma. A meta das divisões do varṇāśrama – brāhmaṇa, kṣatriya, vaiśya, śūdra, brahmacarya, gṛhastha, vānaprastha e sannyāsa – é treinar a pessoa a controlar os sentidos e a aprender a contentar-se com as necessidades básicas. Aqui, o Senhor Vāmana­deva, como um brahmacārī ideal, recusa-Se a receber de Bali Mahā­rāja a oferta através da qual este propõe dar ao Senhor tudo o que Ele desejar. Ele diz que, sem contentamento, ninguém pode ser feliz, nem mesmo alguém que possua o mundo inteiro ou o universo inteiro. Na sociedade humana, portanto, a cultura bramânica, a cultura kṣatriya e a cultura vaiśya devem ser mantidas, e a população deve aprender a ficar satisfeita somente com aquilo de que precisa. Na ci­vilização moderna, não existe semelhante educação; todos tentam possuir mais e mais, e todos estão insatisfeitos e infelizes. O movimento da consciência de Kṛṣṇa, portanto, está estabelecendo várias fazen­das, especialmente nos Estados Unidos, para mostrar como se pode ser feliz e contente satisfazendo as necessidades mínimas da vida e poupando tempo para a autorrealização, que é muito facilmente aces­sível através do canto do mahā-mantra – Hare Kṛṣṇa, Hare Kṛṣṇa, Kṛṣṇa Kṛṣṇa, Hare Hare/ Hare Rāma, Hare Rāma, Rāma Rāma, Hare Hare.

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