VERSO 4
dhātuḥ kamaṇḍalu-jalaṁ tad urukramasya
pādāvanejana-pavitratayā narendra
svardhuny abhūn nabhasi sā patatī nimārṣṭi
loka-trayaṁ bhagavato viśadeva kīrtiḥ
dhātuḥ — do senhor Brahmā; kamaṇḍalu-jalam — a água do kamaṇḍalu; tat — aquela; urukramasya — do Senhor Viṣṇu; pāda-avanejana-pavitratayā — devido ao fato de lavar os pés de lótus do Senhor Viṣṇu e, assim, ser transcendentalmente pura; nara-indra — ó rei; svardhunī — o rio chamado Svardhunī, do mundo celestial; abhūt — tornou-se então; nabhasi — no espaço exterior; sā — aquela água; patatī — descendo; nimārṣṭi — purificando; loka-trayam — os três mundos; bhagavataḥ — da Suprema Personalidade de Deus; viśadā — tão purificada; iva — assim como; kīrtiḥ — a fama ou as atividades gloriosas.
Ó rei, a água do kamaṇḍalu do senhor Brahmā lavou os pés de lótus do Senhor Vāmanadeva, que é conhecido como Urukrama, aquele cujas atividades são maravilhosas. Assim, essa água se tornou tão pura que se transformou na água do Ganges, que desceu do céu e, tal qual a imaculada fama da Suprema Personalidade de Deus, serviu para purificar os três mundos.
SIGNIFICADO—Aqui, compreendemos que o Ganges surgiu quando a água do kamaṇḍalu do senhor Brahmā lavou os pés de lótus do Senhor Vāmanadeva. No quinto canto, porém, afirma-se que o Ganges começou quando o pé esquerdo de Vāmanadeva perfurou a cobertura do universo e, então, a água transcendental do Oceano Causal insinuou-se pelo orifício formado. E, em outra passagem, afirma-se também que o Senhor Nārāyaṇa apareceu como a água do Ganges. A água do Ganges, portanto, é uma combinação de três águas transcendentais, daí o Ganges ser capaz de purificar os três mundos. Essa é a descrição dada por Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura.