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VERSO 48

yat-sevayāgner iva rudra-rodanaṁ
pumān vijahyān malam ātmanas tamaḥ
bhajeta varṇaṁ nijam eṣa so ’vyayo
bhūyāt sa īśaḥ paramo guror guruḥ

yat-sevayā — a Suprema Personalidade de Deus, servindo a quem; agneḥ — em contato com o fogo; iva — como ela é; rudra-rodanam — uma barra de prata ou ouro purifica-se; pumān — uma pessoa; vijahyāt — pode abandonar; malam — todas as impurezas da existência material; ātmanaḥ — do seu próprio eu; tamaḥ — o modo da ignorân­cia, devido ao qual a pessoa realiza atividades piedosas ou ímpias; bhajeta — pode reviver; varṇam — sua identidade original; nijam — sua própria; eṣaḥ — essa; saḥ — Ele; avyayaḥ — inexaurível; bhūyāt — que Ele Se torne; saḥ — Ele; īśaḥ — a Suprema Personalidade de Deus; paramaḥ — supremo; guroḥ guruḥ — o mestre espiritual de todos os outros mestres espirituais.

Aquele que deseja livrar-se do enredamento material deve adotar o serviço à Suprema Personalidade de Deus e abandonar a contami­nação da ignorância, relacionada com atividades piedosas ou ímpias. Assim, pode-se recuperar a identidade original, do mesmo modo que uma barra de ouro ou prata expele toda a sujeira e purifica-se quando é submetida ao fogo. Que essa inexaurível Suprema Perso­nalidade de Deus torne-Se nosso mestre espiritual, pois Ele é o mestre espiritual original de todos os outros mestres espirituais.

SIGNIFICADONa vida humana, é fundamental que a pessoa pratique austeridades para purificar sua existência. Tapo divyaṁ putrakā yena sattvaṁ śuddhyet. Devido às contaminações dos modos da natureza material, continua-se no ciclo de nascimentos e mortes (kāraṇaṁ guṇa-saṅgo ’sya sad-asad-yoni janmasu). Portanto, o propósito do ser humano é purificar-se dessa contaminação para que ele possa recuperar sua forma espiritual e não continuar se submetendo a esse ciclo de nas­cimentos e mortes. O processo recomendado de descontaminação é o serviço devocional ao Senhor. Existem vários processos de autorrea­lização, tais como karma, jñāna e yoga, mas nenhum deles é igual ao processo de serviço devocional. Assim como o ouro e a prata podem livrar-se de toda a contaminação ao passarem pelo fogo, e não quando são apenas lavados, do mesmo modo, a entidade viva pode recuperar sua verdadeira identidade realizando serviço devocio­nal (yat-sevayā), mas não entregando-se a karma, jñāna ou yoga. O cultivo de conhecimento espiritual especulativo ou a prática de gi­násticas ióguicas não serão de nenhuma valia.

A palavra varṇam refere-se ao brilho da identidade original pessoal. O brilho original do ouro ou da prata é refulgente. Do mesmo modo, o brilho original do ser vivo, que é parte do sac-cid-ānanda-vigraha, é o brilho de ānanda, ou prazer. Ānandamayo ’bhyāsāt. Toda enti­dade viva tem o direito de se tornar ānandamaya, alegre, porque é parte de sac-cid-ānanda-vigraha, Kṛṣṇa. Por que o ser vivo deveria submeter-se às tribulações provocadas pela contaminação nos modos da natureza material? A entidade viva deve purificar-se e reaver o seu svarūpa, sua identidade original. Isso ela pode conseguir somente através do serviço devocional. Portanto, devem-se acatar as instru­ções da Suprema Personalidade de Deus, que é aqui descrito como guror guruḥ, o mestre espiritual de todos os outros mestres espirituais.

Muito embora talvez não tenhamos a fortuna de entrar em conta­to direto com o Senhor Supremo, o representante do Senhor é como o próprio Senhor porque tal representante fala somente aquilo que foi proferido pela Suprema Personalidade de Deus. Śrī Caitanya Mahāprabhu, portanto, define o que é um guru. Yāre dekha, tāre kaha ‘kṛṣṇa’-upadeśa: o guru genuíno é aquele que aconselha seus discípulos exatamente como ditam os princípios proferidos por Kṛṣṇa. O guru genuíno é aquele que aceitou Kṛṣṇa como guru. Esse é o sistema guru-paramparā. O guru original é Vyāsadeva porque ele é o orador da Bhagavad-gītā e do Śrīmad-Bhāgavatam, onde tudo o que se fala está relacionado com Kṛṣṇa. Portanto, o guru-pūjā é co­nhecido como Vyāsa-pūjā. Em última análise, o guru original é Kṛṣṇa, Seu discípulo é Nārada, cujo discípulo é Vyāsa, e, dessa ma­neira, pouco a pouco entramos em contato com o guru-paramparā. Não pode tornar-se guru quem não sabe o que a Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, ou Sua encarnação desejam. A missão do guru é a missão da Suprema Personalidade de Deus: espalhar a consciência de Kṛṣṇa por todo o mundo.

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