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VERSO 12

namaḥ śāntāya ghorāya
mūḍhāya guṇa-dharmiṇe
nirviśeṣāya sāmyāya
namo jñāna-ghanāya ca

namaḥ — todas as reverências; śāntāya — àquele que está acima de todas as qualidades materiais e é completamente pacífico, ou a Vāsudeva, a Superalma de toda entidade viva; ghorāya — às formas ferozes do Senhor, tais como Jāmadagnya e Nṛsiṁhadeva; mūḍhāya — a forma do Senhor como um animal, tal como o javali; guṇa-dharmiṇe — que aceita diferentes qualidades dentro do mundo material; nir­viśeṣāya — que, sendo inteiramente espiritual, não tem qualidades materiais; sāmyāya — senhor Buddha, a forma de nirvāṇa, onde as qualidades materiais cessam; namaḥ — ofereço minhas respeitosas reverências; jñāna-ghanāya — que é o conhecimento ou o Brahman impessoal; ca — também.

Ofereço minhas respeitosas reverências ao Senhor Vāsudeva, que é onipenetrante; à atemorizante forma do Senhor Nṛsiṁhadeva; ao Senhor manifesto sob a forma de um animal [Senhor Varāhadeva]; ao Senhor Dattātreya, que pregou o impersonalismo; ao senhor Buddha e a todas as outras encarnações. Ofereço minhas respeitosas reverências ao Senhor, que, embora não tenha qualidades materiais, aceita as três qualidades de bondade, paixão e ignorância presentes neste mundo material. Ofereço, também, minhas respeitosas reverên­cias à refulgência Brahman impessoal.

SIGNIFICADO—Nos versos anteriores, descreveu-se que, embora não tenha forma material, a Suprema Personalidade de Deus aceita inúmeras formas para favorecer Seus devotos e matar os demônios. Como se afirma no Śrīmad-Bhāgavatam, são tantas as encarnações da Suprema Personalidade de Deus que elas se comparam às ondas de um rio. As ondas de um rio fluem incessantemente, e ninguém pode contar-lhe o total. Igualmente, ninguém pode calcular quando e como as diferentes encarnações do Senhor aparecem de acordo com as necessidades produzidas por tempo, lugar e pessoas. O Senhor aparece perpetuamente. Como Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā (4.7):

yadā yadā hi dharmasya
glānir bhavati bhārata
abhyutthānam adharmasya
tadātmānaṁ sṛjāmy aham

“Sempre e onde quer que haja um declínio na prática religiosa, ó descendente de Bharata, e um aumento predominante de irreligião – nesse momento, Eu próprio desço.” No mundo material, sempre surgem ocasiões em que a pessoa está inclinada a executar atividades contrárias à consciência de Kṛṣṇa, e, portanto, Kṛṣṇa e Seus de­votos sempre agem de várias formas para encerrarem esse ateísmo.

Mesmo os impersonalistas, que enfatizam o aspecto em que a Su­prema Personalidade de Deus manifesta-Se como o conhecimento, querem imergir na refulgência do Senhor. Portanto, a palavra jñāna-­ghanāya aqui usada indica que, para os ateístas que não acreditam na forma nem na existência do Senhor, todas essas várias encarnações aparecem. Uma vez que o Senhor vem para ensi­nar de muitas formas, ninguém pode dizer que Deus não existe. A palavra jñāna-ghanāya é especialmente utilizada aqui a fim de indicar aquelas pessoas cujo conhecimento se solidificou graças ao fato de bus­carem o Senhor através da compreensão filosófica especulativa. O conhecimento superficial é inútil para alguém compreender a Suprema Personalidade de Deus, mas, quando o conhecimento se torna extremamente intenso e profundo, entende-se Vāsudeva (vāsudevaḥ sarvam iti sa mahātmā sudurlabhaḥ). O jñānī alcança essa etapa após muitos e muitos nascimentos. Portanto, utiliza-se aqui a palavra jñāna-ghanāya. A palavra śāntāya indica que o Senhor Vāsudeva está situado no coração de todos, mas não age com a entidade viva. Os jñānīs impersonalistas compreendem Vāsudeva quando estão plenamente maduros em conhecimento (vāsudevaḥ sarvam iti sa mahātmā sudurlabhaḥ).

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