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VERSO 14

sarvendriya-guṇa-draṣṭre
sarva-pratyaya-hetave
asatā cchāyayoktāya
sad-ābhāsāya te namaḥ

sarva-indriya-guṇa-draṣṭre — ao vidente de todos os objetivos almejados pelos sentidos; sarva-pratyaya-hetave — que é a solução de todas as dúvidas (e sem cuja ajuda ninguém pode solucionar nenhuma de suas dúvidas e incapacidades); asatā — com a manifestação da irrealidade ou ilusão; chāyayā — devido à semelhança; uktāya — chama­do; sat — de realidade; ābhāsāya — ao reflexo; te — a Vós; namaḥ — ofereço minhas respeitosas reverências.

Meu Senhor, sois o observador de todos os objetivos dos sentidos. Sem Vossa misericórdia, não há possibilidade de resolvermos o problema das dúvidas. O mundo material é exatamente como uma sombra que se assemelha a Vós. Na verdade, aceita-se este mundo material como real porque ele concede um indicativo de Vossa existência.

SIGNIFICADO—Para parafrasear este verso: “Os objetivos das atividades senso­riais são de fato observados por Vós. Sem Vossa orientação, a enti­dade viva não pode sequer dar um passo adiante. Como se confirma na Bhagavad-gītā (15.15), sarvasya cāhaṁ hṛdi sanniviṣṭo mattaḥ smṛtir jñānam apohanaṁ ca: Estais situado no coração de todos, e é unicamente de Vós que vem a lembrança e o esquecimento. Chāyeva yasya bhuvanāni bibharti durgā. Nas garras de māyā, a en­tidade viva quer desfrutar deste mundo material, mas, a menos que lhe deis orientação e lembrança, ela não pode avançar na busca do sombrio objetivo de sua vida. Vida após vida, a alma condicio­nada se esforça por alcançar um objetivo errado, e Vós fazeis com que ela se lembre desse objetivo. Em uma determinada vida, a alma condicionada deseja progredir rumo a um certo objetivo, mas, depois que o corpo muda, ela se esquece de tudo. Entretanto, meu Senhor, porque ela quis desfrutar de algo deste mundo, então, em seu próximo nascimento, fazeis com que ela se recorde disso. Mattaḥ smṛtir jñānam apohanaṁ ca. Porque a alma condicionada deseja esquecer-se de Vós, podeis, por Vossa graça, dar-lhe oportunidades através das quais, vida após vida, ela conseguirá esquecer-se de Vós quase perpetuamente. Portanto, sois o eterno orientador das almas condi­cionadas. Porque sois a causa da qual tudo se origina, tudo parece real. A realidade última é Vossa Onipotência, a Suprema Personali­dade de Deus. Ofereço-Vos minhas respeitosas reverências.­”

A expressão sarva-pratyaya-hetave é explicada por Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura, que diz que o efeito nos dá um vislumbre de sua causa. Por exemplo, uma vez que um pote de barro é o resultado da atividade de um oleiro, pode-se inferir a existência do oleiro vendo o pote de barro. Igualmente, este mundo material se assemelha ao mundo espiritual, e qualquer pessoa inteligente pode imaginar como ele está agindo. Como se explica na Bhagavad-gītā, mayādhyakṣeṇa prakṛtiḥ sūyate sa-carācaram. As atividades do mundo mate­rial sugerem que, atrás delas, está a superintendência do Senhor.

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