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VERSO 17

mādṛk prapanna-paśu-pāśa-vimokṣaṇāya
muktāya bhūri-karuṇāya namo ’layāya
svāṁśena sarva-tanu-bhṛn-manasi pratīta-
pratyag-dṛśe bhagavate bṛhate namas te

mādṛk — como eu; prapanna — rendido; paśu — um animal; pāśa — do enredamento; vimokṣaṇāya — a Ele que liberta; muktāya — o Supremo, que não é tocado pela contaminação da natureza material; bhūri-karuṇāya — que sois ilimitadamente misericordioso; namaḥ — ofereço minhas respeitosas reverências; alayāya — nunca desatento ou ocioso (porque quereis a minha liberação); sva-aṁśena — através de Vosso aspecto parcial de Paramātmā; sarva — de todas; tanu-bhṛt — as entidades vivas corporificadas na natureza material; manasi — na mente; pratīta — que sois reconhecido; pratyak-dṛśe — como o próprio observador (de todas as atividades); bhagavate — à Suprema Personalidade de Deus; bṛhate — que sois ilimitado; namaḥ — ofereço minhas respeitosas reverências; te — a Vós.

Uma vez que um animal como eu se rendeu a Vós, que sois supremamente liberado, decerto me tirareis desta posição perigosa. Na verdade, sendo muitíssimo misericordioso, tentais libertar-me incessantemente. Através de Vosso aspecto parcial de Paramātmā, estais situado no coração de todos os seres corporificados. Sois louvado como o conhecimento transcendental direto, e sois ilimitado. Ofereço-Vos minhas respeitosas reverências, ó Suprema Personalidade de Deus!

SIGNIFICADO—As palavras bṛhate namas te foram explicadas por Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura: bṛhate śrī-kṛṣṇāya. A Suprema Personali­dade de Deus é Kṛṣṇa. Existem muitos tattvas, tais como viṣṇu-tattva, jīva-tattva e śakti-tattva, mas, acima de tudo, está o viṣṇu-tattva, que é onipenetrante. Esse aspecto todo-penetrante da Suprema Personalidade de Deus é explicado na Bhagavad-gītā (10.42), onde o Senhor diz:

athavā bahunaitena
kiṁ jñātena tavārjuna
viṣṭabhyāham idaṁ kṛtsnam
ekāṁśena sthito jagat

“Mas qual é a necessidade, Arjuna, de todo esse conhecimento minucioso? Com um simples fragmento de Mim mesmo, Eu penetro e sustento todo este universo.” Portanto, Kṛṣṇa diz que todo o mundo material é mantido por Sua representação parcial de Paramātmā. O Senhor entra em todo universo como Garbhodakaśāyī Viṣṇu e, então, expande-Se como Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu para entrar no coração de todas as entidades vivas e para entrar inclusive nos átomos. Aṇḍāntara-stha-paramāṇu-cayāntara-stham. Todo o universo está cheio de átomos, e o Senhor não está apenas dentro do universo, mas também dentro dos átomos. Assim, dentro de todo átomo, o Senhor Supremo existe sob Seu aspecto Viṣṇu manifesto como Param­ātmā, mas todos os viṣṇu-tattvas emanam de Kṛṣṇa. Como se confirma na Bhagavad-gītā (10.2), aham ādir hi devānām: Kṛṣṇa é o ādi, ou começo, dos devas deste mundo material – Brahmā, Viṣṇu e Maheśvara. Portanto, Ele é descrito aqui como bhagavate bṛhate. Todos são bhagavān – todos possuem opulência –, mas Kṛṣṇa é bṛhān bhagavān, o possuidor de opulências ilimitadas. Īśvaraḥ paramaḥ kṛṣṇaḥ. Kṛṣṇa é a origem de todos. Ahaṁ sarvasya prabha­vaḥ. Mesmo Brahmā, Viṣṇu e Maheśvara vêm de Kṛṣṇa. Mattaḥ parataraṁ nānyat kiñcid asti dhanañjaya: não há personalidade superior a Kṛṣṇa. Portanto, Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura diz que bhagavate bṛhate significa “a Śrī Kṛṣṇa”.

Devido ao conceito de vida corporal, neste mundo material todos são paśu, animais.

yasyātma-buddhiḥ kuṇape tri-dhātuke
sva-dhīḥ kalatrādiṣu bhauma ijya-dhīḥ
yat tīrtha-buddhiḥ salile na karhicij
janeṣv abhijñeṣu sa eva go-kharaḥ

“O ser humano que identifica com o eu o corpo feito de três elementos, que considera como sendo seus parentes os subprodutos do corpo, que considera adorável a terra natal e que vai a um lugar de peregrinação simplesmente para se banhar nele em vez de se en­contrar com homens de conhecimento transcendental deve ser considerado como uma vaca ou um asno.” (Śrīmad-Bhāgavatam 10.84.13) Pratica­mente todas as pessoas são paśu, animais, e todos são atacados pelo crocodilo da existência material. Não apenas o rei dos elefantes, mas todos nós estamos sendo atacados pelo crocodilo e sofrendo as consequências.

Somente Kṛṣṇa pode libertar-nos desta existência material. Na verdade, Ele sempre está tentando libertar-nos. Īśvaraḥ sarva-bhūtānāṁ hṛd-deśe ’rjuna tiṣṭhati. Ele está dentro de nosso coração e não está nem um pouco desatento. Seu único objetivo é nos libertar da existência material. Não se deve pensar que Ele nos dedica Sua atenção apenas quando Lhe oferecemos orações. Mesmo antes de Lhe oferecermos nossas orações, Ele incessantemente tenta li­bertar-nos. Ele nunca é apático no que diz respeito à nossa libera­ção. Portanto, este verso diz: bhūri-karuṇāya namo ’layāya. É por Sua misericórdia imotivada que o Senhor Supremo sempre tenta levar-nos de volta ao lar, de volta ao Supremo. Deus é liberado, e Ele tenta nos tornar liberados, mas, embora Ele esteja constante­mente tentando isso, recusamo-nos a aceitar Suas instruções. (Sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja). Contudo, não é por causa disso que Ele ficará irado. Portanto, Ele é aqui descrito como bhūri-karuṇāya, ilimitadamente misericordioso e disposto a nos libertar da dolorosa condição de vida material e nos levar­ de volta ao lar, de volta ao Supremo.

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