VERSO 29
nāyaṁ veda svam ātmānaṁ
yac-chaktyāhaṁ-dhiyā hatam
taṁ duratyaya-māhātmyaṁ
bhagavantam ito ’smy aham
na — não; ayam — pessoas em geral; veda — conhecem; svam — própria; ātmānam — identidade; yat-śaktyā — por cuja influência; aham — sou independente; dhiyā — por esta inteligência; hatam — derrotadas ou cobertas; tam — a Ele; duratyaya — dificilmente entendidas; māhātmyam — cujas glórias; bhagavantam — da Suprema Personalidade de Deus; itaḥ — aceitando o refúgio; asmi aham — estou.
Ofereço minhas respeitosas reverências à Suprema Personalidade de Deus. Sob o influxo de Sua energia ilusória, a jīva, que é parte integrante de Deus, esquece-se de sua verdadeira identidade devido ao conceito de vida corpórea. Refugio-me na Suprema Personalidade de Deus, cujas glórias dificilmente são entendidas.
SIGNIFICADO—Como se afirma na Bhagavad-gītā, toda entidade viva – quer nos refiramos a um ser humano, semideus, besta, pássaro, abelha ou o que quer que seja – é parte integrante da Suprema Personalidade de Deus. O Senhor e a entidade viva estão intimamente relacionados como pai e filho. Infelizmente, devido ao contato material, a entidade viva se esquece disso e, julgando-se independente, traça os seus próprios planos, através dos quais procura desfrutar deste mundo material. Essa ilusão (māyā) é muito difícil de alguém superar. Porque tem o desejo de se esquecer da Suprema Personalidade de Deus e de fazer seu próprio plano para desfrutar deste mundo material, a entidade viva fica sob a cortina de māyā. Enquanto persistir essa contaminação, a alma condicionada será incapaz de entender sua verdadeira identidade e continuará perpetuamente sob essa ilusão, vida após vida. Ato gṛha-kṣetra-sutāpta-vittair janasya moho ’yam ahaṁ mameti. (Śrīmad-Bhāgavatam 5.5.8) Enquanto não se iluminar de modo a entender sua verdadeira posição, a entidade viva se sentirá atraída pela vida material, pelo lar, pelo país ou pelo campo, pela sociedade, pelos filhos, família, comunidade, saldo bancário e assim por diante. Coberta por tudo isso, ela continuará pensando: “Eu sou este corpo, e tudo relacionado com este corpo é meu.” Esse conceito de vida material é extremamente difícil de ser superado, mas quem segue o exemplo de Gajendra, o rei dos elefantes, e se rende à Suprema Personalidade de Deus chega à iluminação encontrada na plataforma Brahman.
brahma-bhūtaḥ prasannātmā
na śocati na kāṅkṣati
samaḥ sarveṣu bhūteṣu
mad-bhaktiṁ labhate parām
“Aquele que está situado nessa posição transcendental compreende de imediato o Brahman Supremo e torna-se completamente feliz. Ele nunca se lamenta nem deseja ter nada, e é equânime para com todas as entidades vivas. Nesse estado, ele passa a Me prestar serviço devocional puro.” (Bhagavad-gītā 18.54) Como está na perfeita plataforma Brahman, o devoto não tem inveja de nenhuma outra entidade viva (samaḥ sarveṣu bhūteṣu).