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VERSO 27

ete vai maithilā rājann
ātma-vidyā-viśāradāḥ
yogeśvara-prasādena
dvandvair muktā gṛheṣv api

ete — todos eles; vai — na verdade; maithilāḥ — os descendentes de Mithila; rājan — ó rei; ātma-vidyā-viśāradāḥ — hábeis no conhecimento espiritual; yogeśvara-prasādena — pela graça de Yogeśvara, a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa; dvandvaiḥ muktāḥ — todos eles esta­vam livres da dualidade existente no mundo material; gṛheṣu api — embora vivessem no lar.

Śukadeva Gosvāmī disse: Meu querido rei Parīkṣit, todos os reis da dinastia de Mithila conheciam por completo sua identidade espi­ritual. Portanto, muito embora vivessem no lar, estavam livres da dualidade presente na existência material.

SIGNIFICADOEste mundo material chama-se dvaita, ou dualidade. O Caitanya­-caritāmṛta (Antya 4.176) diz:

‘dvaite’ bhadrābhadra-jñāna, saba — ‘manodharma’
‘ei bhāla, ei manda,’ — ei saba ‘bhrama’

No mundo das dualidades – isto é, no mundo material –, os ditos bem e mal são a mesma coisa. Neste mundo, portanto, distinguir entre bom e ruim, felicidade e aflição, não faz o menor sentido, visto que um e outro são invenções mentais (manodharma). Porque tudo aqui é doloroso e problemático, criar uma situação artificial e ficar fingindo que ela é plena de felicidade é mera ilusão. A pessoa liberada, estando acima da influência exercida pelos três modos da natureza material, em nenhuma circunstância deixa-se afetar por essas dualidades. Ela permanece consciente de Kṛṣṇa, to­lerando a aparente felicidade e infelicidade. Também se confirma isso na Bhagavad-gītā (2.14):

mātrā-sparśās tu kaunteya
śītoṣṇa-sukha-duḥkhadāḥ
āgamāpāyino ’nityās
tāṁs titikṣasva bhārata

“Ó filho de Kuntī, o aparecimento transitório de felicidade e aflição, bem como o seu desaparecimento no devido tempo, são como o aparecimento e desaparecimento das estações de inverno e verão. Surgem da percepção sensorial, ó descendente de Bharata, e é preciso aprender a tolerá-los sem se perturbar.” Aqueles que são liberados, estando na plataforma em que se presta serviço ao Senhor, não se importam com a aparente felicidade e aflição. Eles sabem que esses eventos são como as mudanças das estações, que são perceptíveis devido ao contato com o corpo material. A felicidade e a infe­licidade vêm e vão. Portanto, o paṇḍita, o homem erudito, não se importa com elas. Como se declara: gatāsūn agatāsūṁś ca nānuśocanti paṇḍitāḥ. Como é um monte de matéria, o corpo está morto desde o início. Ele não tem sentimentos de felicidade e aflição. Porque está no conceito de vida corpórea, a alma dentro do corpo passa por fe­licidade e aflição, mas essas sensações vêm e vão. Nesta passagem, compreende-se que os reis nascidos na dinastia de Mithila eram todos liberados, não afetados pela aparente felicidade e infelicidade deste mundo.

Neste ponto, encerram-se os Significados Bhaktivedanta do nono canto, décimo terceiro capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, intitulado “A Dinastia de Mahārāja Nimi”.

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