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CAPÍTULO TREZE

A Dinastia de Mahārāja Nimi

Este capítulo descreve a dinastia na qual o grandioso e erudito sábio Janaka nasceu. Trata-se da dinastia de Mahārāja Nimi, que dizem ser filho de Ikṣvāku.

Ao dar início à realização de grandes sacrifícios, Mahārāja Nimi designou Vasiṣṭha para sacerdote principal, mas Vasiṣṭha recusou, pois já concordara em ser o sacerdote que realizaria um yajña para o senhor Indra. Vasiṣṭha, portanto, pediu que Mahārāja Nimi espe­rasse até o término do sacrifício organizado pelo senhor Indra, mas Mahārāja Nimi não esperou. Ele pensou: “Porque a vida é muito curta, não há motivos para esperar”. Então, escolheu outro sacerdote para realizar o yajña. Vasiṣṭha ficou muito irado contra o rei Nimi e o amaldiçoou com as seguintes palavras: “Que o teu corpo desmo­rone.” Recebendo essa maldição, Mahārāja Nimi, por sua vez, ficou muito irado, e revidou, dizendo: “Que o teu corpo também desmo­rone.” Como resultado dessas maldições mútuas, ambos morreram. Após esse episódio, Vasiṣṭha voltou a nascer, tendo sido gerado por Mitra e Varuṇa, que ficaram agitados com Urvaśī.

Os sacerdotes que se ocuparam no sacrifício do rei Nimi preservaram o corpo de Nimi em substâncias químicas perfumadas. Termi­nado o sacrifício, os sacerdotes oraram a todos os semideuses que haviam comparecido à arena do yajña, pedindo-lhes que restituíssem a vida de Nimi, mas Mahārāja Nimi recusou-se a nascer novamente em um corpo material porque considerava desprezível o corpo material. Os grandes sábios, então, agitaram intensamente o corpo de Nimi, e, como resultado disso, nasceu Janaka.

O filho de Janaka foi Udāvasu, cujo filho foi Nandivardhana. O filho de Nandivardhana foi Suketu, e seus descendentes apareceram na seguinte sequência: Devarāta, Bṛhadratha, Mahāvīrya, Sudhṛti, Dhṛṣṭaketu, Haryaśva, Maru, Pratīpaka, Kṛtaratha, Devamīḍha, Viśruta, Mahādhṛti, Kṛtirāta, Mahāromā, Svarṇaromā, Hrasvaromā e Śīradhvaja. Toda essa prole surgiu consecutivamente na dinas­tia. De Śīradhvaja, nasceu mãe Sītādevī. O filho de Śīradhvaja foi Kuśadhvaja, cujo filho foi Dharmadhvaja. Os filhos de Dharma­dhvaja foram Kṛtadhvaja e Mitadhvaja. O filho de Kṛtadhvaja foi Keśidhvaja, e o filho de Mitadhvaja foi Khāṇḍikya. Keśidhvaja foi uma alma autorrealizada, e seu filho foi Bhānumān, cujos descen­dentes foram os seguintes: Śatadyumna, Śuci, Sanadvāja, Ūrjaketu, Aja, Purujit, Ariṣṭanemi, Śrutāyu, Supārśvaka, Citraratha, Kṣemādhi, Samaratha, Satyaratha, Upaguru, Upagupta, Vasvananta, Yuyudha, Subhāṣaṇa, Śruta, Jaya, Vijaya, Ṛta, Śunaka, Vītahavya, Dhṛti, Bahulāśva, Kṛti e Mahāvaśī. Todos esses filhos eram grandes personalidades autocontroladas. Esta é a lista completa de toda a dinastia.

VERSO 1: Śrīla Śukadeva Gosvāmī disse: Após dar início a sacrifícios, Mahārāja Nimi, o filho de Ikṣvāku, pediu que o grande sábio Vasiṣṭha assumisse o posto de sacerdote principal. Naquela ocasião, Vasiṣṭha respondeu: “Meu querido Mahārāja Nimi, já aceitei o mesmo posto em um sacrifício iniciado pelo senhor Indra.”

VERSO 2: “Retornarei aqui após terminar o yajña organizado por Indra. Por favor, espera-me até que eu me exima dessa incumbência.” Mahārāja Nimi ficou calado, e Vasiṣṭha começou a realizar o sacrifício para o senhor Indra.

VERSO 3: Mahārāja Nimi, sendo uma alma autorrealizada, considerou que esta vida é fugaz. Portanto, em vez de ficar esperando por Vasiṣṭha, ele começou a realizar o sacrifício com outros sacerdotes.

VERSO 4: Após realizar o sacrifício para o rei Indra, o mestre espiritual Va­siṣṭha retornou e descobriu que seu discípulo Mahārāja Nimi havia desobedecido às suas instruções. Assim, Vasiṣṭha amaldiçoou-o com as seguintes palavras: “Que o corpo material de Nimi, que se consi­dera um erudito, desmorone imediatamente.”

VERSO 5: Como recebera uma maldição que podia ter sido evitada, visto que ele não cometera nenhuma ofensa, Mahārāja Nimi contra-amaldiçoou seu mestre espiritual: “Com o propósito de receber remuneração do rei dos céus”, disse ele, “perdeste tua inteligência religiosa. Portanto, lanço esta maldi­ção: teu corpo também desmoronará.”

VERSO 6: Após pronunciar essas palavras, Mahārāja Nimi, que era hábil na ciência do conhecimento espiritual, abandonou seu corpo. Vasiṣ­ṭha, o bisavô, também abandonou o seu corpo, mas, através do sêmen que Mitra e Varuṇa ejacularam quando viram Urvaśī, ele nasceu novamente.

VERSO 7: Durante a realização do yajña, o corpo deixado por Mahārāja Nimi foi conservado em substâncias fragrantes, e, no final do Satra-yāga, os grandes santos e brāhmaṇas fizeram o seguinte pedido a todos os semideuses ali reunidos.

VERSO 8: “Se estiverdes satisfeitos com o sacrifício e se realmente fordes ca­pazes de fazê-lo, por favor, trazei Mahārāja Nimi de volta à vida nesse corpo.” Os semideuses concordaram com o pedido dos sábios, mas Mahārāja Nimi disse: “Por favor, não me aprisioneis novamente em um corpo material!”

VERSO 9: Mahārāja Nimi continuou: De um modo geral, os māyāvādīs não querem voltar a aceitar um corpo material porque temem ter de deixá-lo novamente. Mas os devotos cuja inteligência está sempre re­pleta de serviço ao Senhor não têm esse medo. Na verdade, eles tiram proveito do corpo para prestar transcendental serviço amoroso.

VERSO 10: Não desejo aceitar um corpo material, pois, em qualquer parte do universo, tal corpo é fonte de toda aflição, lamentação e medo, assim como o é para um peixe na água, que vive sempre em ansiedade porque tem medo de morrer.

VERSO 11: Os semideuses disseram: Mahārāja Nimi, podes viver sem um corpo material, ou seja, podes viver em um corpo espiritual, como um associado pessoal da Suprema Personalidade de Deus. De acordo com o teu desejo, podes ser manifesto ou imanifesto para as pessoas comuns, materialmente corporificadas.

VERSO 12: Em seguida, para que a população fosse salva do perigo de um governo sem regulação, os sábios agitaram o corpo material de Mahārāja Nimi, do qual, como resultado, nasceu um filho.

VERSO 13: Visto que nasceu de maneira inabitual, o filho foi chamado de Ja­naka, e porque nasceu do corpo morto de seu pai, era conhecido como Vaideha. Como nasceu ao ser batido o corpo material de seu pai, ele era conhecido como Mithila, e porque quando era o rei Mithila construiu uma cidade, a cidade foi chamada Mithilā.

VERSO 14: De Mithila, ó rei Parīkṣit, surgiu um filho chamado Udāvasu; de Udāvasu, Nandivardhana; de Nandivardhana, Suketu, e de Suketu, Devarāta.

VERSO 15: De Devarāta, veio um filho chamado Bṛhadratha e, deste, um filho chamado Mahāvīrya, que se tornou o pai de Sudhṛti. O filho de Sudhṛti era conhecido como Dhṛṣṭaketu, e de Dhṛṣṭaketu veio Harya­śva. De Haryaśva, veio um filho chamado Maru.

VERSO 16: O filho de Maru foi Pratīpaka, e o filho de Pratīpaka foi Kṛtaratha. De Kṛtaratha, veio Devamīḍha; de Devamīḍha, Viśruta, e de Viśruta, Mahādhṛti.

VERSO 17: De Mahādhṛti, nasceu um filho chamado Kṛtirāta; de Kṛtirāta, nasceu Mahāromā; de Mahāromā, veio um filho chamado Svarṇaromā, e de Svarṇaromā, veio Hrasvaromā.

VERSO 18: De Hrasvaromā, veio um filho chamado Śīradhvaja [também cha­mado Janaka]. Quando Śīradhvaja estava arando um campo, da parte dianteira de seu arado [śīra] apareceu uma filha chamada Sītādevī, que, mais tarde, tornou-se a esposa do Senhor Rāmacandra. Assim, ele era conhecido como Śīradhvaja.

VERSO 19: O filho de Śīradhvaja foi Kuśadhvaja, e o filho de Kuśadhvaja foi o rei Dharmadhvaja, que teve dois filhos, a saber, Kṛtadhvaja e Mitadhvaja.

VERSOS 20-21: Ó Mahārāja Parīkṣit, o filho de Kṛtadhvaja foi Keśidhvaja, e o filho de Mitadhvaja foi Khāṇḍikya. O filho de Kṛtadhvaja era peri­to em conhecimento espiritual, e o filho de Mitadhvaja era hábil em cerimônias ritualísticas védicas. Khāṇḍikya fugiu com medo de Keśidhvaja. O filho de Keśidhvaja foi Bhānumān, e o filho de Bhā­numān foi Śatadyumna.

VERSO 22: O filho de Śatadyumna chamava-se Śuci. De Śuci, nasceu Sanadvāja, e de Sanadvāja veio um filho chamado Ūrjaketu. O filho de Ūrjaketu foi Aja, e o filho de Aja foi Purujit.

VERSO 23: O filho de Purujit foi Ariṣṭanemi, cujo filho foi Śrutāyu. Śru­tāyu gerou um filho chamado Supārśvaka, e Supārśvaka gerou Citraratha. O filho de Citraratha foi Kṣemādhi, que se tornou o rei de Mithilā.

VERSO 24: O filho de Kṣemādhi foi Samaratha, cujo filho foi Satyaratha. O filho de Satyaratha foi Upaguru, e o filho de Upaguru foi Upagupta, uma expansão parcial do deus do fogo.

VERSO 25: O filho de Upagupta foi Vasvananta, o filho de Vasvananta foi Yuyudha, o filho de Yuyudha foi Subhāṣaṇa, e o filho de Subhāṣaṇa foi Śruta. O filho de Śruta foi Jaya, de quem surgiu Vijaya. O filho de Vijaya foi Ṛta.

VERSO 26: O filho de Ṛta foi Śunaka, o filho de Śunaka foi Vītahavya, o filho de Vītahavya foi Dhṛti, e o filho de Dhṛti foi Bahulāśva. O filho de Bahulāśva foi Kṛti, cujo filho foi Mahāvaśī.

VERSO 27: Śukadeva Gosvāmī disse: Meu querido rei Parīkṣit, todos os reis da dinastia de Mithila conheciam por completo sua identidade espi­ritual. Portanto, muito embora vivessem no lar, estavam livres da dualidade presente na existência material.

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