VERSOS 44-45
sthālī-sthānaṁ gato ’śvatthaṁ
śamī-garbhaṁ vilakṣya saḥ
tena dve araṇī kṛtvā
urvaśī-loka-kāmyayā
urvaśīṁ mantrato dhyāyann
adharāraṇim uttarām
ātmānam ubhayor madhye
yat tat prajananaṁ prabhuḥ
sthālī-sthānam — o lugar onde deixara Agnisthālī; gataḥ — indo até lá; aśvattham — uma árvore aśvattha; śamī-garbham — produzida das entranhas de uma árvore śamī; vilakṣya — vendo; saḥ — ele; Purūravā; tena — daquela; dve — dois; araṇī — pedaços de madeira necessários para acender um fogo de sacrifício; kṛtvā — fazendo; urvaśī-lokakāmyayā — desejando ir ao planeta onde Urvaśī estava presente; urvaśīm — Urvaśī; mantrataḥ — cantando o mantra adequado; dhyāyan — meditando em; adhara — inferior; araṇim — madeira araṇi; uttarām — e a superior; ātmānam — ele próprio; ubhayoḥ madhye — entre as duas; yat tat — aquele que (ele meditava em); prajananam — como um filho; prabhuḥ — o rei.
Quando o processo de yajñas fruitivos se manifestou em seu coração, o rei Purūravā dirigiu-se ao mesmo lugar onde deixara Agnisthālī. Ali, ele viu que, das entranhas de uma árvore śamī, havia brotado uma árvore aśvattha. Então, ele pegou um pedaço de madeira dessa árvore e fez dele dois araṇis. Desejando ir ao planeta onde Urvaśī residia, ele cantou mantras, meditando no araṇi inferior como sendo Urvaśī, no superior como sendo ele mesmo, e no pedaço de madeira entre eles como sendo seu filho. Dessa maneira, ele começou a acender um fogo.
SIGNIFICADO—O fogo védico para a realização de yajña não era aceso com fósforos comuns ou artefatos semelhantes. Em vez disso, o fogo sacrificatório védico era aceso com araṇis, ou dois pedaços de madeira sagrada que produziam o fogo através da fricção com um terceiro. Tal fogo é necessário para a realização do yajña. Se exitoso, o yajña satisfaz o desejo daquele que o realiza. Assim, Purūravā tirou proveito do processo de yajña para satisfazer seus desejos luxuriosos. Ele pensava no araṇi inferior como sendo Urvaśī, no superior como sendo ele mesmo, e no intermediário como sendo seu filho. Um relevante mantra védico que Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura cita nesta passagem é śamī-garbhād agniṁ mantha. Um mantra semelhante é urvaśyām urasi purūravāḥ. Purūravā queria continuamente ter filhos com Urvaśī. Sua única ambição era gozar de vida sexual com ela e, desse modo, obter filhos. Em outras palavras, ele tinha tanta luxúria em seu coração que, mesmo durante a realização do yajña, pensava em Urvaśī, em vez de pensar no mestre do yajña, Yajñeśvara, o Senhor Viṣṇu.