VERSO 3
basta eko vane kaścid
vicinvan priyam ātmanaḥ
dadarśa kūpe patitāṁ
sva-karma-vaśagām ajām
bastaḥ — bode; ekaḥ — um; vane — em uma floresta; kaścit — algum; vicinvan — buscando alimento; priyam — muito querida; ātmanaḥ — para ele próprio; dadarśa — viu por acaso; kūpe — dentro de um poço; patitām — caída; sva-karma-vaśa-gām — sob a influência dos resultados das atividades fruitivas; ajām — uma cabra.
Enquanto vagava pela floresta, comendo para satisfazer seus sentidos, um bode por acaso aproximou-se de um poço, no qual viu uma cabra que ali permanecia sem amparo e onde caíra devido à influência dos resultados das atividades fruitivas.
SIGNIFICADO—Aqui, Mahārāja Yayāti compara-se a um bode, e Devayānī ele compara a uma cabra e descreve a natureza do homem e da mulher. Como um bode, o homem busca o gozo dos sentidos. Vagando de um lugar a outro, a mulher que não se refugia no homem ou esposo é como uma cabra que caiu em um poço. Se o homem não lhe dedica cuidados, a mulher não pode ser feliz. Na verdade, ela é exatamente como uma cabra que caiu em um poço e luta pela existência. Portanto, a mulher deve refugiar-se em seu pai, como Devayānī quando se colocou aos cuidados de Śukrācārya, e depois o pai deve dar a filha em caridade a um homem adequado, ou um homem adequado deve ajudar a mulher deixando-a aos cuidados de um esposo. A vida de Devayānī mostra isso vividamente. Quando o rei Yayāti libertou Devayānī, tirando-a do poço, ela se sentiu muito aliviada e pediu que Yayāti a aceitasse como esposa. Porém, ao aceitar Devayānī, Mahārāja Yayāti ficou demasiadamente apegado e gozou de vida sexual não apenas com ela, mas com outras, tais como Śarmiṣṭhā. Contudo, mesmo assim ele continuava insatisfeito. Logo, todos devem forçosamente retirar-se de uma vida familiar como a de Yayāti. Ao convencer-se plenamente da natureza degradante da vida familiar mundana, a pessoa deve renunciar por completo esse modo de vida, aceitar sannyāsa e ocupar-se em pleno serviço ao Senhor. Então, sua vida será exitosa.