VERSO 25
saṁvardhayanti yat kāmāḥ
svārājya-paribhāvitāḥ
durlabhā nāpi siddhānāṁ
mukundaṁ hṛdi paśyataḥ
saṁvardhayanti — aumentam a felicidade; yat — porque; kāmāḥ — tais aspirações; svā-rājya — situado em sua própria posição constitucional, na qual presta serviço ao Senhor; paribhāvitāḥ — impregnado dessas aspirações; durlabhāḥ — muito raramente obtida; na — não; api — também; siddhānām — dos grandes místicos; mukundam — Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus; hṛdi — no âmago do coração; paśyataḥ — pessoas sempre acostumadas a vê-lO.
Aqueles que transbordam de felicidade transcendental decorrente do fato de prestarem serviço à Suprema Personalidade de Deus não se interessam nem mesmo pelas conquistas alcançadas pelos grandes místicos, pois essas conquistas não aumentam a bem-aventurança transcendental sentida pelo devoto que sempre pensa em Kṛṣṇa no âmago de seu coração.
SIGNIFICADO—O devoto puro é indiferente não apenas à elevação aos sistemas planetários superiores, mas também às perfeições do yoga místico. A verdadeira perfeição é o serviço devocional. A felicidade proveniente da imersão no Brahman impessoal e a felicidade produzida pelas oito perfeições do yoga místico (aṇimā, laghimā, prāpti e assim por diante) não dão nenhum prazer ao devoto. Como Śrīla Prabodhānanda Sarasvatī afirma:
kaivalyaṁ narakāyate tridaśa-pūr ākāśa-puṣpāyate
durdāntendriya-kāla-sarpa-paṭalī protkhāta-daṁṣṭrāyate
viśvaṁ pūrṇa-sukhāyate vidhi-mahendrādiś ca kīṭāyate
yat kāruṇya-kaṭākṣa-vaibhavavatāṁ taṁ gauram eva stumaḥ
(Caitanya-candrāmṛta 5)
Ao alcançar a posição em que, através da misericórdia do Senhor Caitanya, ele presta transcendental serviço amoroso ao Senhor, o devoto conclui que o Brahman impessoal é igual ao inferno, e ele considera a felicidade material nos planetas celestiais como um fogofátuo. No que diz respeito à perfeição dos poderes místicos, o devoto a compara a uma serpente venenosa cujos dentes foram extraídos. O yogī místico está especialmente preocupado em controlar os sentidos, mas, como os sentidos do devoto estão ocupados a serviço do Senhor (hṛṣīkeṇa hṛṣīkeśa-sevanaṁ bhaktir ucyate), não há necessidade de ele se dedicar a algum outro processo para obter controle dos sentidos. Para aqueles que estão ocupados em atividades materiais, é necessário aprender a controlar os sentidos, mas os sentidos do devoto estão todos ocupados a serviço do Senhor, o que significa que eles já estão controlados. Paraṁ dṛṣṭvā nivartate (Bhagavad-gītā 2.59). Os sentidos do devoto não se deixam seduzir pelo gozo material. E muito embora o mundo material seja cheio de sofrimentos, o devoto também considera este mundo material como sendo espiritual porque ele emprega tudo no serviço ao Senhor. A diferença entre o mundo espiritual e o mundo material é a mentalidade com que se presta serviço. Nirbandhaḥ kṛṣṇa-sambandhe yuktaṁ vairāgyam ucyate. Quando não há nenhuma mentalidade de serviço à Suprema Personalidade de Deus, as atividades das pessoas são materiais.
prāpañcikatayā buddhyā
hari-sambandhi-vastunaḥ
mumukṣubhiḥ parityāgo
vairāgyaṁ phalgu kathyate
(Bhakti-rasāmṛta-sindhu 1.2.256)
Tudo o que não estiver ocupado a serviço do Senhor é material, e ninguém deve preterir nada que possa ser aproveitado nesse serviço. Na construção de um grande arranha-céu ou na construção de um templo, pode haver o mesmo entusiasmo, mas os esforços são diferentes, pois um é material, e o outro, espiritual. Ninguém deve confundir as atividades espirituais com as atividades materiais e, depois, abandoná-las. Nada que esteja relacionado com Hari, a Suprema Personalidade de Deus, é material. O devoto que considera tudo isso sempre está situado em atividades espirituais, de modo que ele não mais se deixa atrair por atividades materiais (paraṁ dṛṣṭvā nivartate).