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VERSO 24

gate ’tha durvāsasi so ’mbarīṣo
dvijopayogātipavitram āharat
ṛṣer vimokṣaṁ vyasanaṁ ca vīkṣya
mene sva-vīryaṁ ca parānubhāvam

gate — por ocasião do seu retorno; atha — então; durvāsasi — o grande yogī místico Durvāsā; saḥ — ele, o rei; ambarīṣaḥ — Mahārāja Ambarīṣa; dvija-upayoga — muito conveniente para um brāhmaṇa puro; ati-pavitram — alimento puríssimo; āharat — deu-lhe e também comeu; ṛṣeḥ — do grande sábio; vimokṣam — libertação; vyasanam — do grande perigo de ser queimado pelo Sudarśana-cakra; ca — e; vīkṣya — vendo; mene — considerou; sva-vīryam — sobre seu próprio poder; ca — também; para-anubhāvam — devido à sua imaculada devoção ao Senhor Su­premo.

Depois de um ano, quando Durvāsā Muni retornou, o rei Ambarīṣa o serviu suntuosamente com toda variedade de alimentos puros, após o que ele próprio também comeu. Ao ver que o brāhmaṇa Durvāsā escapara do grande perigo de ser queimado, o rei pôde en­tender que, pela graça do Senhor, ele próprio também era poderoso, mas não atribuiu a si nenhum mérito, pois sabia que o Senhor fizera tudo.

SIGNIFICADO—Um devoto como Mahārāja Ambarīṣa decerto está sempre atarefado em muitas atividades. Evidentemente, este mundo material apresenta muitos perigos com os quais todos devem afrontar-se, mas o devoto, devido ao fato de que ele depende inteiramente da Suprema Perso­nalidade de Deus, jamais fica perturbado. Exemplo vívido é Mahā­rāja Ambarīṣa. Ele era o imperador de todo o mundo e tinha que executar muitos deveres, e, no decorrer desses deveres, havia muitos distúrbios criados por pessoas como Durvāsā Muni, mas o rei tolerava tudo, e, com toda a paciência, ele ficava sob a completa dependên­cia da misericórdia do Senhor. O Senhor, entretanto, está situado no coração de todos (sarvasya cāhaṁ hṛdi sanniviṣṭaḥ), e Ele enca­minha os acontecimentos de acordo com o Seu desejo. Assim, embora Mahārāja Ambarīṣa se defrontasse com muitas perturbações, o Senhor, sendo misericordioso com ele, encaminhou os acontecimentos tão perfeitamente que Durvāsā Muni e Mahārāja Ambarīṣa acabaram tornando-se amigos e, ao se separarem, tinham muita cordialidade, pois agiram sob o influxo de bhakti-yoga. Afinal, Durvā­sā Muni se convenceu do poder de bhakti-yoga, embora ele fosse um grande yogī místico. Portanto, como o próprio Senhor Kṛṣṇa afirma na Bhagavad-gītā (6.47):

yoginām api sarveṣāṁ
mad-gatenāntarātmanā
śraddhāvān bhajate yo māṁ
sa me yuktatamo mataḥ

“De todos os yogīs, aquele que sempre se refugia em Mim com muita fé, adorando-Me com transcendental serviço amoroso, está muito intimamente unido a Mim através do yoga e é o mais elevado de todos.” Logo, é um fato que o devoto é o yogī mais elevado, como provam os relacionamentos de Mahārāja Ambarīṣa com Dur­vāsā Muni.

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