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CAPÍTULO CINCO

A Vida de Durvāsā Muni É Poupada

Neste capítulo, descrevem-se as orações que Mahārāja Ambarīṣa ofereceu ao Sudarśana-cakra e narra-se como o Sudarśana-cakra se compadeceu de Durvāsā Muni.

Por ordem da Suprema Personalidade de Deus, Viṣṇu, Durvāsā Muni imediatamente foi ter com Mahārāja Ambarīṣa e caiu aos seus pés de lótus. Mahārāja Ambarīṣa, sendo naturalmente muito manso e humilde, experimentou modéstia e acanhamento por Durvāsā Muni ter caído aos seus pés e, então, começou a oferecer orações ao Sudarśana-cakra apenas para salvar Durvāsā. O que é esse Sudarśana-cakra? O Sudarśana-cakra é o olhar da Suprema Personalidade de Deus com o qual Ele cria todo o mundo material. Sa aikṣata, sa asṛjata. Esta versão é védica. O Sudarśana-cakra, que é a origem da criação e é muito querido pelo Senhor, tem milhares de raios. Esse Sudarśana-cakra é o demolidor do poder de todas as outras armas, o destrui­dor da escuridão, e ele manifesta o poder do serviço devocional; ele é o meio que estabelece os princípios religiosos, e é o aniquilador de todas as atividades irreligiosas. Sem sua misericórdia, o universo não pode ser mantido, daí o cakra Sudarśana ser empregado pela Suprema Personalidade de Deus. Quando Mahārāja Ambarīṣa fez essas orações, pedindo que o Sudarśana-cakra fosse misericordioso, o Sudarśana-cakra, sentindo-se apaziguado, refreou-se de matar Dur­vāsā Muni, que alcançou, dessa maneira, a misericórdia do Sudarśana-cakra. Com isso, Durvāsā Muni aprendeu a evitar a ideia repugnante segun­do a qual se considera um vaiṣṇava como sendo uma pessoa ordinária (vaiṣṇave jāti-buddhi). Mahārāja Ambarīṣa pertencia ao grupo kṣatriya, de modo que Durvāsā Muni o considerava inferior aos brāhmaṇas e quis exercer sobre ele o seu poder bramânico. Através deste episódio, todos devem aprender como eliminar as ideias mesquinhas que consistem em desprezar os vaiṣṇavas. Após esse incidente, Mahārāja Ambarīṣa deu a Durvāsā Muni alimentos suntuosos, após o que o rei, que permanecera no mesmo lugar por um ano sem comer nada, também se serviu de prasāda. Mais tarde, Mahārāja Ambarīṣa dividiu sua propriedade en­tre seus filhos e se dirigiu para as margens do Mānasa-sarovara a fim de executar meditação devocional.

VERSO 1: Śukadeva Gosvāmī disse: Ao receber esse conselho do Senhor Viṣṇu, Durvāsā Muni, que estava sendo deveras atormentado pelo Sudarśana-cakra, imediatamente se aproximou de Mahārāja Ambarīṣa. Muito sentido, o muni caiu e agarrou os pés de lótus do rei.

VERSO 2: Quando Durvāsā tocou seus pés de lótus, Mahārāja Ambarīṣa ficou muito acanhado, e quando viu Durvāsā tentando oferecer ora­ções, ele, devido à misericórdia, ficou ainda mais constrangido. As­sim, logo ele começou a oferecer orações à grande arma da Supre­ma Personalidade de Deus.

VERSO 3: Mahārāja Ambarīṣa disse: Ó Sudarśana-cakra, és o fogo, és o poderosíssimo Sol, e és a Lua, o mestre de todos os luzeiros. És a água, a terra e o céu; és o ar, és os cinco objetos dos sentidos [som, tato, forma, paladar e olfato], e também és os próprios sentidos.

VERSO 4: Ó predileto de Acyuta, a Suprema Personalidade de Deus, tens mi­lhares de raios. Ó mestre do mundo material, destruidor de todas as armas, visão original da Personalidade de Deus, ofereço-te minhas respeitosas reverências. Por favor, abriga este brāhmaṇa e sê auspicioso para ele.

VERSO 5: Ó roda Sudarśana, és a religião, a verdade, as afirmações encoraja­doras, o sacrifício e o desfrutador dos frutos do sacrifício. És o mantenedora de todo o universo, e és o supremo poder transcenden­tal nas mãos da Suprema Personalidade de Deus. És a visão original do Senhor, daí seres conhecido como Sudarśana. Tudo foi criado por intermédio de tuas atividades e, portanto, és onipenetrante.

VERSO 6: Ó Sudarśana, tens um eixo muito auspicioso e, portanto, és o sustentáculo de toda a religião. Para os demônios irreligiosos, és exata­mente como um cometa inauspicioso. Na verdade, és o mantenedor dos três mundos, és pleno de refulgência transcendental, és tão rápido como a mente, e és capaz de operar maravilhas. Tudo o que consigo fazer é pronunciar a palavra “namaḥ”, oferecendo-te todas as reve­rências.

VERSO 7: Ó mestre da fala, com tua refulgência, repleta de princípios reli­giosos, dissipa-se a escuridão do mundo e manifesta-se o conhecimen­to das pessoas eruditas ou das grandes almas. Na verdade, ninguém pode suplantar tua refulgência, pois todas as coisas, manifestas ou imanifestas, grosseiras ou sutis, superiores ou inferiores, são simples­mente várias de tuas formas que se manifestam através de tua refulgência.

VERSO 8: Ó entidade infatigável, quando és enviada pela Suprema Persona­lidade de Deus para te infiltrares entre os soldados dos Daityas e dos Dānavas, permaneces no campo de batalha e incessantemente decepas os seus braços, abdomens, coxas, pernas e cabeças.

VERSO 9: Ó protetor do universo, a Suprema Personalidade de Deus ocupa­-te como Sua arma onipotente, que mata os inimigos invejosos. Para o benefício de toda a nossa dinastia, por favor, favorece este pobre brāhmaṇa. Com isso, decerto prestarás um imenso favor a todos nós.

VERSO 10: Se acaso nossa família fez caridade às pessoas corretas, se realizamos cerimônias ritualísticas e sacrifícios, se executamos apropriadamente nossos deveres ocupacionais e se fomos guiados por brāhmaṇas eru­ditos, desejo, em troca, que este brāhmaṇa seja liberto do ardor pro­duzido pelo Sudarśana-cakra.

VERSO 11: Se a Suprema Personalidade de Deus, que é único e inigualável, que é o reservatório de todas as qualidades transcendentais e que é a vida e alma de todas as entidades vivas, está satisfeito conosco, desejamos que este brāhmaṇa, Durvāsā Muni, livre-se da dor de ser queimado.

VERSO 12: Śukadeva Gosvāmī prosseguiu: Depois que o rei ofereceu orações ao Sudarśana-cakra e ao Senhor Viṣṇu, o Sudarśana-cakra, devido a essas orações, tornou-se pacífico e parou de queimar o brāhmaṇa conhecido como Durvāsā Muni.

VERSO 13: Durvāsā Muni, o místico poderosíssimo, ficou muito satisfeito ao ver-se livre do fogo do Sudarśana-cakra. Então, ele louvou as qualidades de Mahārāja Ambarīṣa e ofereceu-lhe as mais elevadas bênçãos.

VERSO 14: Durvāsā Muni disse: Meu querido rei, hoje percebi a grandeza dos devotos da Suprema Personalidade de Deus, pois, embora eu tenha cometido uma ofensa, oraste em prol de minha boa fortuna.

VERSO 15: Para aqueles que alcançaram a Suprema Personalidade de Deus, o mestre dos devotos puros, o que lhes é impossível fazer, e o que lhes é impossível abandonar?

VERSO 16: O que é impossível para os servos do Senhor? Basta ouvir o Seu santo nome para que a pessoa se purifique.

VERSO 17: Ó rei, deixando minhas ofensas passarem despercebidas, salvaste minha vida. Portanto, sinto-me muito agradecido a ti, pois és muito misericordioso.

VERSO 18: Esperando o regresso de Durvāsā Muni, o rei não havia comido. Portanto, quando o sábio voltou, o rei caiu aos seus pés de lótus, satisfazendo-o em todos os sentidos, e alimentou-o suntuosamente.

VERSO 19: Assim, o rei acolheu respeitosamente Durvāsā Muni, que, após comer muitas variedades de alimentos saborosos, ficou tão satisfeito que, com grande afeição, pediu ao rei que também comesse, dizendo: “Por favor, toma a tua refeição.”

VERSO 20: Durvāsā Muni disse: Estou muito satisfeito contigo, meu queri­do rei. Primeiramente, pensei que fosses um ser humano comum e aceitei tua hospitalidade; mais tarde, porém, pude entender, através de minha própria inteligência, que eras o mais sublime devoto do Senhor. Portanto, pelo simples fato de te ver, tocar teus pés e falar contigo, fiquei satisfeito e sinto-me agradecido a ti.

VERSO 21: A cada momento, todas as venturosas mulheres dos planetas celestiais cantarão continuamente acerca do teu caráter imaculado, e as pessoas deste mundo também cantarão continuamente as tuas glórias.

VERSO 22: Śrī Śukadeva Gosvāmī continuou: Estando então satisfeito sob todos os aspectos, o grande yogī místico Durvāsā pediu permissão e partiu, glorificando continuamente o rei. Através dos caminhos celestes, ele foi até Brahmaloka, onde inexistem agnósticos e especuladores filosóficos áridos.

VERSO 23: Durvāsā Muni deixara a residência de Mahārāja Ambarīṣa, e, du­rante a sua ausência – que durou um ano completo –, o rei jejuou, subsistindo apenas de água.

VERSO 24: Depois de um ano, quando Durvāsā Muni retornou, o rei Ambarīṣa o serviu suntuosamente com toda variedade de alimentos puros, após o que ele próprio também comeu. Ao ver que o brāhmaṇa Durvāsā escapara do grande perigo de ser queimado, o rei pôde en­tender que, pela graça do Senhor, ele próprio também era poderoso, mas não atribuiu a si nenhum mérito, pois sabia que o Senhor fizera tudo.

VERSO 25: Dessa maneira, devido ao serviço devocional, Mahārāja Ambarīṣa, que era dotado com muitas variedades de qualidades transcen­dentais, conhecia por completo o Brahman, Paramātmā e a Suprema Personalidade de Deus, e assim executou serviço devocional perfei­to. Devido à sua devoção, ele achava que até mesmo o planeta mais elevado deste mundo material estava no mesmo nível dos pla­netas infernais.

VERSO 26: Śrīla Śukadeva Gosvāmī prosseguiu: Posteriormente, devido à sua avançada posição em vida devocional, Mahārāja Ambarīṣa, que não desejava continuar vivendo com envolvimentos materiais, retirou-se da vida familiar ativa. Ele dividiu sua propriedade entre seus filhos, que eram tão qualificados como ele, aceitou a ordem de vānaprastha e partiu para a floresta a fim de concentrar sua mente apenas no Senhor Vāsudeva.

VERSO 27: Todo aquele que cante esta narração ou pelo menos pense nesta narração das atividades de Mahārāja Ambarīṣa com certeza se tornar­á um devoto puro do Senhor.

VERSO 28: Pela graça do Senhor, aqueles que ouvem a respeito das atividades do grande devoto Mahārāja Ambarīṣa com certeza se liberam ou se tornam devotos rapidamente.

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