Capítulo 10
Apego Espiritual e Desapego Material
Verso 18
jñāna-vairāgya-yuktena
bhakti-yuktena cātmanā
paripaśyaty udāsīnaṁ
prakṛtiṁ ca hataujasam
Nessa posição de autorrealização, pela prática de conhecimento e renúncia em serviço devocional, uma pessoa vê tudo na perspectiva correta; ela torna-se indiferente à existência material, e a influência material atua menos poderosamente sobre ela.
SIGNIFICADO—Assim como a contaminação dos germes de uma doença específica pode influenciar uma pessoa mais fraca, a influência da natureza material, ou da energia ilusória, pode, analogamente, atuar sobre a alma mais fraca, ou condicionada, mas não sobre a alma liberada. Autorrealização é a posição do estado liberado. Alguém entende sua posição constitucional através de conhecimento e vairāgya, renúncia. Sem conhecimento, ninguém pode ter compreensão. A compreensão de que somos partes integrantes e infinitesimais do Espírito Supremo nos faz desapegados da vida material condicionada. Esse é o começo do serviço devocional. A menos que nos libertemos da contaminação material, não podemos ocupar-nos no serviço devocional ao Senhor. Neste verso, portanto, afirma-se que jñāna-vairāgya-yuktena: quando alguém tem pleno conhecimento de sua posição constitucional e está na ordem de vida renunciada, desapegado da atração material, então, através do serviço devocional puro, bhakti-yuktena, ele pode ocupar-se como servo amoroso do Senhor. Paripaśyati significa que ele pode ver tudo em sua perspectiva correta. Então, a influência da natureza material torna-se quase nula. Isso também é confirmado na Bhagavad-gītā. Brahma-bhūtaḥ prasannātmā: aquele que é autorrealizado torna-se feliz e livre da influência da natureza material e, nesse momento, liberta-se da lamentação e da ansiedade. O Senhor afirma que essa posição é mad-bhaktiṁ labhate parām, o verdadeiro estado de principiante do serviço devocional. De forma semelhante, no Nārada-pañcarātra confirma-se que, quando os sentidos se purificam, é possível ocupá-los no serviço devocional ao Senhor. Quem está apegado à contaminação material não pode ser devoto.
No estado condicionado, somos influenciados pela natureza material. Já discutimos como estamos condicionados pelos três modos da natureza material – ignorância, paixão e bondade. A bondade é superior à ignorância e à paixão porque, da plataforma da bondade, podemos compreender Kṛṣṇa e, então, transcender os modos de uma vez por todas. Nesta era, os homens estão em geral influenciados pelos modos inferiores – os modos da ignorância e da paixão. Nesses modos, não somos capazes de servir a Kṛṣṇa. É nossa posição constitucional servir a alguém, mas, quando não servimos Kṛṣṇa, servimos māyā. De qualquer forma, não podemos nos tornar os senhores. Quem pode dizer que é o senhor, que não está servindo a ninguém? Podemos servir a nossa família, sociedade, país, negócio, automóvel ou o que seja. Ou, se não encontramos nada para servir, compramos um gato ou um cão e o servimos. Por que isso acontece? Porque servir é nossa natureza. Só nos falta o conhecimento de onde aplicar o serviço. Devemos prestar serviço a Kṛṣṇa. No mundo material, servimos nossos desejos luxuriosos, e não a Kṛṣṇa, daí não obtermos prazer. Também servimos em algum escritório ou em algum emprego para conseguir algum dinheiro. Nesse caso, estamos servindo o dinheiro, não a pessoa. Assim, neste mundo material, podemos servir os sentidos ou o dinheiro. De qualquer forma, o serviço está sempre presente. Temos de servir.
Na verdade, o único mestre é Kṛṣṇa. Ekale īśvara kṛṣṇa, āra saba bhṛtya (Caitanya-caritāmṛta, Ādi 5.142). Todos os semideuses, seres humanos, animais, árvores e tudo mais são servos. Autorrealização significa compreender que o ser individual é servo eterno de Kṛṣṇa e que seu dever é servi-lO. Autorrealização não é pensar que ahaṁ brahmāsmi: “Eu me tornei Brahman, Bhagavān.” Como alguém pode tornar-se Bhagavān? Se somos Bhagavān, somos o ser poderoso supremo. Sendo assim, por que estamos nesta condição miserável? Por que estamos sob a influência de māyā? Será que Bhagavān submete-Se à influência de māyā? Não. Kṛṣṇa diz especificamente na Bhagavad-gītā que prakṛti, māyā, age sob Sua orientação. Māyā é serva de Kṛṣṇa, e, se somos servos de māyā, como podemos ser Kṛṣṇa, Bhagavān? Quando despertamos para nossos sentidos espirituais, compreendemos que estamos erroneamente ocupados a serviço de māyā e que nosso dever é ocuparmo-nos a serviço de Kṛṣṇa. Isso é autorrealização. Como se afirma aqui: jñāna-vairāgya-yuktena. Compreensão verdadeira é saber que somos servos de Kṛṣṇa, e de ninguém mais. Porque estamos sob o encanto da ilusão, estamos servindo a kāma, lobha, moha, mātsarya – luxúria e cobiça – sem benefícios e sem prazer. Kāmādīnāṁ kati na katidhā pālitā durnideśāḥ: “Não há limite para os indesejados ditames dos desejos luxuriosos.” (Bhakti-rasāmṛta-sindhu 3.2.25) Quando compreendemos que nosso prazer consiste em servir apenas a Kṛṣṇa, atingimos jñāna-vairāgya. Portanto, o Śrīmad-Bhāgavatam (1.2.7) declara:
vāsudeve bhagavati
bhakti-yogaḥ prayojitaḥ
janayaty āśu vairāgyaṁ
jñānaṁ ca yad ahaitukam
“Aquele que presta serviço devocional à Personalidade de Deus, Śrī Kṛṣṇa, imediatamente adquire conhecimento imotivado e desapego do mundo.” Se alguém se ocupa no serviço a Vāsudeva, Kṛṣṇa, seu conhecimento surge, e ele se torna um mahātmā. Mahātmā é aquele que compreende que Kṛṣṇa é tudo. Ele não desafia Kṛṣṇa nem tenta se tornar Kṛṣṇa. Quem faz isso não é um mahātmā, mas sim um durātmā, um patife. Qual é a posição e o conhecimento de um mahātmā? Kṛṣṇa diz:
mahātmānas tu māṁ pārtha
daivīṁ prakṛtim āśritāḥ
bhajanty ananya-manaso
jñātvā bhūtādim avyayam
“Ó filho de Pṛthā, aqueles que não se iludem, as grandes almas, estão sob a proteção da natureza divina. Eles se ocupam completamente em serviço devocional porque sabem que Eu sou a original e inexaurível Suprema Personalidade de Deus”. (Bhagavad-gītā 9.13)
Não se pode fabricar um mahātmā. Ele está sob daivī prakṛti, a natureza divina. Existem dois tipos de prakṛti – parā prakṛti e aparā prakṛti. Aparā prakṛti é o mundo material, e daivī prakṛti, o mundo espiritual. Logo que a pessoa compreende que está inutilmente servindo a māyā neste mundo material sob a forma de sociedade, amigos, país e assim por diante, ela alcança o nível chamado jñāna, conhecimento. Assim que consegue este conhecimento, ela atinge a plataforma de brahma-bhūta, realização acerca do Brahman, e se torna prasannātmā, feliz. Talvez alguém pergunte: “Por que eu deveria servir a Kṛṣṇa?” Já explicamos que ser uma parte significa servir ao todo. O todo é Kṛṣṇa, e os seres individuais destinam-se à satisfação de Kṛṣṇa. Īśāvāsyam idaṁ sarvam.
Existem muitos īśvaras, controladores, mas o īśvara supremo é Kṛṣṇa. Logo que atinge essa realização, o ser vivo alcança conhecimento perfeito e presta serviço em bhakti-yoga. Pessoas tolas dizem que bhakti destina-se aos ajñānīs, homens ininteligentes, mas esse não é o caso. Na Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa diz que, após muitos nascimentos, o jñānī, o homem que possui conhecimento, rende-se a Ele.
Enquanto não compreendemos Kṛṣṇa, Vāsudeva, devemos saber que ainda somos tolos. Podemos nos apresentar como grandes jñānīs, eruditos, mas, na verdade, somos tolos. Essa é a conclusão das escrituras. Se fôssemos realmente jñānīs, nós nos renderíamos a Kṛṣṇa.
Existem muitos dharmas, ou atividades. Alguns são piedosos e outros ímpios, mas Kṛṣṇa nos diz para abandonarmos os dois. Arjuna pensava que era ímpio lutar com seus parentes, mas Kṛṣṇa insistia que ele lutasse. Como Arjuna poderia agir impiamente? Ele não podia, pois o serviço a Kṛṣṇa é transcendental à atividade piedosa e ímpia. À meia-noite, quando ouviam o som da flauta de Kṛṣṇa, as gopīs corriam para a floresta para encontrar-se com Ele. De acordo com os śāstras, é imoral mocinhas encontrarem-se com um rapaz na floresta na calada da noite. Mas essa não foi uma atividade ímpia porque as gopīs fizeram isso para Kṛṣṇa. Caitanya Mahāprabhu, que era tão estrito, a ponto de mulher alguma poder aproximar-se dEle para oferecer reverências, disse que ramyā kācid upāsanā vraja-vadhū-vargeṇa yā kalpitā: “O que pode ser mais maravilhoso do que a adoração prestada pelas gopīs? “Embora aparentemente fosse imoral que as gopīs dançassem com Kṛṣṇa, Caitanya Mahāprabhu afirma que a relação delas com Kṛṣṇa é a forma de adoração mais elevada. Isso é verdadeiro conhecimento transcendental. Transcende a todas as atividades piedosas e ímpias quem serve a Kṛṣṇa. Afinal, piedade e impiedade encontram-se dentro dos modos materiais. O serviço a Kṛṣṇa transcende o bem e o mal, a piedade e a impiedade. Bhakti-yoga começa quando se atingem jñāna e vairāgya completos. Jñāna é conhecimento, e vairāgya é desapego da matéria e ocupação da mente no espírito. Ambos são alcançados automaticamente quando nos ocupamos no serviço devocional a Kṛṣṇa.
Verso 19
na yujyamānayā bhaktyā
bhagavaty akhilātmani
sadṛśo ’sti śivaḥ panthā
yogināṁ brahma-siddhaye
Nenhuma classe de yogī pode alcançar a perfeição em autorrealização a não ser que se ocupe em serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus, pois esse é o único caminho auspicioso.
SIGNIFICADO—Como se expõe explicitamente aqui, o conhecimento e a renúncia são perfeitos somente ao serem ligados ao serviço devocional. Na yujyamānayā significa “sem estar encaixado”. Quando há serviço devocional, a pergunta é a quem oferecer esse serviço. O serviço devocional deve ser oferecido à Suprema Personalidade de Deus, que é a Superalma de tudo, pois esse é o único caminho fidedigno de autorrealização, ou de compreensão de Brahman. A expressão brahma-siddhaye significa entender que somos diferentes da matéria, entender que somos Brahman. As palavras védicas para isso são ahaṁ brahmāsmi. Brahma-siddhi significa que devemos ter conhecimento de que não somos matéria: somos almas puras. Há diferentes classes de yogīs, mas todo yogī deve ocupar-se em autorrealização, ou compreensão de Brahman. Aqui se afirma claramente que, a menos que nos ocupemos cem por cento no serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus, não podemos ter fácil acesso ao caminho de brahma-siddhi.
No começo do segundo capítulo do Śrīmad-Bhāgavatam, afirma-se que, quando nos ocupamos no serviço devocional a Vāsudeva, o conhecimento espiritual e a renúncia ao mundo material manifestam-se automaticamente. Assim, o devoto não precisa esforçar-se separadamente para obter renúncia ou conhecimento. O próprio serviço devocional é tão poderoso que, mediante nossa atitude de serviço, tudo nos é revelado. Aqui se afirma que śivaḥ panthā: este é o único caminho auspicioso para se atingir a autorrealização. O caminho do serviço devocional é o meio mais confidencial de alcançar a compreensão de Brahman. O fato de a perfeição na compreensão de Brahman ser alcançada através do auspicioso caminho do serviço devocional indica que a dita compreensão de Brahman, ou compreensão da refulgência brahmajyoti, não é brahma-siddhi. Além deste brahmajyoti, encontra-Se a Suprema Personalidade de Deus. Nas Upaniṣads, um devoto ora ao Senhor pedindo-Lhe o obséquio de afastar a refulgência, brahmajyoti, para que ele possa ver dentro do brahmajyoti a verdadeira forma eterna do Senhor. Se não compreendemos a forma transcendental do Senhor, não há possibilidade de bhakti. Bhakti supõe a existência do receptáculo do serviço devocional e do devoto que presta serviço devocional. Brahma-siddhi através do serviço devocional é a compreensão da Suprema Personalidade de Deus. A compreensão dos raios refulgentes do corpo da Divindade Suprema não é a fase perfeita de brahma-siddhi, ou compreensão de Brahman. Tampouco a compreensão do aspecto Paramātmā da Pessoa Suprema é perfeita, pois Bhagavān, a Suprema Personalidade de Deus, é akhilātmā – Ele é a Superalma. Quem compreende a Personalidade Suprema compreende os outros aspectos, a saber, o aspecto Paramātmā e o aspecto Brahman, e essa compreensão total é brahma-siddhi.
Como foi dito antes, a palavra yoga significa “conectar”. Brahma-siddhaye significa “autorrealização”, e ahaṁ brahmāsmi significa “eu sou alma espiritual”. Na verdade, não é suficiente que a pessoa compreenda que é espírito. Ela deve ir adiante. A febre de um doente pode ser curada, mas ele também tem de recuperar suas forças e apetite para ficar cem por cento curado. Ele, então, pode ter uma vida normal, saudável, livre de doenças. Da mesma maneira, simplesmente entender que é uma alma espiritual não é suficiente. É necessário ocupar-se em atividade espiritual, e essa atividade espiritual é bhakti. Os filósofos māyāvādīs pensam ser suficiente parar com toda atividade material, e os filósofos budistas advogam o nirvāṇa, a cessação da vida material. E não dão mais nenhuma informação. Na verdade, estamos sofrendo em virtude desta combinação material. Este corpo é constituído de terra, água, fogo, ar, éter, mente, inteligência e ego. Os budistas e os māyāvādīs advogam a aniquilação desses componentes. Eles dizem: “Que a terra volte à terra, que a água volte à água, que o fogo volte ao fogo e tudo se torne zero.” Se demolimos a casa do corpo material e a tornamos zero, alcançamos o nirvāṇa. Nirvāṇa quer dizer cessação do prazer e da dor. Os māyāvādīs e os budistas dizem que, se enchermos um pote com água, a água produzirá algum som enquanto o pote não estiver completamente cheio. Quando o pote está cheio, não haverá mais som algum. Por isso, eles dizem que todos os mantras e hinos védicos cessam quando se atinge completa compreensão acerca de Brahman. Em outras palavras, os budistas e os māyāvādīs dizem que o mundo material é falso, mithyā, e que devemos, de uma forma ou outra, torná-lo zero. Entretanto, simplesmente compreender o Brahman, compreender a própria identidade como alma espiritual, é insuficiente. Temos de compreender que Bhagavān está em toda a parte:
eko ’py asau racayituṁ jagad-aṇḍa-koṭiṁ
yac-chaktir asti jagad-aṇḍa-cayā yad-antaḥ
aṇḍāntara-stha-paramāṇu-cayāntara-sthaṁ
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi
“Adoro a Govinda, a Personalidade de Deus, que, através de uma de Suas porções plenárias, entra na existência de cada universo e de cada partícula atômica e assim manifesta ilimitadamente Sua energia infinita por toda a criação material.” (Brahma-saṁhitā 5.35)
Śrī Bhagavān não está sozinho. Ele está não apenas localizado, mas em toda parte também. Embora tenha uma morada específica, Kṛṣṇa está em toda parte. Não é que, porque Kṛṣṇa está em um lugar, não pode estar em outros. Como somos condicionados, quando sentamos em nosso escritório, não podemos estar em casa. Kṛṣṇa não é assim. Goloka eva nivasaty akhilātma-bhūtaḥ. Kṛṣṇa está sempre em Goloka Vṛndāvana, ainda assim Ele é aṇḍāntara-stha- paramāṇu-cayāntara-stham. Ele está dentro de cada átomo do universo. Este universo existe por causa de Garbhodakaśāyī Viṣṇu. Não existe apenas um universo, mas sim muitos milhões, e todos funcionam perfeitamente porque Garbhodakaśāyī Viṣṇu está presente. Não devemos pensar que todos estes planetas estão flutuando no espaço sem que nenhum plano tenha sido feito. Existe, com certeza, um plano.
Para livrar-se por completo dos modos materiais, devemos alcançar não só a plataforma de jñāna e vairāgya, mas também de bhakti. Quando mencionamos bhakti, algumas pessoas dizem: “Eu presto bhakti a minha esposa. Eu a amo muito e cuido dela. Se não a vejo, fico louco.” Dessa maneira, elas têm bhakti por suas famílias, país, deusa Durgā, outros semideuses e assim por diante. Entretanto, esse tipo de bhakti não adianta. Portanto, afirma-se que bhaktir bhagavati. Deve-se prestar bhakti ao Supremo. Não é que se deva prestar bhakti a um Bhagavān de imitação. Se alguém diz ser Bhagavān, devemos perguntar: “Você está presente no coração de todos? Pode me dizer o que estou pensando agora?” Se alguém é Bhagavān, deve ser akhilātmā. Quem é īśvara tem de estar presente no coração de todos. Kṛṣṇa está presente no coração de todos (sarvasya cāhaṁ hṛdi sanniviṣṭaḥ). Tudo isso deve ser estudado meticulosamente. Ninguém deve aceitar este ou aquele patife como Bhagavān. Tampouco deve prestar bhakti a este ou aquele semideus, à sua família, país, sociedade, esposa, gato, cão ou o que for. Nada disso é bhakti de verdade, mas sim bhakti de imitação. Não passa, na verdade, de desejo luxurioso. Se podemos desenvolver bhakti por Kṛṣṇa, consciência de Kṛṣṇa, nossas vidas serão bem-sucedidas. De fato, não há alternativa. Como declara este verso: sadṛśo ’sti śivaḥ panthā. O Para-brahman é Kṛṣṇa, e brahma-siddhaye significa compreender nossa relação com Kṛṣṇa. Está totalmente correto identificar-se como Brahman (ahaṁ brahmāsmi), mas qual é a nossa relação com o Para-brahman? Sempre há dois: Brahman e Para-brahman, ātmā e Paramātmā, īśvara e Parameśvara, a entidade viva individual e a entidade viva suprema, nitya e nityānām, cetanaś e cetanānām. Sempre existem dois, e dois significa um relacionamento. Devemos, portanto, compreender nossa relação com o Supremo, com o Para-brahman. Compreender essa relação é brahma-siddhaye.
Em qualidade, somos unos com o Para-brahman, mas o Para-brahman é muito grande e nós somos muito pequenos. Para-brahman é um (kaivalya). Não existe alternativa nem duplicata. Ninguém é igual a Ele ou maior do que Ele. Esse é o significado de kaivalya. O propósito da vida humana é indagar sobre o Para-brahman e a relação do ser vivo com Ele. Infelizmente, ninguém está indagando sobre o Para-brahman. Todos perguntam sobre as notícias do jornal, e todos estão preocupados em ir ao mercado e comprar muitas mercadorias por um bom preço. Tudo isso está ocorrendo na sociedade humana e também na sociedade dos cães e dos gatos.
Este mundo é cheio de escuridão e ignorância, mas a consciência de Kṛṣṇa transcende este mundo material. Em consciência de Kṛṣṇa, não existe escuridão, somente luz. Se tentamos encontrar algo à noite, é muito difícil; contudo, durante o dia, não há dificuldade. Os śāstras prescrevem que devemos abandonar esta escuridão e ir para a luz. Essa luz é dada pelo guru.
oṁ ajñāna timirāndhasya
jñānāñjana-śalākayā
cakṣur unmīlitaṁ yena
tasmai śrī-gurave namaḥ
“Nasci na mais escura ignorância, e meu mestre espiritual abriu meus olhos com o archote do conhecimento. Ofereço-lhe minhas respeitosas reverências.”
É dever do guru proporcionar luz através do conhecimento. O guru assimilou completamente a essência védica da vida. Recebe-se śruti, conhecimento, através da audição. Não é algo experimental. Através de experiências não podemos compreender o que está além de nossa percepção sensorial. Não podemos saber quem é nosso pai através de conhecimento experimental. Ninguém pode dizer: “Deixe-me descobrir quem é meu pai através do processo empírico.” Nosso pai existia antes de nós existirmos, e não é possível saber, através de conhecimento experimental, se esse ou aquele homem é nosso pai. A verdadeira autoridade é a mãe; portanto, compara-se o conhecimento védico à mãe, e os Purāṇas, às irmãs. Devemos compreender através dos Vedas qual é de fato o conhecimento último. O objetivo conhecível máximo é Kṛṣṇa, e, pelo simples fato de compreender Kṛṣṇa, compreende-se tudo. Não é preciso compreender algo separadamente. Kṛṣṇa está dentro de nossos corações. Ele não está longe; ao contrário, está em toda parte. Caso Kṛṣṇa veja que estamos apegados a Ele, Ele Se torna nosso amigo. Ele é o amigo de todos, mas especialmente de Seus devotos. Como o próprio Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā (10.11):
teṣām evānukampārtham
aham ajñāna-jaṁ tamaḥ
nāśayāmy ātma-bhāva-stho
jñāna-dīpena bhāsvatā
“Para lhes mostrar misericórdia especial, Eu, residindo em Seus corações, destruo com a luz brilhante do conhecimento a escuridão nascida da ignorância.”
Jñāna existe em nós; está simplesmente coberto pela cortina da ignorância. A luz existe e a escuridão existe, mas, quando estamos em escuridão, não podemos ver as coisas como elas são. Kṛṣṇa diz que, à medida que o devoto se entrega à prestação de serviço, Ele próprio dissipa a escuridão da ignorância. Se realmente desejamos alcançar a perfeição nesta vida, basta que nos ocupemos em serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus, Bhagavān. Não é que Bhagavān seja difícil de encontrar. Bhagavān está dentro de nossos corações. Īśvaraḥ sarva-bhūtānāṁ hṛd-deśe ’rjuna tiṣṭhati (Bhagavad-gītā 18.61). Esse é o verdadeiro Bhagavān, dentro do coração de todos. Esse Bhagavān está sempre ativo. Ele instruiu Brahmā, o senhor do universo, e Brahmā, após receber instruções de Kṛṣṇa, criou o universo inteiro. Kṛṣṇa também dará instruções a nós, caso simplesmente adotemos o serviço devocional.
Verso 20
prasaṅgam ajaraṁ pāśam
ātmanaḥ kavayo viduḥ
sa eva sādhuṣu kṛto
mokṣa-dvāram apāvṛtam
Todo homem erudito sabe muito bem que o apego à matéria é o maior enredamento da alma espiritual. Mas esse mesmo apego, quando aplicado aos devotos autorrealizados, abre a porta da liberação.
SIGNIFICADO—Afirma-se aqui claramente que o apego a algo é a causa do cativeiro na vida condicionada, e o mesmo apego, quando aplicado a outro objeto, abre a porta da liberação. Não é possível eliminar o apego – basta que ele seja transferido. Apego a coisas materiais chama-se consciência material, e apego a Kṛṣṇa ou a Seu devoto chama-se consciência de Kṛṣṇa. A consciência, portanto, é a plataforma do apego. Aqui se afirma claramente que basta purificarmos a consciência, substituindo a consciência material pela consciência de Kṛṣṇa, para alcançarmos a liberação. Apesar da afirmativa de que se deve abandonar o apego, a ausência de desejos é impossível para a entidade viva. Por sua própria constituição, a entidade viva tende a apegar-se a algo. Observamos que, se alguém não tem objeto de apego, se não tem filhos, então transfere seu apego aos cães e gatos. Isso indica que não se pode acabar com a propensão ao apego; ela tem que ser utilizada para o melhor propósito. Nosso apego a coisas materiais perpetua nosso estado condicionado, mas o mesmo apego, quando transferido à Suprema Personalidade de Deus ou a Seu devoto, é a fonte de liberação.
Recomenda-se aqui que se deve transferir esse apego aos devotos autorrealizados, os sādhus. E quem é um sādhu? O sādhu não é apenas um homem comum vestido com roupa açafroada e usando barba longa. O sādhu é descrito na Bhagavad-gītā como aquele que se ocupa inabalavelmente em serviço devocional. Mesmo que se observe que alguém não segue as estritas regras e regulações do serviço devocional, se ele simplesmente tem fé inabalável em Kṛṣṇa, a Pessoa Suprema, deve ser considerado um sādhu. Sādhur eva sa mantavyaḥ. O sādhu é um seguidor estrito do serviço devocional. Nesta passagem, recomenda-se que, se alguém deseja realmente compreender o Brahman, ou a perfeição espiritual, deve transferir seu apego ao sādhu, ou devoto. O Senhor Caitanya também confirmou isso. Lava-mātra sādhu-saṅge sarva-siddhi haya: simplesmente por um momento de associação com um sādhu, pode-se alcançar a perfeição.
Mahātmā é sinônimo de sādhu. Declara-se que o serviço ao mahātmā, ou devoto elevado do Senhor, é dvāram āhur vimukteḥ, a estrada régia da liberação. Mahat-sevāṁ dvāram āhur vimuktes tamo-dvāraṁ yoṣitāṁ saṅgi-saṅgam. (Śrīmad-Bhāgavatam 5.5.2) Prestar serviço aos materialistas tem o efeito oposto. Se alguém presta serviço a um materialista grosseiro, ou a uma pessoa ocupada apenas com gozo dos sentidos, então, pela associação com tal pessoa, abre-se a porta que leva ao inferno. O mesmo princípio é confirmado aqui. Apego a um devoto é apego ao serviço do Senhor, porque, se alguém se associar com um sādhu, o resultado será que o sādhu lhe ensinará como tornar-se devoto, adorador e servo sincero do Senhor. Essas são as dádivas de um sādhu. Se queremos nos associar com um sādhu, não podemos esperar que ele nos dê instruções sobre como melhorar nossa condição material, mas ele nos dará instruções sobre como cortar o nó da contaminação da atração material e como elevarmo-nos em serviço devocional. Esse é o resultado de associar-se com um sādhu. Antes de qualquer coisa, Kapila Muni ensina que o caminho da liberação começa com tal associação.
De acordo com Śrī Caitanya Mahāprabhu:
‘sādhu-saṅga’, ‘sādhu-saṅga’ — sarva-śāstre kaya
lava-mātra sādhu-saṅge sarva-siddhi haya
“O veredito de todas as escrituras reveladas é que mesmo um instante que tenhamos de associação com um devoto puro pode conferir-nos todo o sucesso.” (Caitanya-caritāmṛta, Madhya 22.54)
Afirma-se que o homem é um animal social, e, de acordo com nossa associação, podemos moldar nosso caráter. Homens de negócio se associam uns com os outros para desenvolver suas capacidades comerciais. Existem muitos tipos de associação, e a associação gera apego a determinado objeto. Se alguém se associa com materialistas, seu apego ao gozo dos sentidos se intensifica. A mulher é o símbolo do gozo dos sentidos; portanto, tudo o que diz respeito ao gozo dos sentidos chama-se yoṣit-saṅga. Este mundo material está repleto de yoṣit-saṅga, porque todos estão interessados em gozo dos sentidos. Como se afirma na Bhagavad-gītā (2.44):
bhogaiśvarya-prasaktānāṁ
tayāpahṛta-cetasām
vyavasāyātmikā buddhiḥ
samādhau na vidhīyate
“Na mente daqueles que estão muito apegados ao gozo dos sentidos e à opulência material e que se deixam confundir por essas coisas, não ocorre a determinação resoluta de prestar serviço devocional ao Senhor Supremo.” A palavra bhoga quer dizer “gozo dos sentidos”. Bhogaiśvarya: Aqueles que são por demais apegados à opulência e ao gozo dos sentidos não podem compreender a vida espiritual e são muito lentos em aceitá-la. Atualmente, as pessoas são manda, muito lentas. Elas não levam este movimento da consciência de Kṛṣṇa muito a sério, porque foram ensinadas pela civilização moderna a simplesmente levar uma vida de gozo dos sentidos. Principalmente nos países ocidentais, há muitos objetos de gozo dos sentidos. Existem até mesmo aparelhos de barbear, quando antigamente bastava uma navalha. Agora, graças à máquina, não é preciso nem mover a mão. E isso é considerado progresso. Todavia, aprendemos nos śāstras que a vida humana não se destina ao gozo dos sentidos, mas a tapasya. Assim é a civilização védica. Em primeiro lugar, é compulsório ser treinado através do sistema brahmacārī e aprender a negar o gozo dos sentidos. O brahmacārī deve ser treinado em tapasya, não em gozo dos sentidos. Outrora na Índia, os brahmacārīs iam de porta em porta pedir esmolas para o āśrama e eram treinados desde o início a dirigirem-se a qualquer mulher como mãe.
Hoje em dia, certas pessoas estão em uma condição tão deplorável que chegam a dizer: “Queremos morrer. Deixe-nos morrer.” Contudo, Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā: “Por que você quer morrer?” Elas desejam morrer para colocar um fim às três classes de sofrimento da natureza material, mas quem está fazendo pesquisas com o objetivo de acabar com a morte? Na Bhagavad-gītā, aprendemos que a morte de fato não é natural para nós. Ela nos é imposta artificialmente, mas temos de nos tornar imortais de novo. Esta é a perfeição da vida humana, mas ninguém se importa com isso. Tornamo-nos tão curtos de inteligência que não podemos evitar o nascimento, a velhice, a doença e a morte. Estamos experimentando esses sofrimentos porque não estamos realmente alertas. Por isso, quando Sanātana Gosvāmī aproximou-se de Caitanya Mahāprabhu, ele disse: “Meu querido Senhor, de uma forma ou outra o Senhor me arrastou para Seus pés de lótus. Agora Lhe pergunto qual é minha verdadeira posição. Por que sou forçado a sofrer as três classes de sofrimentos da vida material?” Ninguém se interessa em indagar sobre este assunto. Mokṣa, liberação, significa livrar-se das três classes de sofrimento da vida, como também do nascimento, velhice, doença e morte. Às vezes, quando as pessoas estão um pouco interessadas, elas adotam um caminho que não é nem mesmo autorizado ou inventam algo. Mas não é preciso inventar nada. Através deste processo da consciência de Kṛṣṇa, todos podem se elevar. Todos podem se liberar, a despeito de sua situação ou cultura. Difundimos este movimento da consciência de Kṛṣṇa pelo mundo todo, e as pessoas estão ficando felizes em decorrência disso.
De acordo com a Bhagavad-gītā (9.32), qualquer um pode refugiar-se em Kṛṣṇa. Kṛṣṇa não rejeita ninguém, e, da mesma forma, o devoto de Kṛṣṇa não rejeita ninguém. Assim é o movimento da consciência de Kṛṣṇa. Dizemos a todos: “Sim, sejam bem-vindos. Aceitem esta educação e vida espiritual e tornem-se devotos de Kṛṣṇa.” Às vezes somos criticados por causa dessa atitude, mas Kṛṣṇa diz especificamente na Bhagavad-gītā que mesmo alguém de nascimento inferior pode refugiar-se nEle e, dessa maneira, elevar-se à plataforma de liberação. O que se dizer, então, de pessoas piedosas nascidas em famílias bramânicas? Infelizmente, nesta era, as pessoas que nascem em famílias ricas ou bramânicas costumam negligenciar a realização espiritual. Elas desperdiçam sua oportunidade e esgotam os resultados de suas atividades piedosas. A fim de se aprimorar, a sociedade precisa de sādhus de primeira classe. Se todos são śūdras e libertinos, como podemos ter uma sociedade pacífica? Portanto, para organizar a sociedade, Kṛṣṇa recomenda o varṇāśrama-dharma. Deve haver brāhmaṇas, kṣatriyas, vaiśyas e śūdras ideais. Entretanto, ninguém se importa com isso.
Alguém pode perguntar: “O que é um sādhu?” Sādhu é aquele que serve a Kṛṣṇa e se ocupa em consciência de Kṛṣṇa sem reservas. Na Bhagavad-gītā (9.30), Śrī Kṛṣṇa diz:
api cet su-durācāro
bhajate mām ananya-bhāk
sādhur eva sa mantavyaḥ
samyag vyavasito hi saḥ
“Mesmo que alguém cometa ações das mais abomináveis, se estiver ocupado em serviço devocional deve ser considerado santo porque está devidamente situado em sua determinação.”
É dever do sādhu ser muito tolerante. Quando alguém se torna devoto, muita gente passa a ser seu inimigo, pois, nesta era, quase todos são demoníacos. Até mesmo o próprio pai pode tornar-se um inimigo, como aconteceu com Hiraṇyakaśipu, o pai de Prahlāda Mahārāja. Prahlāda tinha apenas cinco anos e costumava cantar Hare Kṛṣṇa, mas seu pai preparou-se para matá-lo, porque ele era um devoto. Hiraṇyakaśipu dizia: “Por que você está cantando Hare Kṛṣṇa? Por que você fala de um Deus distinto? Eu sou Deus.” Isso é ser um asura, um demônio. Patifes que se dizem Deus não passam de demônios. Embora o pai de Prahlāda insistisse que era Deus, Prahlāda Mahārāja não podia aceitar isso. Ele simplesmente aceitava seu pai como um demônio, e, por conseguinte, houve uma desavença entre eles. Quando Hiraṇyakaśipu perguntou a Prahlāda Mahārāja: “Qual foi a melhor coisa que você aprendeu com seus professores?”, Prahlāda respondeu: “Ó melhor dos demônios, tanto quanto pude entender, porque aceitamos este corpo material, teremos de aceitar a morte. Mas esse não é o objetivo da vida humana. Vida humana destina-se a mokṣa, liberação.” Infelizmente, os homens tolos não compreendem isso. Kṛṣṇa diz que mṛtyuḥ sarva-haraś cāham: “Eu sou a morte e tirarei tudo o que você possui.” (Bhagavad-gītā 10.34) Hiraṇyakaśipu era um demônio tão poderoso que até mesmo os semideuses tinham medo dele, mas Kṛṣṇa acabou com tudo em um segundo. Hiraṇyakaśipu buscou segurança e, em virtude disso, ele pensava: “Não morrerei dessa maneira nem daquela.” Mas ele não pensou que o Senhor, na forma de Nṛsiṁha, pudesse matá-lo. Não importa o quanto sejamos inteligentes e o quanto possamos tentar enganar Kṛṣṇa: Kṛṣṇa é sempre mais inteligente. Quando mãe Yaśodā tentou amarrar Kṛṣṇa com uma corda, ela descobriu que sempre faltavam cinco centímetros. Nossa inteligência é assim. Queremos enganar a Deus e sobrepujá-lO, mas isso é impossível. As pessoas se consideram muito avançadas em conhecimento, mas, na verdade, devido a seu orgulho, māyā rouba-lhes o conhecimento. Kṛṣṇa tira o conhecimento de homens ateístas e demoníacos como Hiraṇyakaśipu. Os ateus não sabem que a inteligência de Kṛṣṇa é sempre cinco centímetros maior do que a de qualquer outro.
Na vida material, tudo o que fazemos é lutar pela existência. Queremos existir, e não queremos morrer. Tampouco desejamos nos submeter às dores do nascimento, das doenças e da velhice. Existem muitos sofrimentos na vida material que não desejamos, mas eles são forçados sobre nós. Infelizmente, não somos inteligentes o bastante para dar uma solução definitiva a todos esses problemas. Deveríamos estar indagando, tal qual Sanātana Gosvāmī, sobre como acabar com todos eles. Em vez disso, agimos de tal maneira que somos forçados a aceitar outro corpo material. Experimentamos as dificuldades que surgem deste corpo material, mas não agimos da maneira correta para nos liberarmos. Este movimento da consciência de Kṛṣṇa está dando informações sobre como alcançar a liberação.
Aqueles que são mahātmās vivem ocupados em cantar Hare Kṛṣṇa, Hare Kṛṣṇa, Kṛṣṇa Kṛṣṇa, Hare Hare/ Hare Rāma, Hare Rāma, Rāma Rāma, Hare Hare. Bhajana quer dizer cantar Hare Kṛṣṇa. Se servimos um mahātmā como Haridāsa Ṭhākura, que estava sempre ocupado em cantar Hare Kṛṣṇa, nosso caminho para a liberação está aberto. Entretanto, se nos associamos com materialistas, que simplesmente vivem como loucos atrás de gozo dos sentidos, trilhamos o caminho da escuridão. Tamo-dvāraṁ yoṣitāṁ saṅgi-saṅgam. Os Vedas prescrevem que não permaneçamos na escuridão, senão que nos aproximemos da luz. Aceitamos um corpo, mas não poderemos permanecer neste corpo para sempre. Teremos de abandoná-lo e aceitar outro, e depois outro e mais outro. Que tipo de ocupação é essa? O mundo material vive nessa escuridão, e o mundo inteiro está aceitando um corpo após outro. Por conseguinte, o movimento da consciência de Kṛṣṇa está aqui para dar iluminação e liberação, e está oferecendo não apenas o simplíssimo processo de cantar Hare Kṛṣṇa, mas também a filosofia mais sublime.