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VERSO 19

ei tina ṭhākura gauḍīyāke kariyāchena ātmasāt
e tinera caraṇa vandoṅ, tine mora nātha

ei essas; tina três; ṭhākura Deidades; gauḍīyāke os gauḍīya vaiṣṇavas; kariyāchena têm feito; ātmasāt absortos; e essas; tinera das três; caraṇa pés de lótus; vandoṅ adoro; tine essas três; mora meus; nātha — Senhores.

Essas três Deidades de Vṛndāvana [Madana-mohana, Govinda e Gopīnātha] têm absorvido o corpo e a alma dos gauḍīya vaiṣṇavas [seguidores do Senhor Caitanya]. Adoro Seus pés de lótus, pois Elas são os Senhores de meu coração.

SIGNIFICADO—O autor do Śrī Caitanya-caritāmṛta oferece suas respeitosas reverências às três Deidades de Vṛndāvana, chamadas Śrī Rādhā-Madana-mohana, Śrī Rādhā-Govindadeva e Śrī Rādhā-Gopīnāthajī. Essas três Deidades são a vida e alma dos vaiṣṇavas bengalis, ou gauḍīya vaiṣṇavas, cuja tendência natural é de residir em Vṛndāvana. Os gauḍīya vaiṣṇavas que seguem estritamente a linha de Śrī Caitanya Mahāprabhu adoram a Divindade, cantando sons transcendentais destinados a desenvolver seu sentido de relacionamento transcendental com o Senhor Supremo, uma reciprocidade de doçuras (rasas) de afeto mútuo e, enfim, a consecução do sucesso desejado no serviço amoroso. Essas três Deidades são adoradas em três fases diferentes do desenvolvimento de cada um. Os seguidores de Śrī Caitanya Mahāprabhu observam meticulosamente estes princípios de abordagem.

Os gauḍīya vaiṣṇavas divisam o objetivo último em hinos védicos compostos de dezoito letras transcendentais que adoram Kṛṣṇa como Madana-mohana, Govinda e Gopījana-vallabha. Madana-mohana é aquele que encanta Cupido, o deus do amor; Govinda é aquele que satisfaz os sentidos e as vacas, e Gopījana-vallabha é o amante transcendental das gopīs. O próprio Kṛṣṇa é chamado de Madana-mohana, Govinda, Gopījana-vallabha e inúmeros outros nomes conforme Sua atuação em diferentes passatempos com Seus devotos.

As três Deidades – Madana-mohana, Govinda e Gopījana-vallabha – têm qualidades muito específicas. A adoração a Madana-mohana é feita na plataforma do restabelecimento de nossa relação esquecida com a Personalidade de Deus. Atualmente no mundo material, ignoramos inteiramente nossa relação com o Senhor Supremo. Paṅgoḥ refere-se àquele que não pode se locomover independentemente, por sua própria força, e manda-mateḥ é aquele que é menos inteligente por estar demasiadamente absorto em atividades materialistas. Para pessoas assim, é melhor que não aspirem ao sucesso em atividades fruitivas ou especulação mental, senão que, em vez disso, simplesmente se rendam à Suprema Personalidade de Deus. A perfeição da vida é render-se ao Supremo, e nada mais. Portanto, no começo de nossa vida espiritual, devemos adorar Madana-mohana para que Ele nos atraia e anule nosso apego ao gozo material dos sentidos. Essa relação com Madana-mohana é necessária para os devotos neófitos. Quando se deseja prestar serviço ao Senhor com forte apego, adora-se, então, Govinda na plataforma de serviço transcendental. Govinda é o reservatório de todos os prazeres. Quando, pela graça de Kṛṣṇa e dos devotos, alguém alcança a perfeição no serviço devocional, pode apreciar Kṛṣṇa como Gopījana-vallabha, a Deidade do prazer das donzelas de Vraja.

O Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu explicou que esse modo de serviço devocional tem três fases, e por isso essas Deidades adoráveis foram instaladas em Vṛndāvana por diferentes Gosvāmīs. Os gauḍīya vaiṣṇavas lá querem-nas muito, e visitam Seus templos pelo menos uma vez por dia. Além dos templos dessas três Deidades, estabeleceram-se em Vṛndāvana muitos outros templos, tais como o templo de Rādhā-Dāmodara, de Jīva Gosvāmī; o templo de Śyāmasundara, de Śyāmānanda Gosvāmī; o templo de Gokulānanda, de Lokānatha Gosvāmī, e o templo de Rādhā-ramaṇa, de Gopāla Bhaṭṭa Gosvāmī. Há sete templos principais com mais de quatrocentos anos de idade que são os mais importantes dentre os cinco mil templos agora existentes em Vṛndāvana.

Gauḍīya” indica a região da Índia entre o lado sul das montanhas dos Himalaias e a parte norte das colinas Vindhyā, chamada Āryāvarta, ou a terra dos arianos. Essa porção da Índia divide-se em cinco partes ou províncias (Pañca-gauḍadeśa): Sārasvata (Kashmir e Punjab), Kānyakubja (Uttar Pradesh, incluindo a moderna cidade de Lucknow), Madhya-gauḍa (Madhya Pradesh), Maithila (Bihar e parte da Bengala) e Utkala (parte da Bengala e toda a Orissa). Às vezes, a Bengala é chamada de Gauḍadeśa, em parte porque forma uma porção de Maithila, e em parte porque a capital do rei hindu Rāja Lakṣmaṇa Sena era conhecida como Gauḍa. Essa antiga capital ficou conhecida mais tarde como Gauḍapura e, gradualmente, Māyāpur.

Os devotos de Orissa chamam-se uḍiyās, os devotos da Bengala chamam-se gauḍīyas, e os do sul da Índia são conhecidos como devotos drāviḍī. Assim como há cinco províncias em Āryāvarta, da mesma forma, Dākṣiṇātya, o sul da Índia, divide-se também em cinco províncias, chamadas Pañca-draviḍa. Os quatro ācāryas vaiṣṇavas que são as grandes autoridades das quatro sucessões discipulares vaiṣṇavas, bem como Śrīpāda Śaṅkarācārya da escola māyāvāda, apareceram nas províncias Pañca-draviḍa. Dentre os quatro ācāryas vaiṣṇavas, todos os quais são aceitos pelos gauḍīya vaiṣṇavas, Śrī Rāmānuja Ācārya apareceu na parte sul de Andhra Pradesh em Mahābhūta-purī, Śrī Madhva Ācārya apareceu em Pājakam (próximo a Vimānagiri) no distrito de Myāṅgālora, Śrī Viṣṇusvāmī apareceu em Pāṇḍya, e Śrī Nimbārka apareceu em Muṅgera-patana no extremo sul.

Śrī Caitanya Mahāprabhu aceitou a corrente de sucessão discipular oriunda de Madhva Ācārya, mas os vaiṣṇavas em Sua linha não aceitam os tattva-vādīs, que também afirmam pertencer à Mādhva-sampradāya. Para se distinguirem claramente do ramo tattva-vādī de descendentes de Madhva, os vaiṣṇavas da Bengala preferem chamar-se gauḍīya vaiṣṇavas. Śrī Madhva Ācārya é também conhecido como Śrī Gauḍa-pūrṇānanda, e por isso o nome Mādhva-Gauḍīya-sampradāya é bastante adequado para a sucessão discipular dos gauḍīya vaiṣṇavas. Nosso mestre espiritual, Oṁ Viṣṇupāda Śrīmad Bhaktisiddhānta Sarasvatī Gosvāmī Mahārāja, aceitou iniciação na Mādhva-Gauḍīya-sampradāya.

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