VERSO 57
cintāmaṇir jayati somagirir gurur me
śikṣā-guruś ca bhagavān śikhi-piñcha-mauliḥ
yat-pāda-kalpataru-pallava-śekhareṣu
līlā-svayaṁvara-rasaṁ labhate jayaśrīḥ
cintāmaṇiḥ jayati — todas as glórias a Cintāmaṇi; soma-giriḥ — Somagiri (o guru iniciador); guruḥ — mestre espiritual; me — meu; śikṣā-guruḥ — mestre espiritual instrutor; ca — e; bhagavān — a Suprema Personalidade de Deus; śikhi-piñcha — com penas de pavão; mauliḥ — cuja cabeça; yat — cujos; pāda — dos pés de lótus; kalpataru — como árvores-dos-desejos; pallava — como folhas frescas; śekhareṣu — às unhas dos pés; līlā-svayam-vara — de passatempos conjugais; rasam — doçura; labhate — obtém; jaya-śrīḥ — Śrīmatī Rādhārāṇī.
“Todas as glórias a Cintāmaṇi e a meu mestre espiritual iniciador, Somagiri. Todas as glórias a meu mestre espiritual instrutor, a Suprema Personalidade de Deus, que usa penas de pavão em Sua coroa. Sob a sombra de Seus pés de lótus, que são como árvores-dos-desejos, Jayaśrī [Rādhārāṇī] goza da doçura transcendental de uma consorte eterna.”
SIGNIFICADO—Este verso é do Kṛṣṇa-karṇāmṛta, que foi escrito por um grande sannyāsī vaiṣṇava chamado Bilvamaṅgala Ṭhākura, que é também conhecido como Līlāśuka. Ele desejou intensamente ingressar nos passatempos eternos do Senhor, e viveu em Vṛndāvana por setecentos anos nos arredores do Brahmākuṇḍa, um balneário ainda existente em Vṛndāvana. Num livro chamado Śrī Vallabha-digvijaya, narra-se a história de Bilvamaṅgala Ṭhākura. Ele apareceu no século oito da era Śaka, na província de Draviḍa, e foi o principal discípulo de Viṣṇusvāmī. Numa lista de templos e monastérios arquivada no monastério de Śaṅkarācārya em Dvārakā, menciona-se Bilvamaṅgala como o fundador do templo de Dvārakādhīśa daquela cidade. Ele confiou o serviço de sua Deidade a Hari Brahmacārī, um discípulo de Vallabha Bhaṭṭa.
Bilvamaṅgala Ṭhākura ingressou realmente nos passatempos transcendentais do Senhor Kṛṣṇa. Ele registrou suas experiências transcendentais e apreciações no livro conhecido como Kṛṣṇa-karṇāmṛta. No começo desse livro, ele oferece suas reverências a seus diferentes gurus, devendo-se observar que ele os adora a todos igualmente. O primeiro mestre espiritual mencionado é Cintāmaṇi, a qual foi sua mestra espiritual instrutora, pois foi a primeira pessoa a mostrar-lhe o caminho espiritual. Cintāmaṇi era uma prostituta com a qual Bilvamaṅgala tivera intimidade anteriormente em sua vida. Ela lhe deu a inspiração para iniciar o caminho do serviço devocional, e, como convenceu-o a abandonar a existência material para buscar a perfeição amando Kṛṣṇa, as primeiras reverências ele oferece a ela. A seguir, ele presta seus respeitos a seu mestre espiritual iniciador, Somagiri, e então à Suprema Personalidade de Deus, que também foi seu mestre espiritual instrutor. Ele é explícito ao mencionar Bhagavān, com penas de pavão em Sua coroa, porque o Senhor de Vṛndāvana, Kṛṣṇa, o vaqueirinho, costumava vir conversar com Bilvamaṅgala e fornecer-lhe leite. Em sua adoração a Śrī Kṛṣṇa, a Personalidade de Deus, ele descreve que Jayaśrī, ou Śrīmatī Rādhārāṇī, a deusa da fortuna, refugia-Se à sombra dos pés de lótus dEle para gozar da rasa transcendental do amor nupcial. Todo o tratado do Kṛṣṇa-karṇāmṛta é dedicado aos passatempos transcendentais de Śrī Kṛṣṇa e Śrīmatī Rādhārāṇī. É um livro para ser lido e entendido pelos mais elevados devotos de Śrī Kṛṣṇa.