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VERSO 257

prabhura nindāya sabāra buddhi haila nāśa
supaṭhita vidyā kārao nā haya prakāśa

prabhura — contra o Senhor; nindāya em acusação; sabāra — de todos; buddhi a inteligência; haila — ficou; nāśa deteriorada; su-paṭhita bem estudado; vidyā conhecimento; kārao de todos;— não; haya — se torna; prakāśa manifesto.

Após essa decisão dos estudantes, que criticaram Śrī Caitanya Mahāprabhu diretamente, a inteligência deles se deteriorou. Assim, embora fossem estudiosos eruditos, por causa dessa ofensa, a essência do conhecimento não se manifestou neles.

SIGNIFICADO—A Bhagavad-gītā diz que māyayāpahṛta-jñānā āsuraṁ bhāvam āśritāḥ: quando alguém se torna hostil contra a Suprema Personalidade de Deus, adotando uma atitude ateísta (āsuraṁ bhāvam), mesmo que seja um estudioso erudito, a essência do conhecimento não se manifestará nele; em outras palavras, a essência de seu conhecimento lhe será roubada pela energia ilusória do Senhor. A esse respeito, Śrī Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura cita um mantra da Śvetāśvatara Upaniṣad (6.23):

yasya deve parā bhaktir
yathā deve tathā gurau

tasyaite kathitā hy arthāḥ
prakāśante mahātmanaḥ

Esse verso explica que quem tem devoção inabalável pela Suprema Personalidade de Deus, Viṣṇu, e a mesma devoção pelo mestre espiritual, sem nenhum motivo ulterior, adquire domínio de todo o conhecimento. No coração de tal devoto, se manifesta a verdadeira essência do conhecimento védico. Essa essência não é nada senão rendição à Suprema Personalidade de Deus (vedaiś ca sarvair aham eva vedyaḥ). Somente a quem se rende plenamente ao mestre espiritual e ao Senhor Supremo é que a essência do conhecimento védico se manifesta, e a ninguém mais. Śrī Prahlāda Mahārāja enfatiza esse mesmo princípio no Śrīmad-Bhāgavatam (7.5.24):

iti puṁsārpitā viṣṇau
bhaktiś cen nava-lakṣaṇā

kriyate bhagavaty addhā
tan manye ’dhītam uttamam

“Alguém que aplica diretamente estes nove princípios [ouvir, cantar, lembrar-se etc.] no serviço ao Senhor é tido como um homem altamente erudito que assimilou os textos védicos muito bem, pois a meta do estudante da literatura védica é compreender a supremacia do Senhor Śrī Kṛṣṇa.” Śrīdhara Svāmī confirma em seu comentário que primeiro é preciso se render ao mestre espiritual, após o que o processo de serviço devocional se desenvolverá. Não é verdade que só aquele que diligentemente segue uma carreira acadêmica pode se tornar devoto. Mesmo sem carreira acadêmica, se alguém tem plena fé no mestre espiritual e na Suprema Personalidade de Deus, pode desenvolver sua vida espiritual e o verdadeiro conhecimento dos Vedas. O exemplo de Mahārāja Khaṭvāṅga confirma isso. Subentende-se que quem se rende aprendeu o conteúdo dos Vedas muito bem. Aquele que adota este processo védico de rendição aprende o serviço devocional e com certeza é exitoso. No entanto, quem é muito orgulhoso é incapaz de se render, quer ao mestre espiritual, quer à Suprema Personalidade de Deus. Assim, não pode entender a essência de nenhuma obra védica. O Śrīmad-Bhāgavatam (11.11.18) declara:

śabda-brahmaṇi niṣṇāto
na niṣṇāyāt pare yadi
śramas tasya śrama-phalo
hy adhenum iva rakṣataḥ

“Se alguém é erudito na literatura védica, mas não é devoto do Senhor Viṣṇu, o esforço de seu trabalho é um desperdício inútil. É assim como manter uma vaca que não dá leite.”

Qualquer pessoa que não siga o processo de rendição, mas simplesmente se interessa numa carreira acadêmica, não pode fazer avanço algum. Seu proveito é apenas um esforço em troca de nada. Se alguém é perito no estudo dos Vedas, mas não se rende ao mestre espiritual ou a Viṣṇu, todo o seu cultivo de conhecimento é tão somente desperdício de tempo e esforço.

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