VERSO 33
vrajera nirmala rāga śuni’ bhakta-gaṇa
rāga-mārge bhaje yena chāḍi’ dharma-karma
vrajeravrajera — de Vraja; nirmala — imaculado; rāga — amor; śuni’ — ouvindo; bhakta-gaṇa — os devotos; rāga-mārge — no caminho de amor espontâneo; bhaje — eles adoram; yena — para que; chāḍi’ — abandonando; dharma — religiosidade; karma — atividades fruitivas.
“Então, ao ouvirem sobre o amor puro dos residentes de Vraja, os devotos hão de Me adorar no caminho de amor espontâneo, abandonando todos os rituais de religiosidade e atividades fruitivas.”
SIGNIFICADO—Muitas almas realizadas, tais como Raghunātha Dāsa Gosvāmī e o rei Kulaśekhara, recomendam com muita ênfase que se desenvolva esse amor espontâneo a Deus, mesmo sob o risco de transgredir todos os códigos tradicionais de moralidade e religiosidade. Śrī Raghunātha Dāsa Gosvāmī, um dos seis Gosvāmīs de Vṛndāvana, escreve em suas orações chamadas Manaḥ-śikṣā que se deve simplesmente adorar Rādhā e Kṛṣṇa com toda a atenção. Na dharmaṁ nādharmaṁ śruti-gaṇa-niruktaṁ kila kuru: não se deve ter muito interesse pela execução de rituais védicos ou pela mera observância de regras e regulações.
Em seu livro Mukunda-mālā-stotra, o rei Kulaśekhara também escreve:
nāsthā dharme na vasu-nicaye naiva kāmopabhoge
yad bhāvyaṁ tad bhavatu bhagavan pūrva-karmānurūpam
etat prārthyaṁ mama bahu-mataṁ janma-janmāntare ’pi
tvat-pādāmbho-ruha-yuga-gatā niścalā bhaktir astu
“Não sinto atração por executar rituais religiosos ou por manter algum reino terrestre. Não me importo com gozos sensoriais: que eles apareçam e desapareçam de acordo com meus atos anteriores. Meu único desejo é estar fixo em serviço devocional aos pés de lótus do Senhor, mesmo que continue a nascer aqui, vida após vida.”