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VERSO 64

prabhu kahe, — āmi ha-i hīna-sampradāya
tomā-sabāra sabhāya vasite nā yuyāya

prabhu kahe o Senhor respondeu; āmi Eu; ha-i sou; hīna-sampradāya — pertencendo a uma escola espiritual inferior; tomā-sabāra de todos vós; sabhāya na assembleia; vasite sentar-Me; jamais; yuyāya posso ousar.

O Senhor respondeu: “Pertenço a uma ordem inferior de sannyāsīs. Portanto, não mereço sentar-Me convosco.”

SIGNIFICADO—Os sannyāsīs māyāvādīs são sempre muito arrogantes devido a seu conhecimento de sânscrito e por pertencerem ao Śaṅkara-sampradāya. Eles sempre têm a impressão de que, a menos que alguém seja brāhmaṇa e ótimo sanscritista, especialmente bom gramático, não pode aceitar a ordem de vida renunciada, nem se tornar um pregador. Os sannyāsī māyāvādīs sempre interpretam mal todos os śāstras com seus malabarismos de palavras e composições gramaticais. Contudo, o próprio Śrīpāda Śaṅkarācārya condenou semelhante malabarismo de palavras no verso prāpte sannihite kāle na hi na hi rakṣati ḍukṛñ karaṇe. Ḍukṛñ refere-se a sufixos e prefixos na gramática sânscrita. Śaṅkarācārya advertiu seus discípulos de que, se eles se preocupassem apenas com os princípios de gramática, não adorando Govinda, fariam papel de tolos e jamais se salvariam. Não obstante, a despeito das instruções de Śrīpāda Śaṅkarācārya, os tolos sannyāsīs māyāvādīs vivem atarefados com malabarismos de palavras com base em estrita gramática sânscrita.

Sannyāsīs māyāvādīs são muito orgulhosos caso ostentem títulos de sannyāsī elevados, tais como tīrtha, āśrama e sarasvatī. Mesmo entre os māyāvādīs, aqueles que pertencem a outros sampradāyas e ostentam outros títulos, tais como vana, āraṇya ou bhāratī, são considerados sannyāsīs de classe inferior. Śrī Caitanya Mahāprabhu recebeu sannyāsa no Bhāratī-sampradāya, e assim considerava-Se um sannyāsī inferior a Prakāśānanda Sarasvatī. Para manter-se distintos de sannyāsīs vaiṣṇavas, os sannyāsīs do Māyāvāda-sampradāya sempre se julgam situados numa ordem espiritual muito elevada; porém, o Senhor Caitanya Mahāprabhu, a fim de ensinar-lhes como tornarem-se humildes e mansos, admitiu pertencer a um sampradāya inferior de sannyāsīs. Assim, Ele desejou frisar claramente que sannyāsī é aquele que é avançado em conhecimento espiritual. Deve-se aceitar que quem é avançado em conhecimento espiritual ocupa uma posição melhor do que quem carece de tal conhecimento.

Os sannyāsīs da Māyāvādī-sampradāya geralmente são conhecidos como vedāntīs, como se o vedānta fosse monopólio deles. Na verdade, contudo, vedāntī refere-se a alguém que conhece Kṛṣṇa perfeitamente. Como confirma a Bhagavad-gītā (15.15), vedaiś ca sarvair aham eva vedyaḥ: “O objetivo de todos os Vedas é conhecer Kṛṣṇa.” Os vedāntīs māyāvādīs, ditos vedāntīs, não sabem quem é Kṛṣṇa, de modo que eles terem o título vedāntī, ou seja, “conhecedor da filosofia vedānta”, é mera pretensão. Os sannyāsīs māyāvādīs sempre se julgam verdadeiros sannyāsīs, e consideram sannyāsīs da ordem vaiṣṇava como brahmacārīs. Supõe-se que o brahmacārī se ocupe a serviço de um sannyāsī e o aceite como seu guru. Portanto, os sannyāsīs māyāvādīs declaram ser, não somente gurus, mas também jagad-gurus, ou seja, os mestres espirituais do mundo inteiro, embora, naturalmente, não possam visitar o mundo inteiro. Às vezes, vestem-se pomposamente e viajam montados em elefantes em procissões, e assim são sempre arrogantes, aceitando-se como jagad-gurus. No entanto, Śrīla Rūpa Gosvāmī explica que, na verdade, jagad-guru refere-se àquele que tem controle sobre a língua, a mente, as palavras, o estômago, os órgãos genitais e a ira. Pṛthivīṁ sa śiṣyāt: um jagad-guru assim é inteiramente digno de fazer discípulos em todo o mundo. Devido ao falso prestígio, os sannyāsīs māyāvādīs que não têm essas qualificações às vezes hostilizam e blasfemam um sannyāsī vaiṣṇava que se ocupa humildemente a serviço do Senhor.

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