VERSO 189
nīca-jāti, nīca-saṅgī, kari nīca kāja
tomāra agrete prabhu kahite vāsi lāja
nīca-jāti — classificados entre os caídos; nīca-saṅgī — associados com almas caídas; kari — realizamos; nīca — abominável; kāja — trabalho; tomāra — de Vós; agrete — em frente; prabhu — ó Senhor; kahite — para dizer; vāsi — sentimo-nos; lāja — envergonhados.
“Senhor, pertencemos à classe mais baixa de homens, e nossos associados e emprego são também da categoria mais baixa. Não podemos, portanto, apresentar-nos a Vós. Sentimo-nos bastante envergonhados estando aqui perante Vós.”
SIGNIFICADO—Embora os dois irmãos Rūpa e Sanātana (naquela época, Dabira Khāsa e Sākara Mallika) se apresentassem como nascidos em família baixa, pertenciam, na verdade, a uma respeitabilíssima família de brāhmaṇas, a qual era, originalmente, de Karṇāṭa. Assim, na realidade, eles pertenciam à casta de brāhmaṇas. Infelizmente, por estarem associados com o serviço governamental muçulmano, seus costumes e comportamento se assemelhavam aos dos muçulmanos. Dessa forma, eles se apresentaram como nīca-jāti. A palavra jāti significa nascimento. Segundo o śāstra, há três espécies de nascimentos. O primeiro é o nascimento do ventre da mãe, o segundo é a aceitação do método reformatório e o terceiro nascimento é a aceitação pelo mestre espiritual (iniciação). Alguém se torna abominável ao adotar uma profissão abominável ou ao se associar com pessoas que sejam naturalmente abomináveis. Rūpa e Sanātana, como Dabira Khāsa e Sākara Mallika, associavam-se com muçulmanos, que naturalmente se opunham à cultura bramânica e à proteção às vacas. No Śrīmad-Bhāgavatam (sétimo canto), afirma-se que cada pessoa se enquadra numa determinada classificação. Identifica-se uma pessoa pelas características específicas mencionadas nos śāstras. Pelo seu caráter, sabe-se que alguém pertence a determinada casta. Tanto Dabira Khāsa quanto Sākara Mallika pertenciam à casta de brāhmaṇas, mas, por terem aceitado emprego dos muçulmanos, seus hábitos originais se degeneraram para os da comunidade muçulmana. Uma vez que os sintomas da cultura bramânica neles eram quase completamente inexistentes, eles se identificaram com a casta mais baixa. Afirma-se claramente no Bhakti-ratnākara que, por terem se associado com homens de classe inferior, Sākara Mallika e Dabira Khāsa se apresentaram como pertencentes às classes inferiores. Na realidade, contudo, eles nasceram de respeitáveis famílias de brāhmaṇas.