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VERSO 41

laghu-bhāgavatāmṛtādi ke karu gaṇana
sarvatra karila vraja-vilāsa varṇana

laghu-bhāgavatāmta-ādi — outra lista, contendo o Laghu-Bhāgavatāmṛta; ke — quem; karu gaṇana — pode enumerar; sarvatra — em toda parte; karila — fez; vraja-vilāsa — dos passatempos de Vṛndāvana; varṇana — descrição.

Quem pode enumerar os livros restantes (encabeçados pelo Laghu-bhāgavatāmṛta) escritos por Śrīla Rūpa Gosvāmī? Ele descreve os passatempos de Vṛndāvana em todos eles.

SIGNIFICADO—Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī faz uma descrição desses livros. O Bhakti-rasāmṛta-sindhu é um grande livro de instruções sobre como desenvolver serviço devocional ao Senhor Kṛṣṇa e seguir o processo transcendental. Foi concluído no ano de 1463 śakābda [1541 d.C.]. Esse livro se divide em quatro partes: pūrva-vibhāga (divisão oriental), dakṣiṇa-vibhāga (divisão meridional), paścima-vibhāga (divisão ocidental) e uttara-vibhāga (divisão setentrional). O pūrva-vibhāga descreve o desenvolvimento permanente do serviço devocional. Descrevem-se os princípios gerais do serviço devocional, a prática de serviço devocional, o êxtase em serviço devocional e, enfim, a consecução do amor a Deus. Dessa maneira, há quatro laharīs (ondas) nesta divisão do oceano do néctar da devoção.

No dakṣiṇa-vibhāga (divisão meridional), há uma descrição geral da doçura (relação) de nome bhakti-rasa, que se origina do serviço devocional. Há também descrições das fases conhecidas como vibhāva, anubhāva, sāttvika, vyabhicārī e sthāyi-bhāva, todas nessa elevada plataforma de serviço devocional. Assim, existem cinco ondas na divisão dakṣiṇa-vibhāga. Na divisão ocidental (paścima-vibhāga), há uma descrição dos principais humores transcendentais derivados do serviço devocional. Esses são conhecidos como mukhya-bhakti-rasa-nirūpaṇa, ou seja, consecução dos principais humores ou sentimentos no desempenho do serviço devocional. Nessa parte, há uma descrição do serviço devocional em neutralidade, desenvolvimento posterior em amor e afeição (chamado servidão), desenvolvimento posterior em fraternidade, desenvolvimento posterior em paternidade, ou amor de pai e mãe, e, enfim, amor conjugal entre Kṛṣṇa e Seus devotos. Logo, há cinco ondas na divisão ocidental.

A divisão setentrional (uttara-vibhāga) descreve as doçuras indiretas do serviço devocional – a saber, o serviço devocional em risos, serviço devocional em espanto e serviço devocional em cavalheirismo, piedade, ira, medo e honra. Há também misturas de doçuras e a transgressão de diferentes humores. Assim, existem nove ondas nessa parte. Este é apenas um breve esboço do Bhakti-rasāmṛta-sindhu.

O Vidagdha-mādhava é uma peça teatral dos passatempos do Senhor Kṛṣṇa em Vṛndāvana. Śrīla Rūpa Gosvāmī concluiu esta obra no ano de 1454 śakābda [1532 d.C]. A primeira parte dessa peça se chama veṇu-nāda-vilāsa; a segunda parte, manmatha-lekha; a terceira, rādhā-saṅga; a quarta, veṇu-haraṇa; a quinta, rādhā-prasādana; a sexta, śarad-vihāra, e a sétima e última parte, gaurī-vihāra.

Há também um livro chamado Ujjvala-nīlamaṇi, um relato transcendental de casos amorosos que inclui metáforas, analogias e sentimentos superiores de bhakti. Enquanto o Bhakti-rasāmṛta-sindhu descreve sucintamente o serviço devocional em amor conjugal, o Ujjvala-nīlamaṇi trata dele de forma muito elaborada. Esse livro descreve diferentes classes de amantes, seus auxiliares e aqueles que são muito queridos por Kṛṣṇa. Há também uma descrição de Śrīmatī Rādhārāṇī e outras amantes, bem como de diversas líderes de grupos. Mensageiros e companheiros constantes, bem como outros que são muito queridos por Kṛṣṇa, são todos descritos. A obra também relata como o amor a Kṛṣṇa é desperto e descreve a situação extática, a situação devocional, o êxtase permanente, o êxtase perturbado, o êxtase firme, diferentes posições de diferentes vestes, sentimentos de saudade, atração antecipada, ira com atração, variedades de casos amorosos, saudades do amado, encontro com o amado, e tanto o desfrute direto quanto o indireto entre o amante e a amada. Descreve-se tudo isso de forma muito elaborada.

De modo semelhante, o Lalita-mādhava é uma descrição dos passatempos de Kṛṣṇa em Dvārakā. Esses passatempos foram transformados em peças teatrais, e a obra foi concluída no ano de 1459 śakābda. A primeira parte trata de festividades vespertinas; a segunda, da morte de Śaṅkhacūḍa; a terceira, de Śrīmatī Rādhārāṇī enlouquecida; a quarta, do jeito como Rādhārāṇī Se comporta com Kṛṣṇa; a quinta, da conquista de Candrāvalī; a sexta, da conquista de Lalitā; a sétima, do encontro em Nava-vṛndāvana; a oitava, do desfrute em Nava-vṛndāvana; a nona, do exame de quadros, e a décima, da plena satisfação da mente. Assim, a peça completa se divide em dez partes.

O Laghu-Bhāgavatāmṛta divide-se em duas partes. A primeira se chama “O Néctar de Kṛṣṇa”, e a segunda, “O Néctar do Serviço Devocional”. Enfatiza-se na primeira parte a importância da evidência védica, após o que se descreve a forma original da Suprema Personalidade de Deus como Śrī Kṛṣṇa e Seus passatempos e expansões em svāśa (formas pessoais) e vibhinnāśa. Segundo diferentes absorções, as encarnações se chamam āveśa e tad-ekātma. A primeira encarnação divide-se em três puruṣāvatāras – a saber, Mahā-Viṣṇu, Garbhodakaśāyī Viṣṇu e Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu. Então, há as três encarnações dos modos da natureza – a saber, Brahmā, Viṣṇu e Maheśvara (Śiva). Toda a parafernália usada a serviço do Senhor é transcendental, além das três qualidades deste mundo material. Há também uma descrição dos vinte e cinco līlā-avatāras, a saber, Catuḥsana (os Kumāras), Nārada, Varāha, Matsya, Yajña, Nara-nārāyaṇa Ṛṣi, Kapila, Dattātreya, Hayagrīva, Haṁsa, Pṛśnigarbha, Ṛṣabha, Pṛthu, Nṛsiṁha, Kūrma, Dhanvantari, Mohinī, Vāmana, Paraśurāma, Dāśarathi, Kṛṣṇa-dvaipāyana, Balarāma, Vāsudeva, Buddha e Kalki. Existem também quatorze encarnações manvantara: Yajña, Vibhu, Satyasena, Hari, Vaikuṇṭha, Ajita, Vāmana, Sārvabhauma, Ṛṣabha, Viṣvaksena, Dharmasetu, Sudhāmā, Yogeśvara e Bṛhadbhānu. Também existem quatro encarnações para os quatro yugas, e suas cores são descritas como branca, vermelha, enegrecida e negra (às vezes amarela, como no caso do Senhor Caitanya Mahāprabhu). Há diferentes espécies de milênios e encarnações para tais milênios. As categorias chamadas āveśa, prābhava, vaibhava e para constituem diferentes situações para as diferentes encarnações. Segundo passatempos específicos, os nomes são espiritualmente dotados de poder. Descreve-se também a diferença entre o poderoso e o poder, e as inconcebíveis atividades do Senhor Supremo.

Śrī Kṛṣṇa é a Suprema Personalidade de Deus original, e ninguém é superior a Ele. Ele é a fonte de todas as encarnações. No Laghu-Bhāgavatāmṛta, há descrições de Suas encarnações parciais, uma descrição da refulgência Brahman impessoal (na verdade, a refulgência do corpo de Śrī Kṛṣṇa), a sobre-excelência dos passatempos de Śrī Kṛṣṇa como um ser humano comum com duas mãos, e assim por diante. Não há nada comparável à forma de dois braços do Senhor. No mundo espiritual (Vaikuṇṭha-jagat), não há distinção entre o proprietário do corpo e o próprio corpo. No mundo material, o proprietário do corpo se chama a alma, e o corpo é chamado de manifestação material. Entretanto, no mundo Vaikuṇṭha, semelhante distinção não existe. O Senhor Śrī Kṛṣṇa é não-nascido, e Seu aparecimento como uma encarnação é perpétuo. Os passatempos de Kṛṣṇa se dividem em duas categorias – manifestos e imanifestos. Quando Kṛṣṇa, por exemplo, nasce neste mundo material, Seus passatempos são considerados manifestos. No entanto, quando Ele desaparece, não se deve pensar que Ele Se acabou, pois Seus passatempos continuam em forma imanifesta. Entretanto, os devotos e o Senhor Kṛṣṇa desfrutam de variedades de humores durante Seus passatempos manifestos. Afinal, Seus passatempos em Mathurā, Vṛndāvana e Dvārakā são eternos e prosseguem perpetuamente em algum lugar de alguma parte do universo.

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