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VERSO 43

śrī-bhāgavata-sandarbha-nāma grantha-vistāra
bhakti-siddhāntera tāte dekhāiyāchena pāra

śrī-bhāgavata-sandharbha-nāma — chamado Bhāgavata-sandarbha; grantha — o livro; vistāra — muito elaborado; bhakti-siddhāntera — das conclusões do serviço devocional; tāte — naquele livro; dekhāiyāchena — ele mostra; pāra — o limite.

No Śrī Bhāgavata-sandarbha, Śrīla Jīva Gosvāmī escreve conclusivamente sobre o fim último do serviço devocional.

SIGNIFICADO—O Bhāgavata-sandarbha é também conhecido como Ṣaṭ-sandarbha. Na primeira parte, chamada Tattva-sandarbha, prova-se que o Śrīmad-Bhāgavatam é a evidência mais autorizada, destacando diretamente a Verdade Absoluta. O segundo sandarbha, chamado Bhāgavat-sandarbha, delineia a distinção entre o Brahman impessoal e o Paramātmā localizado e descreve o mundo espiritual e o domínio do modo da bondade livre da contaminação dos outros dois modos materiais. Em outras palavras, há uma descrição vívida da posição transcendental conhecida como śuddha-sattva. A bondade material está sujeita a contaminar-se pelas outras duas qualidades materiais – a ignorância e a paixão –, mas, quando alguém está situado na posição de śuddha-sattva, não há possibilidade de tal contaminação. Trata-se da plataforma espiritual de bondade pura. Descreve-se também a potência do Senhor Supremo e da entidade viva, e há uma descrição das energias inconcebíveis e das variedades de energias do Senhor. Dividem-se as potências em categorias – interna, externa, pessoal, marginal e assim por diante.
Há também dissertações sobre a eternidade da adoração à Deidade, a onipotência da Deidade, Sua onipenetrância, como confere refúgio para todos, Suas potências sutis e grosseiras, Suas manifestações pessoais, Suas expressões de forma, qualidade e passatempos, Sua posição transcendental e Sua forma plena. Afirma-se também que tudo pertencente ao Absoluto tem a mesma potência, e que o mundo espiritual, os associados no mundo espiritual e as energias tríplices do Senhor no mundo espiritual são todos transcendentais. Há dissertações posteriores a respeito da diferença entre o Brahman impessoal e a Personalidade de Deus, a plenitude da Personalidade de Deus, o objetivo de todo o conhecimento védico, as potências pessoais do Senhor e a Personalidade de Deus como o autor original do conhecimento védico.

O terceiro sandarbha se chama Paramātma-sandarbha, obra em que se descreve Paramātmā (a Superalma) e se explica como a Superalma existe em milhões e milhões de entidades vivas. Tratam-se das diferenças entre as encarnações qualitativas, e há dissertações a respeito das entidades vivas, māyā, o mundo material, a teoria da transformação, a energia ilusória, a uniformidade deste mundo e da Superalma, e a verdade sobre este mundo material. A esse respeito, apresentam-se as opiniões de Śrīdhara Svāmī. Afirma-se que a Suprema Personalidade de Deus, embora destituída de qualidades materiais, superintende todas as atividades materiais. Discorre-se também sobre como as encarnações līlā-avatāra correspondem aos desejos dos devotos e como a Suprema Personalidade de Deus Se caracteriza por seis opulências.

O quarto sandarbha se chama Kṛṣṇa-sandarbha, e, nessa obra, prova-se que Kṛṣṇa é a Suprema Personalidade de Deus. Esse livro trata dos passatempos e qualidades de Kṛṣṇa, Sua superintendência sobre os puruṣa-avatāras e assim por diante. Nele, são corroboradas as opiniões de Śrīdhara Svāmī. Em cada escritura, enfatiza-se a supremacia de Kṛṣṇa. Baladeva, Saṅkarṣaṇa e outras expansões de Kṛṣṇa são emanações de Mahā-Saṅkarṣaṇa. Todas as encarnações e expansões existem simultaneamente no corpo de Kṛṣṇa, que é descrito como tendo duas mãos. Há também descrições do planeta Goloka, Vṛndāvana (o local eterno de Kṛṣṇa), a identidade de Goloka e Vṛndāvana, os Yādavas e os vaqueirinhos (ambos companheiros eternos de Kṛṣṇa), o ajuste e a igualdade dos passatempos manifestos e dos imanifestos, a manifestação de Śrī Kṛṣṇa em Gokula, as rainhas de Dvārakā como expansões da potência interna, e, superiores a elas, as sobre-excelentes gopīs. Também há uma lista de nomes das gopīs e uma dissertação sobre a elevadíssima posição de Śrīmatī Rādhārāṇī.

O quinto sandarbha chama-se Bhakti-sandarbha, e, nessa obra, há uma dissertação sobre como se pode praticar diretamente o serviço devocional e como se pode ajustar tal serviço, quer direta, quer indiretamente. Trata-se do conhecimento de todas as espécies de escrituras, do estabelecimento da instituição védica de varṇāśrama, de bhakti como superior à atividade fruitiva e assim por diante. Afirma-se também que, sem serviço devocional, até um brāhmaṇa é condenado. Fala-se do processo de karma-tyāga (ou seja, dar os resultados do karma à Suprema Personalidade de Deus) e das práticas de yoga místico e especulação filosófica, que são depreciadas como mero trabalho penoso. Desencoraja-se a adoração a semideuses e considera-se sublime a ação de adorar um vaiṣṇava. Não se presta reverência alguma aos não-devotos. Há discussões sobre como alguém pode libertar-se mesmo nesta vida (jīvan-mukta), a posição do senhor Śiva como devoto, e como o bhakta e seu serviço devocional existem eternamente. Afirma-se que, através de bhakti, pode-se obter todo o êxito, pois bhakti é transcendental às qualidades materiais. Fala-se de como o eu se manifesta através de bhakti. Trata-se também da bem-aventurança do eu e de como bhakti, mesmo se executada imperfeitamente, capacita-nos a alcançar os pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus. Louva-se imensamente o serviço devocional imotivado e explica-se como cada devoto pode alcançar a plataforma de serviço imotivado pela associação com outros devotos. Explicam-se as diferenças entre o mahā-bhāgavata e o devoto comum, os sintomas da especulação filosófica, os sintomas da autoadoração, ou seja, ahaṅgrahopāsanā, as características do serviço devocional, as características da perfeição imaginária, a aceitação de princípios reguladores, o serviço ao mestre espiritual, o mahā-bhāgavata (devoto liberado) e o serviço a ele, o serviço aos vaiṣṇavas em geral, os princípios de ouvir, cantar, lembrar e servir os pés de lótus do Senhor, as ofensas durante a adoração, os efeitos ofensivos, as orações, o ocupar-se como servo eterno do Senhor, o fazer amizade com o Senhor e a entrega de tudo para o prazer dEle. Há também um ensaio sobre rāgānugā-bhakti (amor espontâneo a Deus), outro sobre o propósito específico de tornar-se um devoto do Senhor Kṛṣṇa e um estudo comparativo de outras fases de perfeição.

O sexto sandarbha chama-se Prīti-sandarbha e traz uma tese sobre o amor a Deus, a qual afirma que, por meio do amor a Deus, nós nos tornamos perfeitamente liberados e alcançamos a meta mais elevada da vida. A mesma tese faz distinção entre a condição liberada do personalista e a do impersonalista, e trata também da liberação no transcurso da vida de alguém como distinta da liberação do cativeiro material. De todas as espécies de liberações, descreve-se a liberação em serviço amoroso ao Senhor como a mais sublime, e revela-se o encontro com a Suprema Personalidade de Deus face a face como a perfeição máxima da vida. Mostra-se o contraste entre a liberação imediata e a liberação mediante um processo gradual. Tanto a percepção de Brahman quanto o encontro com a Suprema Personalidade de Deus são descritos como liberação no transcurso da vida de alguém. Porém, mostra-se como é sobre-excelente o encontro com a Suprema Personalidade de Deus, tanto interna quanto externamente, sendo superior à percepção transcendental da refulgência de Brahman. Há um estudo comparativo da liberação como sālokya, sāmīpya e sārūpya. Sāmīpya é melhor do que sālokya. Considera-se que o serviço devocional é a liberação com maiores recursos, e há uma dissertação sobre como obtê-lo. Há também dissertações sobre o estado transcendental que alguém alcança após atingir a plataforma devocional, que é exatamente a posição do amor a Deus; sobre os sintomas marginais do amor transcendental e sobre como ele se desperta; sobre a distinção entre amor falso e amor transcendental na plataforma do amor a Deus, e sobre diferentes espécies de humores e doçuras desfrutados ao se saborearem os romances luxuriosos das gopīs, que são diferentes dos romances mundanos, os quais, por sua vez, são representações simbólicas do amor puro por Kṛṣṇa. Há também dissertações sobre bhakti misturada com especulação filosófica, sobre a sobre-excelência do amor das gopīs, sobre a diferença entre serviço devocional opulento e serviço devocional amoroso, sobre a posição elevada dos residentes de Gokula, sobre a posição progressivamente elevada dos amigos de Kṛṣṇa, dos gopas e das gopīs que têm amor paternal por Kṛṣṇa, e, por fim, sobre a sobre-excelência do amor das gopīs e do amor de Śrīmatī Rādhārāṇī. Há também um ensaio sobre como os sentimentos espirituais podem apresentar-se quando alguém simplesmente os imita e sobre como tais doçuras são muito superiores às doçuras ordinárias do amor mundano, e se descrevem diferentes êxtases, o despertar do êxtase, qualidades transcendentais, a distinção de dhīrodātta, a atratividade máxima do amor conjugal, as características extáticas, as características extáticas permanentes, as doçuras divididas em cinco aspectos transcendentais de serviço amoroso direto, e o serviço amoroso indireto, dividido em sete partes. Finalmente, há uma dissertação sobre a sobreposição de diferentes rasas, e há dissertações sobre śānta (neutralidade), servidão, o ato de refugiar-se, amor de pai e mãe, amor conjugal, deleite transcendental direto e deleite com saudades, atração prévia e as glórias de Śrīmatī Rādhārāṇī.

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