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VERSO 73

gopīnātha kahe, — iṅhāra nāhi bāhyāpekṣā
ataeva baḍa sampradāyera nāhika apekṣā

gopīnātha kahe — Gopīnātha Ācārya respondeu; iṅhāra — do Senhor; nāhi — não há; bāhya-apekā — dependência de qualquer formalidade externa; ataeva — portanto; baḍa — grande; sampradāyera — de uma comunidade; nāhika — não há; apekṣā — necessidade.

Gopīnātha Ācārya respondeu: “Śrī Kṛṣṇa Caitanya Mahāprabhu não depende de nenhuma formalidade externa. Ele não precisa aceitar a ordem de sannyāsa de um sampradāya superior.”

SIGNIFICADO—Śrī Caitanya Mahāprabhu aceitou sannyāsa do sampradāya (comunidade) Bhāratī, o qual pertence à sucessão discipular de Śaṅkarācārya. Śaṅkarācārya introduziu dez nomes para seus discípulos sannyāsīs, dentre os quais os sobrenomes Tīrtha, Āśrama e Sarasvatī são considerados os mais elevados. No monastério em Śṛṅgerī, o sobrenome Sarasvatī é considerado de primeira classe, o sobrenome Bhāratī é tido como sendo de segunda classe, e Purī, de terceira classe. Um sannyāsī que tenha entendido bem o bordão tat tvam asi e que toma seu banho na confluência dos rios Ganges, Yamunā e Sarasvatī é chamado Tīrtha. Uma pessoa muito ávida por aceitar sannyāsa, desapegada de atividades mundanas, sem desejo de nenhuma classe de recursos materiais e, portanto, livre de repetidos nascimentos e mortes é conhecida como Āśrama. O sannyāsī que vive em um belo local solitário na floresta e está livre de todos os desejos materiais se chama Vana. O sannyāsī que sempre vive na floresta e renuncia a toda ligação com o mundo a fim de se elevar aos planetas celestiais, onde poderá viver no Nandana-kānana, é chamado Araṇya. Aquele que prefere viver nas montanhas dedicando-se ao estudo da Bhagavad-gītā e cuja inteligência está fixa chama-se Giri. Aquele que prefere viver em grandes montanhas, mesmo entre animais ferozes, a fim de alcançar o ápice da especulação filosófica (entendendo que a essência deste mundo material é inútil) chama-se Parvata. O sannyāsī que mergulhou no oceano da Verdade Absoluta e colheu algumas pedras preciosas de conhecimento desse oceano, que jamais cai dos princípios reguladores de um sannyāsī, é chamado Sāgara. O que aprende a arte clássica da música, que se dedica a cultivá-la e que se torna músico exímio, inteiramente alheio aos apegos materiais, é chamado Sarasvatī. Sarasvatī é a deusa da música e da sabedoria, e, em sua mão, ela segura um instrumento musical chamado ā. O sannyāsī que vive absorto em música visando a elevação espiritual é chamado Sarasvatī. Alguém que se tornou plenamente instruído, livre de toda espécie de ignorância, e que nunca é infeliz, mesmo em condições miseráveis, chama-se Bhāratī. Aquele que se tornou muito perito em conhecimento absoluto, que está fixo na Verdade Absoluta e que sempre discorre sobre a Verdade Absoluta é chamado Purī.

Todos esses sannyāsīs são assistidos por brahmacārīs, os quais são descritos como segue: o brahmacārī conhecedor de sua verdadeira identidade e fixo em seu dever ocupacional específico, sempre feliz em compreensão espiritual, é chamado Svarūpa-brahmacārī. Aquele que conhece plenamente a refulgência Brahman e vive praticando yoga é chamado Prakāśa-brahmacārī. O que adquiriu conhecimento absoluto e que sempre medita na Verdade Absoluta, no conhecimento, no ilimitado e na refulgência Brahman, mantendo-se, assim, em bem-aventurança transcendental, é chamado Ānanda-brahmacārī. Alguém que é capaz de distinguir entre matéria e espírito, que nunca se deixa perturbar por transformações materiais e que medita na refulgência ilimitada, inexaurível e auspiciosa do Brahman é um brahmacārī erudito de primeira classe e é chamado Caitanya.

Ao conversar com Gopīnātha Ācārya sobre a comunidade de sannyāsa de Śrī Caitanya Mahāprabhu, Sārvabhauma Bhaṭṭācārya apreciou o primeiro nome, “Śrī Kṛṣṇa”, mas não gostou do sobrenome “Caitanya”, que é um nome para um brahmacārī pertencente à comunidade Bhāratī. Portanto, ele sugeriu que o Senhor fosse promovido à comunidade Sarasvatī. Contudo, Gopīnātha Ācārya frisou que o Senhor não depende de quaisquer formalidades externas. Gopīnātha Ācārya estava firmemente convencido de que Śrī Caitanya Mahāprabhu era o próprio Kṛṣṇa, e, portanto, independente de qualquer ritual ou formalidade externa. Se alguém quer ocupar-se em serviço devocional puro, não precisa de superioridade de título, como Bhāratī ou Sarasvatī.

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