VERSO 277
sabe, eka guṇa dekhi tomāra sampradāye
satya-vigraha kari’ īśvare karaha niścaye
sabe — em tudo; eka — uma; guṇa — qualidade; dekhi — vejo; tomāra — teu; sampradāye — no grupo; satya-vigraha — a forma do Senhor como verdadeira; kari’ — aceitando; īśvare — a Suprema Personalidade de Deus; karaha — vós; niścaye — convicção.
“A única qualificação que consigo ver em teu sampradāya é que vós aceitais a forma do Senhor como verdadeira.”
SIGNIFICADO—Śrī Caitanya Mahāprabhu queria apontar ao ācārya tattvavādī, membro do Madhvācārya-sampradāya, que o comportamento geral deles não favorecia o serviço devocional puro, o qual deve ser destituído das máculas de atividade fruitiva e conhecimento especulativo. A elevação a um padrão superior de vida é a mácula das atividades fruitivas, ao passo que se fundir na existência da Verdade Absoluta é a mácula do conhecimento especulativo. O sampradāya tattvavāda da escola de Madhvācārya aferra-se ao princípio de varṇāśrama-dharma, o qual envolve atividade fruitiva. Sua meta última (mukti) nada mais é do que uma forma de desejo. O devoto puro deve livrar-se de todas as classes de desejo. Ele só faz ocupar-se a serviço do Senhor. Não obstante, Caitanya Mahāprabhu estava contente de que o Madhvācārya-sampradāya, ou o sampradāya tattvavāda, aceitava a forma transcendental do Senhor. Essa é a grande qualificação desses sampradāyas vaiṣṇavas.
O sampradāya māyāvāda não aceita a forma transcendental do Senhor. Caso essa atitude impessoal também desencaminhe um sampradāya vaiṣṇava, esse sampradāya perde completamente sua posição. É um fato que existem muitos pseudo-vaiṣṇavas cuja meta última é fundir-se na existência do Senhor. A filosofia vaiṣṇava dos sahajiyās consiste em tornar-se uno com o Supremo. Śrī Caitanya Mahāprabhu assinala que Śrī Mādhavendra Purī só aceitou Madhvācārya porque o sampradāya deste aceitava a forma transcendental do Senhor.