TEXTO 30
No outono, todos os reservatórios de água são embelezados pelos lótus viçosos. A água lamacenta volta a ficar cristalina e aprazível, assim como as almas condicionadas caídas voltam a se enriquecer espiritualmente no serviço devocional.
SIGNIFICADO—Não devemos ficar desapontados com a vida lamacenta da existência material, pois, tão logo abracemos voluntariamente o serviço devocional ao Senhor, toda a nossa vida se tornará límpida, como a água no outono. Desprovidos de nosso relacionamento com Deus, nossa vida é estéril, porém, tão logo a mente lamacenta for limpa, mediante a associação espiritual ou o cultivo do espírito humano, as três classes de misérias da vida material serão removidas de imediato. Assim, o lótus do conhecimento pouco a pouco se desenvolve, e esse processo gradual de desenvolvimento prenuncia a bem-aventurança transcendental.
Todo o processo espiritual é tecnicamente denominado de yoga, ou “ligação com o Supremo”. É algo semelhante a uma longa escada, e os degraus ascendentes recebem diversas designações, tais como trabalho regulado, conhecimento transcendental, poderes místicos e, por fim, bhakti-yoga, ou serviço devocional. Bhakti-yoga é puro e imaculado, estando completamente além de todos os degraus preliminares. Tal serviço devocional imaculado em prol do Senhor Supremo foi mostrado em Vṛndāvana quando o Senhor manifestou-Se lá. Assim, o yoga exibido pelas gopīs de Vṛndāvana é o mais elevado amor imaculado por Deus, a perfeição do bhakti-yoga. Elevar-se ao nível de amor demonstrado pelas gopīs é dificílimo, mas esse nível está ao alcance daquelas almas condicionadas que são sérias.
Infelizmente, neófitos fazem um espetáculo barato, dissimulando os êxtases transcendentais das gopīs e trazendo-os ao nível de pervertidas exibições mundanas. Logo, por meio dessas caricaturas abomináveis, eles abrem o portal do inferno. Entretanto, os estudantes sérios do yoga praticam-na com seriedade, e assim alcançam a mais elevada perfeição de bhakti-yoga.
yoginām api sarveṣām
mad-gatenāntarātmanā
śraddhāvān bhajate yo māṁ
sa me yuktatamo mataḥ