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VERSO 4

sūta uvāca
apīpalad dharma-rājaḥ
pitṛvad rañjayan prajāḥ
niḥspṛhaḥ sarva-kāmebhyaḥ
kṛṣṇa-pādānusevayā

sūtaḥ uvāca — Śrī Sūta Gosvāmī disse; apīpalat — administrou prosperidade; dharma-rājaḥ — rei Yudhiṣṭhira; pitṛ-vat — exatamente como o pai dele; rañjayan — satisfazendo; prajāḥ — todos aqueles que nasceram; niḥspṛhaḥ — sem ambição pessoal; sarva — todas; kāmebhyaḥ — de gozo dos sentidos; kṛṣṇa-pāda — os pés de lótus do Senhor Śrī Kṛṣṇa; anusevayā — em virtude de prestar serviço contínuo.

Śrī Sūta Gosvāmī disse: O imperador Parīkṣit administrou generosamente a todos durante o seu reinado. Ele era exatamente como o pai dele. Não tinha ambição pessoal e estava livre de todas as espécies de gozo dos sentidos por causa de seu contínuo serviço aos pés de lótus do Senhor Śrī Kṛṣṇa.

SIGNIFICADO—Como se mencionou em nossa introdução, “há necessidade da ciência de Kṛṣṇa na sociedade humana para toda a humanidade sofredora do mundo, e nós simplesmente pedimos às personalidades que lideram todas as nações que adotem a ciência de Kṛṣṇa para seu próprio bem, para o bem da sociedade, e para o bem de todas as pessoas do mundo.” Assim, isso se confirma aqui, através do exemplo de Mahārāja Yudhiṣṭhira, a personalidade da bondade. Na Índia, as pessoas anseiam pelo rāma-rājya porque a Personalidade de Deus foi o rei ideal, e todos os outros reis ou imperadores na Índia controlavam o destino do mundo para a prosperidade de todos os seres vivos que nascessem na Terra. Aqui, a palavra prajāḥ é significativa. O significado etimológico da palavra é “aquilo que nasce”. Na Terra, há muitas espécies de vida, desde os seres aquáticos até os seres humanos perfeitos, e todos são conhecidos como prajās. O senhor Brahmā, o criador deste universo em particular, é conhecido como o prajāpati porque é o avô de todos que nasceram. Desse modo, prajā é usada num sentido mais amplo do que o usado atualmente. O rei representa todos os seres vivos: os seres aquáticos, plantas, árvores, répteis, pássaros, animais e homens. Todos eles são partes integrantes do Senhor Supremo (Bhagavad-gītā 14.4), e o rei, sendo o representante do Senhor Supremo, tem o dever de proteger a todos. Isso não acontece com os presidentes e ditadores do sistema desmoralizado de administração de hoje, onde os animais inferiores não recebem nenhuma proteção, enquanto os animais superiores recebem suposta proteção. Mas essa é uma grande ciência que só pode ser aprendida por alguém que conheça a ciência de Kṛṣṇa. Conhecendo a ciência de Kṛṣṇa, a pessoa pode tornar-se o ser humano mais perfeito do mundo, e, a menos que se tenha conhecimento desta ciência, todas as qualificações e todos os diplomas de doutorado adquiridos através da educação acadêmica são arruinados e inúteis. Mahārāja Yudhiṣṭhira conhecia muito bem essa ciência de Kṛṣṇa, pois aqui se afirma que, pelo contínuo cultivo dessa ciência, ou pelo contínuo serviço devocional ao Senhor Kṛṣṇa, ele adquiriu a qualificação de administrador do estado. Às vezes, o pai é aparentemente cruel com o filho, mas isso não significa que o pai perdeu sua qualificação de pai. O pai é sempre pai, porque ele sempre deseja de coração o bem do filho. O pai quer que todos os seus filhos se tornem homens melhores do que ele mesmo. Portanto, um rei como Mahārāja Yudhiṣṭhira, que era a personalidade da bondade, queria que todos sob sua administração, especialmente os seres humanos que têm consciência mais bem desenvolvida, se tornassem devotos do Senhor Kṛṣṇa para que todos pudessem livrar-se da mesquinhez da existência material. Seu lema de administração era “todo o bem para os cidadãos”, pois, como a bondade personificada, ele sabia perfeitamente bem o que é de fato bom para eles. Ele conduzia a administração com base nesse princípio, e não no princípio rākṣasi, demoníaco, do gozo dos sentidos. Como rei ideal, ele não tinha ambição pessoal, e não havia lugar para o gozo dos sentidos porque todos os seus sentidos estavam ocupados a cada momento no serviço amoroso ao Senhor Supremo, que inclui o serviço parcial aos seres vivos, que formam as partes integrantes do todo completo. Aqueles que se ocupam em prestar serviço às partes integrantes, deixando de lado o todo, apenas desperdiçam tempo e energia, assim como o faz alguém ao regar as folhas de uma árvore sem regar a raiz. Se vertemos água na raiz, as folhas se vivificam perfeita e automaticamente, mas, se a água é vertida somente nas folhas, toda a energia se desperdiça. Mahārāja Yudhiṣṭhira, portanto, estava constantemente ocupado no serviço ao Senhor, e, assim, as partes integrantes do Senhor, os seres vivos sob sua cuidadosa administração, eram perfeitamente auxiliadas com todo o conforto nesta vida e com todo o progresso na próxima. Assim funciona o sistema perfeito da administração do estado.

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