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VERSO 17

evaṁ gṛheṣu saktānāṁ
pramattānāṁ tad-īhayā
atyakrāmad avijñātaḥ
kālaḥ parama-dustaraḥ

evam — assim; gṛheṣu — nos afazeres familiares; saktānām — de pessoas que são demasiadamente apegadas; pramattānām — insanamente apegados; tat-īhayā — absortos nesses pensamentos; atyakrāmat — sobrepujados; avijñātaḥ — imperceptivelmente; kālaḥ — tempo eterno; parama — supremamente; dustaraḥ — insuperável.

Sem ser notado, o tempo insuperável e eterno derrota aqueles que são demasiadamente apegados aos afazeres familiares e estão sempre absortos pensando neles.

SIGNIFICADO—“Agora sou feliz; tenho tudo em ordem; meu saldo bancário é mais que suficiente; agora posso dar a meus filhos bastante status; sou bem-sucedido; os pobres sannyāsīs pedintes dependem de Deus, mas vêm mendigar de mim; por isso, sou superior ao Deus Supremo.” Esses são alguns dos pensamentos que absorvem o chefe de família loucamente apegado e cego para a passagem do tempo eterno. A duração de nossa vida foi fixada, e ninguém é capaz de aumentá-la nem mesmo um segundo além do tempo programado, ordenado pela vontade suprema. Esse tempo valioso, especialmente para o ser humano, deve ser gasto com zelo, pois mesmo um segundo passado imperceptivelmente não pode ser reposto, nem mesmo em troca de milhares de moedas de ouro acumuladas com trabalho árduo. Todos os segundos da vida humana se destinam a dar uma solução final aos problemas da vida, isto é, a repetição de nascimentos e mortes e o envolvimento no ciclo de 8.400.000 diferentes espécies de vida. O corpo material, sujeito a nascimento e morte, doenças e velhice, é a causa de todos os sofrimentos do ser vivo. Por outro lado, o ser vivo é eterno; ele nunca nasce, nem morre. As pessoas tolas esquecem esse problema. Elas não sabem de modo algum como resolver os problemas da vida, senão que se absorvem em afazeres familiares temporários, desconhecendo que o tempo eterno está passando imperceptivelmente e que a medida de duração de vida delas diminui a cada segundo, sem qualquer solução para o grande problema, ou seja, a repetição de nascimento e morte, doença e velhice. Isso se chama ilusão.

Mas essa ilusão não pode atuar sobre alguém que está desperto para o serviço devocional ao Senhor. Yudhiṣṭhira Mahārāja e seus irmãos, os Pāṇḍavas, estavam todos ocupados no serviço ao Senhor Śrī Kṛṣṇa, e sentiam pouquíssima atração pela felicidade ilusória deste mundo material. Como discutimos anteriormente, Mahārāja Yudhiṣṭhira estava fixo no serviço ao Senhor Mukunda (o Senhor, aquele que pode conceder a salvação) e, portanto, não sentia nenhuma atração por tais confortos da vida que estão disponíveis no reino do céu, porque mesmo a felicidade obtida no planeta Brahmaloka também é temporária e ilusória. Uma vez que o ser vivo é eterno, ele só pode ser feliz na morada eterna do reino de Deus (paravyoma), da qual ninguém retorna a esta região de repetidos nascimento e morte, doenças e velhice. Portanto, qualquer conforto da vida, ou qualquer felicidade material que não garanta uma vida eterna, é simples ilusão para o ser vivo eterno. A pessoa que entende isso realmente é erudita, e uma pessoa erudita assim pode sacrificar qualquer acúmulo de felicidade material para alcançar a meta desejada, conhecida como brahma-sukham, ou felicidade absoluta. Os verdadeiros transcendentalistas têm fome dessa felicidade, e, assim como não se pode fazer um homem faminto feliz com qualquer conforto da vida exceto com alimento, o homem faminto de felicidade eterna e absoluta não pode ficar satisfeito com nenhum acúmulo de felicidade material. Assim sendo, a instrução descrita neste verso não pode se aplicar a Mahārāja Yudhiṣṭhira ou a seus irmãos e à sua mãe. Ela se destinava a pessoas como Dhṛtarāṣṭra, para quem Vidura veio especialmente para transmitir esta lição.

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