VERSO 49
iti putra-kṛtāghena
so ’nutapto mahā-muniḥ
svayaṁ viprakṛto rājñā
naivāghaṁ tad acintayat
iti — dessa maneira; putra — filho; kṛta — feito por; aghena — pelo pecado; saḥ — ele (o muni); anutaptaḥ — lamentando-se; mahā-muniḥ — o sábio; svayam — pessoalmente; viprakṛtaḥ — sendo assim insultado; rājñā — pelo rei; na — não; eva — certamente; agham — o pecado; tat — que; acintayat — julgou isso.
Dessa maneira, o sábio se lamentou pelo pecado cometido por seu próprio filho. Ele não levou muito a sério o insulto cometido pelo rei.
SIGNIFICADO—Agora se esclarece todo o incidente. O fato de Mahārāja Parīkṣit ter enguirlandado o sábio com uma serpente morta não foi, de modo algum, uma ofensa muito séria, mas o fato de Śṛṅgi ter amaldiçoado o rei foi uma ofensa séria. A ofensa séria foi cometida por uma mera criança tola, em virtude do que ela merecia ser perdoada pelo Senhor Supremo, embora não fosse possível livrar-se da reação pecaminosa. Mahārāja Parīkṣit também não se importou com a maldição lançada contra ele por um brāhmaṇa tolo. Ao contrário, aproveitou-se totalmente da situação incômoda, e, pela grandiosa vontade do Senhor, Mahārāja Parīkṣit atingiu a perfeição máxima da vida através da graça de Śrīla Śukadeva Gosvāmī. Na verdade, esse era o desejo do Senhor, e Mahārāja Parīkṣit, o ṛṣi Śamīka e seu filho Śṛṅgi foram todos instrumentos no cumprimento do desejo do Senhor. Assim, nenhum deles foi posto em dificuldade porque tudo foi feito em conexão com a Pessoa Suprema.