VERSOS 7-11
kecid veṇūn vādayanto
dhmāntaḥ śṛṅgāṇi kecana
kecid bhṛṅgaiḥ pragāyantaḥ
kūjantaḥ kokilaiḥ pare
vicchāyābhiḥ pradhāvanto
gacchantaḥ sādhu-haṁsakaiḥ
bakair upaviśantaś ca
nṛtyantaś ca kalāpibhiḥ
vikarṣantaḥ kīśa-bālān
ārohantaś ca tair drumān
vikurvantaś ca taiḥ sākaṁ
plavantaś ca palāśiṣu
sākaṁ bhekair vilaṅghantaḥ
saritaḥ srava-samplutāḥ
vihasantaḥ praticchāyāḥ
śapantaś ca pratisvanān
itthaṁ satāṁ brahma-sukhānubhūtyā
dāsyaṁ gatānāṁ para-daivatena
māyāśritānāṁ nara-dārakeṇa
sākaṁ vijahruḥ kṛta-puṇya-puñjāḥ
kecit — alguns deles; veṇūn — flautas; vādayantaḥ — soprando; dhmāntaḥ — tocando; śṛṅgāṇi — as cornetas de chifre; kecana — outrem; kecit — alguém; bhṛṅgaiḥ — com as abelhas; pragāyantaḥ — cantando juntamente com; kūjantaḥ — imitando o som de; kokilaiḥ — com os cucos; pare — outros; vicchāyābhiḥ — com sombras que corriam; pradhāvantaḥ — alguns correndo no chão atrás dos pássaros; gacchantaḥ — acompanhando; sādhu — belos; haṁsakaiḥ — com os cisnes; bakaiḥ — com os patos sentados em um lugar; upaviśantaḥ ca — sentados silenciosamente como eles; nṛtyantaḥ ca — e dançando com; kalāpibhiḥ — com os pavões; vikarṣantaḥ — atraindo; kīśa-bālān — os macacos moços; ārohantaḥ ca — deslizando por; taiḥ — com os macacos; drumān — as árvores; vikurvantaḥ ca — imitando-os exatamente; taiḥ — com os macacos; sākam — juntamente com; plavantaḥ ca — pulando; palāśiṣu — nas árvores; sākam — juntamente com; bhekaiḥ — com as rãs; vilaṅghantaḥ — pulando como elas; saritaḥ — a água; srava-samplutāḥ — molharam-se na água do rio; vihasantaḥ — rindo; praticchāyāḥ — das sombras; śapantaḥ ca — censuravam; pratisvanān — o som de seus ecos; ittham — dessa maneira; satām — dos transcendentalistas; brahma-sukha-anubhūtyā — com Kṛṣṇa, a fonte de brahma-sukha (Kṛṣṇa é Parabrahman, e dEle origina-se Sua refulgência pessoal); dāsyam — atitude de serviço; gatānām — os devotos que aceitaram; para-daivatena — com a Suprema Personalidade de Deus; māyā-āśritānām — para aqueles nas garras da energia material; nara-dārakeṇa — com Ele que é como uma criança comum; sākam — juntamente com; vijahruḥ — desfrutavam; kṛta-puṇya-puñjāḥ — todos estes meninos que, vida após vida, acumularam os resultados das atividades piedosas.
Todos os meninos tinham diferentes ocupações. Alguns sopravam suas flautas, e outros soavam cornetas de chifre. Alguns imitavam o zumbido das abelhas, e outros imitavam a voz do cuco. Alguns meninos imitavam aves em pleno voo, correndo atrás das sombras que as aves projetavam sobre o chão. Alguns imitavam os belos movimentos e atraentes poses dos cisnes. Alguns se sentavam silenciosamente com os patos, e outros imitavam a dança dos pavões. Alguns meninos atraíam jovens macacos nas árvores. Alguns pulavam nas árvores, imitando os macacos. Alguns faziam caretas, como os macacos costumam fazer, enquanto outros pulavam de galho em galho. Alguns meninos iam até as cascatas e cruzavam o rio, pulando com as rãs, e, quando viam seus próprios reflexos na água, eles riam. Eles também censuravam o som de seus próprios ecos. Dessa maneira, todos os vaqueirinhos costumavam brincar com Kṛṣṇa, que é a fonte da refulgência Brahman para os jñānīs que desejam imergir nessa refulgência, que é a Suprema Personalidade de Deus para os devotos que aceitaram a eterna atitude de serviço, e que, para as pessoas comuns, não passa de outra criança comum. Os vaqueirinhos, tendo acumulado os resultados de atividades piedosas por muitas vidas, eram capazes de ter essa associação com a Suprema Personalidade de Deus. Como alguém pode explicar a grande fortuna deles?
SIGNIFICADO—Como recomenda Śrīla Rūpa Gosvāmī, tasmāt kenāpy upāyena manaḥ kṛṣṇe niveśayet. (Bhakti-rasāmṛta-sindhu 1.2.4) De alguma maneira, quer se pense em Kṛṣṇa como uma criança humana comum, como a fonte da refulgência Brahman, como a origem do Paramātmā, ou como a Suprema Personalidade de Deus, deve-se concentrar toda a atenção nos pés de lótus de Kṛṣṇa. Essa também é a instrução da Bhagavad-gītā (18.66): sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja. O Śrīmad-Bhāgavatam é o processo mais fácil pelo qual podemos aproximar-nos diretamente de Kṛṣṇa. Īśvaraḥ sadyo hṛdy avarudhyate ’tra kṛtibhiḥ śuśrūṣubhis tat-kṣaṇāt. (Śrīmad-Bhāgavatam 1.1.2) Fixar mesmo um pouco de nossa atenção em Kṛṣṇa e nas atividades conscientes de Kṛṣṇa imediatamente capacita-nos a alcançar a perfeição máxima da vida. Esse é o propósito do movimento da consciência de Kṛṣṇa. Lokasyājānato vidvāṁś cakre sātvata-saṁhitām. (Śrīmad-Bhāgavatam 1.7.6) Porque o segredo do sucesso é desconhecido pelas pessoas em geral, Śrīla Vyāsadeva, tendo compaixão das pobres almas neste mundo material, especialmente nesta era de Kali, deu-nos o Śrīmad-Bhāgavatam. Śrīmad-bhāgavataṁ purāṇam amalaṁ yad vaiṣṇavānāṁ priyam. (Śrīmad-Bhāgavatam 12.13.18) Para os vaiṣṇavas que realizaram algum avanço, ou que conhecem a fundo as glórias e potências do Senhor, o Śrīmad-Bhāgavatam é uma obra védica muito estimada. Afinal, teremos de mudar de corpo (tathā dehāntara-prāptiḥ). Se não nos importarmos com a Bhagavad-gītā e o Śrīmad-Bhāgavatam, não saberemos qual será o nosso próximo corpo. Mas se alguém aceita estes dois livros – a Bhagavad-gītā e o Śrīmad-Bhāgavatam –, é certo que terá a companhia de Kṛṣṇa em sua próxima vida (tyaktvā dehaṁ punar janma naiti mām eti so ’rjuna). Portanto, a distribuição do Śrīmad-Bhāgavatam em todo o mundo é a atividade mais benéfica para os teólogos, filósofos, transcendentalistas e yogīs (yoginām api sarveṣām), bem como para a população em geral. Janma-lābhaḥ paraḥ puṁsām ante nārāyaṇa-smṛtiḥ (Śrīmad-Bhāgavatam 2.1.6): Se, de algum modo, pudermos nos lembrar de Kṛṣṇa, Nārāyaṇa, no fim da vida, seremos bem-sucedidos.