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VERSO 39

naite sureśā ṛṣayo na caite
tvam eva bhāsīśa bhid-āśraye ’pi
sarvaṁ pṛthak tvaṁ nigamāt kathaṁ vadety
uktena vṛttaṁ prabhuṇā balo ’vait

na não; ete estes meninos; sura-īśāḥ os melhores dos semideuses; ṛṣavaḥ grandes sábios; na não; ca e; ete estes bezerros; tvam Tu (Kṛṣṇa); eva sozinho; bhāsi estás manifestando; īśa ó controlador supremo; bhit-āśraye na existência de diferentes varie­dades; api mesmo; sarvam tudo; pṛthak existindo; tvam Tu (Kṛṣṇa); nigamāt um pouco; katham como; vada por favor, explica; iti assim; uktena tendo sido solicitado (por Baladeva); vṛttam a situação; prabhuṇā (tendo sido explicada) pelo Senhor Kṛṣṇa; balaḥ Baladeva; avait entendeu.

O Senhor Baladeva disse: “Ó controlador supremo! Diferentemente do que Eu pensava antes, estes meninos não são grandes semideuses. Tampouco estes bezerros são grandes sábios como Nārada. Agora posso ver que sozinho estás manifestando-Te em todas as diferentes variedades. Embora sejas um, existes nas diferentes formas de bezer­ros e meninos. Por favor, explica-Me isso brevemente.” Re­cebendo essa solicitação do Senhor Baladeva, Kṛṣṇa explicou toda a situação, e Baladeva compreendeu.

SIGNIFICADO—Indagando de Kṛṣṇa a verdadeira situação, o Senhor Balarāma disse: “No começo, Meu querido Kṛṣṇa, Eu pensava que todas estas vacas, bezerros e vaqueirinhos eram grandes sábios e pessoas santas ou semideuses, mas agora parece que eles realmente são Tuas expansões. Todos eles são Tua pessoa; Tu mesmo estás fazendo o papel de bezerros, vacas e meninos. Qual é o mistério desta situação? Para onde foram aqueles outros bezerros, vacas e meninos? E por que Te ex­pandes como vacas, bezerros e meninos? Podes, por favor, dizer-Me o motivo disto?” A pedido de Balarāma, Kṛṣṇa explicou brevemente toda a situação: como os bezerros e meninos foram roubados por Brahmā e como Ele ocultou o incidente expandindo-Se para que as pessoas não notassem o sumiço das vacas, bezerros e meninos ori­ginais. Balarāma entendeu, portanto, que não se tratava de māyā, mas da opulência de Kṛṣṇa. Kṛṣṇa tem todas as opulências, e essa era apenas outra opulência de Kṛṣṇa.

“A princípio”, disse o Senhor Balarāma, “pensei que estes meninos e bezerros eram uma manifestação do poder de grandes sábios como Nārada, mas agora vejo que todos estes meninos e bezerros são Tua pessoa.” Após apresentar Sua pergunta a Kṛṣṇa, o Senhor Balarāma compreendeu que o próprio Kṛṣṇa Se transformara em muitos. Na Brahma-saṁhitā (5.33), afirma-se que o Senhor pode fazer isso. Advaitam acyutam anādim ananta-rūpam: Embora Ele seja um, Ele pode expandir-Se em muitas formas. De acordo com a versão védica, ekaṁ bahu syām: Ele pode expandir-Se em muitos milhares e milhões, mas, mesmo assim, permanece apenas um. Nesse sentido, tudo é espiritual porque tudo é uma expansão de Kṛṣṇa, isto é, tudo é expansão do próprio Kṛṣṇa ou de Sua potência. Porque a potência não é diferente do poten­te, a potência e o potente são unos (śakti-śaktimatayor abhedaḥ). Os māyāvādīs, entretanto, dizem que cid-acit-samanvayaḥ: espírito e matéria são unos. Essa é uma concepção errônea. O espírito (cit) é diferente da matéria (acit), como o próprio Kṛṣṇa explica na Bhagavad-gītā (7.4-5):

bhūmir āpo ’nalo vāyuḥ
khaṁ mano buddhir eva ca
ahaṅkāra itīyaṁ me
bhinnā prakṛtir aṣṭadhā

apareyam itas tv anyāṁ
prakṛtiṁ viddhi me parām
jīva-bhūtāṁ mahā-bāho
yayedaṁ dhāryate jagat

“Terra, água, fogo, ar, éter, mente, inteligência e falso ego – juntos, todos estes oito elementos formam Minhas energias materiais separadas. Além dessas, ó Arjuna de braços poderosos, existe uma outra energia, a Minha energia superior, que consiste das entidades vivas que exploram os recursos desta natureza material inferior.” O espírito e a matéria não podem ser igualados, pois, na verdade, são energias superior e inferior – mas os māyā­vādīs, ou advaita-vādīs, tentam torná-los unos. Isso é um erro. Embora, em última análise, venham da mesma fonte única, o espírito e a ma­téria não podem ser considerados iguais. Por exemplo, existem muitas coisas que vêm dos nossos corpos, mas, embora tenham a mesma fonte, não podem ser classificadas como iguais. Devemos ser zelosos em notar que, embora a fonte suprema seja única, as emanações dessa fonte devem ser tidas separadamente como inferiores e superiores. A diferença entre a filosofia māyāvāda e a filosofia vaiṣṇava é que a filosofia vaiṣṇava reconhece esse fato. A filosofia de Śrī Caitanya Mahāprabhu, portanto, chama-se acintya-bhedābheda igualdade e diferença simultâneas. Por exemplo, o fogo e o calor não podem ser separados, pois onde há fogo há calor, e onde há calor há fogo. No entanto, embora não possamos tocar o fogo, podemos tolerar o calor. Portanto, embora unos, eles são diferentes.

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