VERSO 38
tad eṣa nāthāpa durāpam anyais
tamo-janiḥ krodha-vaśo ’py ahīśaḥ
saṁsāra-cakre bhramataḥ śarīriṇo
yad-icchataḥ syād vibhavaḥ samakṣaḥ
tat — aquilo; eṣaḥ — este Kāliya; nātha — ó Senhor; āpa — conseguiu; durāpam — difícil de conseguir; anyaiḥ — por outros; tamaḥ-janiḥ — que nasceu no modo da ignorância; krodha-vaśaḥ — que estava sob o domínio da ira; api — até mesmo; ahi-īśaḥ — o rei das serpentes; saṁsāra-cakre — dentro do ciclo da existência material; bhramataḥ — divagando; śarīriṇaḥ — para a entidade viva corporificada; yat — pela qual (poeira de Vossos pés de lótus); icchataḥ — quem tem desejos materiais; syāt — manifesta; vibhavaḥ — todas as opulências; samakṣaḥ — diante de seus olhos.
Ó Senhor, embora tenha nascido no modo da ignorância e seja controlado pela ira, este Kāliya, o rei das serpentes, conseguiu o que outros têm dificuldade em conseguir. Almas corporificadas, que estão cheias de desejos e que por isso divagam no ciclo de nascimentos e mortes, podem ter todas as bênçãos manifestadas diante de seus olhos pelo simples fato de receberem a poeira de Vossos pés de lótus.
SIGNIFICADO—É muito raro que uma alma condicionada se liberte da contaminação da ilusão e, dessa maneira, seja estabelecida em perfeita consciência da Verdade Absoluta. Ainda assim, a serpente Kāliya logrou essa bênção, pois o Senhor em pessoa dançou sobre os capelos dele com Seus pés de lótus. Embora nós, almas condicionadas, talvez não recebamos a misericórdia de ter o Senhor dançando sobre nossa cabeça, podemos receber a poeira dos pés de lótus do Absoluto através do representante do Senhor, o mestre espiritual genuíno, e desse modo voltar ao lar, voltar ao Supremo, livres para sempre do sofrimento e da ignorância do universo mundano.