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VERSO 20

ity acyutenābhihitaṁ vrajābalā
matvā vivastrāplavanaṁ vrata-cyutim
tat-pūrti-kāmās tad-aśeṣa-karmaṇāṁ
sākṣāt-kṛtaṁ nemur avadya-mṛg yataḥ

iti — com estas palavras; acyutena — pelo infalível Senhor Supremo; abhihitam — indicado; vraja-abalāḥ — as meninas de Vraja; matvā — considerando; vivastra — nuas; āplavanam — o banho; vrata-cyutim — uma queda de seu voto; tat-pūrti — o cumprimento bem-sucedido daquele; kāmāḥ — desejando intensamente; tat — daquela execução; aśeṣa-kar­maṇām — de ilimitadas outras atividades piedosas; sākṣāt-kṛtam — ao fruto diretamente manifestado; nemuḥ — elas ofereceram reverên­cias; avadya-mṛk — aquele que purifica de todos os pecados; yataḥ­ — por causa.

Assim, as jovenzinhas de Vṛndāvana, considerando o que o Senhor Acyuta lhes dissera, reconheceram que, por banharem-se nuas no rio, haviam sofrido uma queda de seu voto. Todavia, como ainda desejavam cumprir seu voto com sucesso e como o Senhor Kṛṣṇa é Ele mesmo o resultado último de todas as atividades pie­dosas, elas Lhe ofereceram reverências para se purificarem de todos os pecados.

SIGNIFICADODescreve-se claramente nesta passagem a posição transcendental da consciência de Kṛṣṇa. As gopīs decidiram que era melhor renunciarem a sua pretensa tradição familiar e moralidade tradicional e apenas renderem-se ao Supremo Senhor Kṛṣṇa. Isso não quer dizer que o movimento da consciência de Kṛṣṇa advogue atividades imorais. De fato, os devotos da ISKCON praticam o mais alto padrão de absten­ção e moralidade, mas, ao mesmo tempo, reconhecemos a posição transcendental de Kṛṣṇa. O Senhor Kṛṣṇa é Deus e, portanto, não tem nenhum desejo material em relação ao desfrute de aventuras sexuais com jovenzinhas. Como se verá neste capítulo, o Senhor Kṛṣṇa não sentia nenhum tipo de atração por desfrutar com as gopīs; estava, antes, atraído pelo amor delas e queria satisfazê-las.

A maior ofensa é imitar as atividades do Senhor Kṛṣṇa. Na Índia, há um grupo chamado prākṛta-sahajiyā, que imita essas aventuras de Kṛṣṇa e tenta desfrutar de jovenzinhas nuas em nome de adoração a Kṛṣṇa. O movimento da ISKCON rejeita severamente esse arremedo de religião porque a maior ofensa é um ser humano imitar de forma ridícula a Suprema Personalidade de Deus. No movimento da ISKCON, não há encarnações baratas, e não é possível que um devoto deste movimento se promova à posição de Kṛṣṇa.

Há quinhentos anos, Kṛṣṇa apareceu como o Senhor Caitanya Mahāprabhu, que praticou celibato estrito durante toda a Sua vida de estudante e, com a idade de vinte e quatro anos, aceitou sannyāsa, um voto vitalício de celibato. Caitanya Mahāprabhu era estrito em evi­tar o contato com mulheres a fim de cumprir Seu voto de serviço amoroso a Kṛṣṇa. Quando Kṛṣṇa apareceu em pessoa cinco mil anos atrás, Ele exibiu estes passatempos maravilhosos, que atraem nossa atenção. Não devemos ficar chocados nem com inveja ao ouvirmos que Deus pode executar tais passatempos. Nosso choque se deve à ignorância, porque, se tentássemos praticar estas atividades, nossos corpos seriam afetados pela luxúria. O Senhor Kṛṣṇa, contudo, é a Suprema Verdade Absoluta e, portanto, jamais é perturbado por qual­quer espécie de desejo material. Logo, este incidente – em que as gopīs abandonaram os padrões normais de moralidade e, erguendo as mãos à cabeça, curvaram-se em obediência à ordem de Kṛṣṇa – é um exemplo de rendição devocional pura e não uma discrepância dos princípios religiosos.

De fato, a rendição das gopīs é a perfeição de toda a religião, como Śrīla Prabhupāda descreve em Kṛṣṇa, a Suprema Personali­dade de Deus: “As gopīs eram todas almas simples, e elas consideravam verdade qualquer coisa que Kṛṣṇa lhes dissesse. Para se livrarem da ira de Varuṇadeva, bem como para alcançar o fim desejado de seus votos e, principalmente, para satisfazer seu adorável Senhor, Kṛṣṇa, as gopīs obedeceram imediatamente à ordem dEle. Assim, elas se tornaram as maiores amantes de Kṛṣṇa, e Suas servas mais obedientes.

Nada se compara à consciência de Kṛṣṇa das gopīs. De fato, as gopīs não se importavam com Varuṇa ou com qualquer outro semideus; elas só queriam satisfazer Kṛṣṇa.”

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