VERSO 5
vācālaṁ bāliśaṁ stabdham
ajñaṁ paṇḍita-māninam
kṛṣṇaṁ martyam upāśritya
gopā me cakrur apriyam
vācālam — muito tagarela; bāliśam — menino; stabdham — arrogante; ajñam — tolo; paṇḍita-māninam — julgando-Se sábio; kṛṣṇam — Kṛṣṇa; martyam — um ser humano; upāśritya — refugiando-se em; gopāḥ — os vaqueiros; me — contra mim; cakruḥ — agiram; apriyam — de modo desfavorável.
Esses vaqueiros agiram com hostilidade para comigo ao refugiarem-se neste ser humano comum, Kṛṣṇa, que Se considera muito sábio, mas que não passa de um menino tolo, arrogante e tagarela.
SIGNIFICADO—Segundo Śrīla Śrīdhara Svāmī, através dos insultos de Indra, a deusa Sarasvatī está de fato louvando Kṛṣṇa. O ācārya explica: “Vācālam significa ‘alguém que pode falar de acordo com a autoridade védica’. Bāliśam significa ‘livre de presunção, assim como uma criança’. Stabdham significa que Ele não Se prostra diante de ninguém, pois não há ninguém a quem Ele deva prestar homenagem. Ajñam quer dizer que não há mais nada para Ele conhecer, porque Ele é onisciente. Paṇḍita-māninam quer dizer que Ele recebe elevadas honras dos conhecedores da Verdade Absoluta. Kṛṣṇam significa que Ele é a Suprema Verdade Absoluta, cuja forma transcendental é plena de eternidade e êxtase. E martyam significa que, muito embora seja a Verdade Absoluta, Ele aparece neste mundo como um ser humano em virtude de Sua afeição pelos devotos.”
Indra quis repreender Kṛṣṇa como vācālam porque o Senhor apresentara muitos argumentos audaciosos de acordo com a linha da filosofia karma-mīmāṁsā e sāṅkhya, ainda que não aceitasse esses argumentos; Indra, por isso, chamou o Senhor de bāliśa, “tolo”. Indra chamou-O de stabdha porque Ele falara com muita ousadia mesmo na presença de Seu próprio pai. Dessa forma, ainda que Indra tenha tentado criticar Śrī Kṛṣṇa, o caráter transcendental do Senhor é de fato impecável, e este capítulo demonstrará como Indra veio a reconhecer a posição do Senhor.