VERSO 11
svacchandopātta-dehāya
viśuddha-jñāna-mūrtaye
sarvasmai sarva-bījāya
sarva-bhūtātmane namaḥ
sva — de Seus próprios (devotos); chanda — conforme o desejo; upātta — que assume; dehāya — Seus corpos transcendentais; viśuddha — perfeitamente puro; jñāna — conhecimento; mūrtaye — cuja forma; sarvasmai — a Ele que é tudo; sarva-bījāya — que é a semente de tudo; sarva-bhūta — de todos os seres criados; ātmane — que é a Alma imanente; namaḥ — reverências.
A Ele que assume corpos transcendentais segundo os desejos de Seus devotos, a Ele cuja forma é a própria consciência pura, a Ele que é tudo, que é a semente de tudo e que é a Alma de todas as criaturas, ofereço minhas reverências.
SIGNIFICADO—Dificilmente poderíamos deduzir a partir da primeira linha deste verso que Deus é de algum modo impessoal, mas assume um corpo material pessoal. Aqui se diz claramente que o Senhor assume diferentes formas segundo svacchanda – segundo Seu próprio desejo ou segundo os desejos de Seus devotos. Um Deus impessoal dificilmente poderia corresponder aos desejos pessoais de Seus devotos, tampouco poderia, sendo um Deus impessoal, ter desejos, já que o desejo é característico da personalidade. Portanto, o fato de o Senhor manifestar diferentes formas de maneira pessoal, em resposta a desejos pessoais, indica que Ele é uma pessoa eternamente e manifesta Seus diferentes corpos transcendentais como expressão de Sua própria natureza eterna.
A expressão viśuddha-jñāna-mūrtaye é muito significativa. Mūrti indica a forma da Deidade, e aqui se afirma especificamente que a forma do Senhor é ela mesma consciência cem por cento pura. A consciência é o elemento espiritual primário, distinto de qualquer outro elemento material e distinto até mesmo dos elementos materiais sutis ou psicológicos – mente, inteligência e falso ego mundanos – que não passam de coberturas psíquicas da consciência pura. Visto que a forma do Senhor é constituída de consciência pura, dificilmente alguém julgará que ela é um corpo material como os sacos mortais de carne e ossos que carregamos neste mundo.
Nas duas últimas linhas deste verso, há ênfase poética sobre a palavra sarva, “tudo”. O Senhor é tudo: Ele é a semente de tudo e a Alma de toda criatura. Portanto, juntemo-nos a Indra para oferecer nossas reverências ao Senhor.