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VERSOS 8-11

anucaraiḥ samanuvarṇita-vīrya
ādi-pūruṣa ivācala-bhūtiḥ
vana-caro giri-taṭeṣu carantīr
veṇunāhvayati gāḥ sa yadā hi

vana-latās tarava ātmani viṣṇuṁ
vyañjayantya iva puṣpa-phalāḍhyāḥ
praṇata-bhāra-viṭapā madhu-dhārāḥ
prema-hṛṣṭa-tanavo vavṛṣuḥ sma

darśanīya-tilako vana-mālā-
divya-gandha-tulasī-madhu-mattaiḥ
ali-kulair alaghu gītām abhīṣṭam
ādriyan yarhi sandhita-veṇuḥ

sarasi sārasa-haṁsa-vihaṅgāś
cāru-gītā-hṛta-cetasa etya
harim upāsata te yata-cittā
hanta mīlita-dṛśo dhṛta-maunāḥ

anucaraiḥ — por Seus companheiros; samanuvarṇita — sendo elaboradamente descrita; vīryaḥ — cuja proeza; ādi-pūruṣaḥ — a original Personalidade de Deus; iva — como se; acala — imutáveis; bhūtiḥ — cujas opulências; vana — na floresta; caraḥ — movimentando-se; giri — das montanhas; taṭeṣu — nas encostas; carantīḥ — que estão pastando; veṇunā — com Sua flauta; āhvayati — chama; gāḥ — as vacas; saḥ — Ele; yadā — quando; hi — de fato; vana-latāḥ — as trepadeiras da flo­resta; taravaḥ — e as árvores; ātmani — dentro de si mesmas; viṣṇum — o Senhor Supremo, Viṣṇu; vyañjayantyaḥ — revelando; iva — como se; puṣpa — com flores; phala — e frutos; āḍhyāḥ — ricamente dota­das; praṇata — inclinados; bhāra — por causa do peso; viṭapāḥ — cujos galhos; madhu — de seiva doce; dhārāḥ — torrentes; prema — por amor extático; hṛṣṭa — pelos eriçados; tanavaḥ — em cujos corpos (troncos); vavṛṣuḥ sma — fizeram chover; darśanīya — das pessoas agradáveis de ver; tilakaḥ — a mais excelente; vana-mālā — sobre Sua guirlanda feita de flores silvestres; divya — divina; gandha — cuja fragrância; tulasī — de flores de tulasī; madhu — pela doçura semelhante ao mel; mattaiḥ — embriagados; ali — de abelhas; kulaiḥ — pelos enxames; ala­ghu — forte; gītam — o canto; abhīṣṭam — desejável; ādriyan — reco­nhecendo com gratidão; yarhi — quando; sandhita — colocada; veṇuḥ — Sua flauta; sarasi — no lago; sārasa — os grous; haṁsa — cisnes; vihaṅgāḥ — e outras aves; cāru — encantador; gīta — pelo canto (de Sua flauta); hṛta — levadas embora; cetasaḥ — cujas mentes; etya — avançando; harim — o Senhor Kṛṣṇa: upāsata — adoram; te — eles; yata — sob controle; cittāḥ — cujas mentes; hanta — ah!; mīlita — fe­chados; dṛśaḥ — os olhos; dhṛta — mantendo; maunāḥ — silêncio.

Kṛṣṇa passeia pela floresta na companhia de Seus amigos, que cantam vividamente as glórias de Seus feitos magníficos. Ele assim parece a Suprema Personalidade de Deus exibindo Suas inexauríveis opulências. Quando as vacas vagueiam pelas encos­tas das montanhas e Kṛṣṇa as chama com o som de Sua flauta, as árvores e trepadeiras da floresta respondem tornando-se tão luxuriantes com frutos e flores que parecem estar manifestando o Senhor Viṣṇu em seus corações. Enquanto seus ramos se curvam com o peso, os filamentos dos troncos e trepadeiras ficam eretos devido ao êxtase de amor por Deus, e as árvores e trepadeiras derramam uma doce chuva de seiva.

Enlouquecidos pelo divino aroma de mel das flores de tulasī na guirlanda que Kṛṣṇa usa, enxames de abelhas cantam bem alto para Ele, e aquela mais bela de todas as personalidades reconhece agradecido e aclama seu canto levando aos lábios Sua flauta e tocando-a. O encantador som da flauta rouba, então, a mente dos grous, cisnes e outras aves que habitam lagos. De fato, eles se aproximam de Kṛṣṇa, fecham os olhos e, mantendo rigoroso silêncio, ado­ram-nO fixando sua consciência nEle em profunda meditação.

SIGNIFICADO—Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura fez vários comentários esclarecedores sobre estes versos. Ele apresenta a analogia de que assim como quando pais de família vaiṣṇavas ouvem um grupo de saṅkīrtana se aproximando, eles ficam extáticos e oferecem reverências, da mesma forma as árvores e trepadeiras de Vṛndāvana ficaram em êxtase ao ouvirem a flauta de Kṛṣṇa e inclinaram bem seus galhos e cipós. A expressão darśanīya-tilaka no verso dez indica não só que o Senhor é “o mais excelente (para se ver)”, mas também que Ele Se enfeitou com uma atraente tilaka vermelha extraída da terra rica em minerais da floresta de Vṛndāvana.

Śrīla Viśvanātha Cakravartī também salienta que tulasī, embora louvada de muitas formas, normalmente não é considerada uma planta com fragrância especial. Todavia, de manhã bem cedo, tulasī emite uma fragrância transcendental que as pessoas comuns não conse­guem perceber, mas que os transcendentalistas apreciam plenamente. As abelhas que têm o privilégio de enxamear à volta das guirlandas de flores usadas pela Suprema Personalidade de Deus com certeza apreciam esta fragrância, e Śrīla Viśvanātha Cakravartī cita o Bhāgavatam (3.15.19) para enfatizar que as mais aromáticas plantas de Vai­kuṇṭha também apreciam as qualificações especiais de Tulasī-devī.

A expressão sandhita-veṇuḥ no verso dez indica que o Senhor Kṛṣṇa colocou Sua flauta firmemente nos lábios. E a melodia ema­nada daquela flauta é decerto o mais encantador dos sons, como as gopīs descrevem neste capítulo.

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