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CAPÍTULO QUARENTA

As Preces de Akrūra

Este capítulo narra as preces que Akrūra ofereceu à Suprema Personalidade de Deus.

Akrūra orou: “Brahmā, que criou este mundo visível, emanou do umbigo de lótus do Senhor Supremo. Os cinco elementos da natureza física, os cinco correspondentes objetos de percepção, os dez sen­tidos, o ego, a natureza total, o criador primordial e os semideuses, todos se originam dos membros de Seu corpo. Não se pode conhecê-­lO mediante o conhecimento sensorial, de modo que até mesmo Brahmā e os outros semideuses desconhecem Sua verdadeira identidade.

“Diferentes classes de pessoas adoram a Suprema Personalidade de Deus de diferentes maneiras. Os trabalhadores fruitivos adoram­nO através da execução de sacrifícios védicos; os filósofos, através da renúncia ao trabalho material e da busca de conhecimento espiritual; os yogīs, através da meditação; os śivaístas, através da adoração do senhor Śiva; os vaiṣṇavas, através de seguir os preceitos de es­crituras tais como o Pañcarātra, e outras pessoas santas através da adoração a Ele como a forma original do eu, da substância material e dos semideuses controladores. Assim como os rios fluem de várias direções para o oceano, a adoração daqueles que se dedicam a essas várias entidades encontram seu objetivo último dentro do Supremo Senhor Viṣṇu.

“Imagina-se que a forma do universo total, o Virāṭ-rūpa, é a forma do Senhor Viṣṇu. Assim como os seres aquáticos se movimentam na água ou como minúsculos insetos se escondem em uma fruta udum­bara, todos os seres vivos se movimentam dentro do Senhor. Esses seres vivos, desorientados por Sua Māyā, divagam pela trilha do tra­balho material, identificando-se erroneamente com o corpo, o lar e assim por diante. Sob o domínio da ilusão, uma pessoa tola pode não notar um reservatório d’água coberto por grama e folhas e, em vez disso, correr atrás de uma miragem. De forma semelhante, seres vivos aprisionados nas garras da ignorância abandonam o Senhor Viṣṇu e apegam-se a seus corpos, lares etc. Tais servidores fiéis dos sentidos não conseguem refugiar-se nos pés de lótus do Senhor Supremo. So­mente se, por Sua misericórdia, eles obtiverem a associação com de­votos santos, é que seu enredamento material terminará. Só então, por meio do serviço aos devotos puros do Senhor, eles poderão de­senvolver consciência de Kṛṣṇa.”

VERSO 1: Śrī Akrūra disse: Prostro-me diante de Vós, a causa de todas as causas, a original e inexaurível Pessoa Suprema, Nārāyaṇa. Do verticilo do lótus nascido de Vosso umbigo, apareceu Brahmā, e, por meio de sua atuação, este universo veio a existir.

VERSO 2: A terra; a água; o fogo; o ar; o éter e sua fonte, o falso ego; o mahat-tattva; a natureza material total e sua fonte, a expan­são puruṣa do Senhor Supremo; a mente; os sentidos; os objetos dos sentidos, e as deidades que regem os sentidos – todas estas causas da manifestação cósmica nascem de Vosso corpo transcendental.

VERSO 3: A natureza material total e estes outros elementos da criação decerto não podem conhecer-Vos como sois, pois se manifestam no reino da matéria inerte. Como estais além dos modos da natureza, nem mesmo o senhor Brahmā, que está atado a esses modos, conhece Vossa verdadeira identidade.

VERSO 4: Os yogīs puros adoram a Vós, a Suprema Personalidade de Deus, por meio da concepção de Vós na forma tríplice, a saber, as entidades vivas, os elementos materiais que constituem os corpos das entidades vivas e as deidades controladoras desses elementos.

VERSO 5: Os brāhmaṇas que seguem as regulações atinentes aos três fo­gos sagrados adoram-Vos com o canto de mantras dos três Vedas e com a execução de complexos sacrifícios de fogo para os vários semideuses, que têm muitas formas e nomes.

VERSO 6: Na busca do conhecimento espiritual, algumas pessoas renunciam todas as atividades materiais e, tendo assim logrado a paz, executam o sacrifício da investigação filosófica para prestar adoração a Vós, a forma original de todo o conhecimento.

VERSO 7: E ainda outros – aqueles cuja inteligência é pura – seguem os preceitos das escrituras vaiṣṇavas promulgadas por Vós. Absorvendo suas mentes em pensar em Vós, eles Vos adoram como o Senhor Supremo e único manifestando-Se em formas múltiplas.

VERSO 8: Ainda há outros que prestam adoração a Vós, o Senhor Supremo, sob a forma do senhor Śiva. Eles seguem o caminho descrito por ele e interpretado de várias maneiras por muitos mestres.

VERSO 9: Mas todas essas pessoas, meu Senhor, mesmo as que desvia­ram sua atenção de Vós e adoram outras deidades, em verdade estão prestando adoração apenas a Vós, ó personificação de todos os semi­deuses.

VERSO 10: Assim como os rios nascidos das montanhas e abastecidos pela chuva correm de todos os lados em direção ao mar; da mesma forma, todos esses caminhos chegarão em Vós ao final, ó mestre.

VERSO 11: Bondade, paixão e ignorância, as qualidades de Vossa nature­za material, enredam todos os seres vivos condicionados, desde Brahmā até as criaturas inertes.

VERSO 12: Ofereço minhas reverências a Vós que, como a Alma Suprema de todos os seres, testemunhais, com uma visão livre de preconceito, a consciência de todos. A correnteza de Vossos modos materiais, produzida pela força da ignorância, flui impetuosamente entre os seres vivos que assumem identidades como semideuses, seres humanos e animais.

VERSOS 13-14: Declara-se que o fogo é Vosso rosto; a terra, Vossos pés; o Sol, Vosso olho, e o céu, Vosso umbigo. As direções são Vosso sentido auditivo; os principais semideuses, Vossos braços, e os oceanos, Vosso abdômen. Considera-se que o céu é Vossa cabeça, e o vento, Vosso ar vital e força física. As árvores e plantas são os pelos de Vosso corpo; as nuvens, Vosso cabelo, e as montanhas, os ossos e unhas de Vós, o Supremo. A passagem dos dias e das noites é o piscar de Vossos olhos; o progenitor da humanidade, Vossos órgãos ge­nitais, e a chuva, Vosso sêmen.

VERSO 15: Todos os mundos, com seus semideuses regentes e abundante população, originam-se de Vós, a inesgotável Suprema Personalidade de Deus. Estes mundos viajam dentro de Vós, o alicerce da mente e dos sentidos, assim como os seres aquáticos nadam no mar ou pequenos insetos escondem-se em uma fruta udumbara.

VERSO 16: Para desfrutardes Vossos passatempos, manifestais-Vos sob várias formas neste mundo material, e essas encarnações expurgam toda a infelicidade daqueles que alegremente cantam Vossas glórias.

VERSOS 17-18: Ofereço minhas reverências a Vós, a causa da criação, o Senhor Matsya, que nadou no oceano da dissolução; ao Senhor Hayagrīva, o matador de Madhu e Kaiṭabha; à imensa tartaruga [o Senhor Kūrma], que sustentou a montanha Mandara, e à encar­nação de Javali [o Senhor Varāha], que Se divertiu erguendo a Terra.

VERSO 19: Reverências a Vós, o espantoso leão [o Senhor Nṛsiṁha], que remove o medo de Vossos devotos santos, e ao anão Vāmana, que caminhou por cima dos três mundos.

VERSO 20: Reverências a Vós, o Senhor dos Bhṛgus, que derrubou a floresta da orgulhosa ordem real, e ao Senhor Rāma, o melhor da dinastia Raghu, que deu cabo do demônio Rāvaṇa.

VERSO 21: Reverências a Vós, Senhor dos Sātvatas, e a Vossas formas de Vāsudeva, Saṅkarṣaṇa, Pradyumna e Aniruddha.

VERSO 22: Reverências a Vossa forma como o impecável Senhor Buddha, que confundirá os Daityas e Dānavas, e ao Senhor Kalki, o aniquilador dos comedores de carne que se fazem passar por reis.

VERSO 23: Ó Senhor Supremo, as entidades vivas neste mundo são confundidas por Vossa energia ilusória. Ficando envolvidas nos errôneos conceitos de “eu” e “meu”, elas são forçadas a divagar pelos caminhos do trabalho fruitivo.

VERSO 24: Eu também estou iludido desta maneira, ó Senhor onipotente, pensando por tolice que meu corpo, filhos, lar, esposa, dinheiro e seguidores são reais, embora, na verdade, eles sejam tão irreais quanto um sonho.

VERSO 25: Assim, confundindo o temporário com o eterno, o corpo com o eu, e fontes de sofrimento com fontes de felicidade, tentei extrair prazer das dualidades materiais. Coberto dessa maneira pela ignorância, não pude reconhecer-Vos como o verdadeiro objeto de meu amor.

VERSO 26: Assim como um tolo não repara em um reservatório de água coberto pela vegetação que nela cresce e corre atrás de uma miragem; da mesma forma, eu me desviei de Vós.

VERSO 27: Minha inteligência está tão severamente debilitada que não consigo encon­trar forças para refrear minha mente, que é perturbada por de­sejos e atividades materiais e, a todo momento, arrastada de um lado para outro por meus sentidos obstinados.

VERSO 28: Sendo assim caído, estou me aproximando de Vossos pés em busca de abrigo, ó Senhor, porque, embora os impuros jamais possam alcançá-los, penso que isso é possível por Vossa misericórdia. Só quando tiver cessado a vida material, ó Senhor de umbigo de lótus, é que alguém poderá desenvolver consciência de Vós através do serviço a Vossos devotos puros.

VERSO 29: Reverências à Suprema Verdade Absoluta, o possuidor de energias ilimitadas. Ele é a personificação do conhecimento transcendental puro, a fonte de todas as espécies de consciência e o predominador das forças da natureza que governam o ser vivo.

VERSO 30: Ó filho de Vasudeva, reverências a Vós, dentro de quem todos os seres vivos residem. Ó Senhor da mente e dos sentidos, volto a oferecer-Vos minhas reverências. Ó mestre, por favor, confere Vossa proteção a mim, que estou rendido a Vós.

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