VERSO 58
etāḥ paraṁ tanu-bhṛto bhuvi gopa-vadhvo
govinda eva nikhilātmani rūḍha-bhāvāḥ
vāñchanti yad bhava-bhiyo munayo vayaṁ ca
kiṁ brahma-janmabhir ananta-kathā-rasasya
etāḥ — estas mulheres; param — só; tanu — seus corpos; bhṛtaḥ — mantêm com êxito; bhuvi — na terra; gopa-vadhvaḥ — as jovens vaqueiras; govinde — para o Senhor Kṛṣṇa; eva — exclusivamente; nikhila — de todos; ātmani — a Alma; rūḍha — perfeita; bhāvāḥ — extática atração amorosa; vāñchanti — desejam; yat — que; bhava — a existência material; bhiyaḥ — aqueles que temem; munayaḥ — sábios; vayam — nós; ca — também; kim — que utilidade; brahma — como um brāhmaṇa ou como o senhor Brahmā; janmabhiḥ — com nascimentos; ananta — do Senhor ilimitado; kathā — para os tópicos; rasasya — para alguém que tem gosto.
[Uddhava cantou:] Dentre todas as pessoas na terra, só estas vaqueirinhas aperfeiçoaram de fato suas vidas corporificadas, pois alcançaram a perfeição do amor imaculado pelo Senhor Govinda. Aqueles que temem a existência material, os grandes sábios e até nós mesmos também, ansiamos por alcançar o amor puro que elas sentem. Para quem saboreou as narrações a respeito do ilimitado Senhor, de que adianta nascer como um brāhmaṇa de alta classe ou até mesmo como o próprio senhor Brahmā?
SIGNIFICADO—Śrīla Viśvanātha Cakravartī explica que, nesta passagem, o termo brahma-janmabhiḥ, “nascimentos bramânicos”, refere-se às três classes de nascimento, a saber: 1) paternidade seminal, 2) iniciação em que se recebe o cordão sagrado e 3) iniciação sacrificial. Estas não podem comparar-se à consciência de Kṛṣṇa pura. De fato, Śrī Uddhava, que falou este verso, nasceu como um brāhmaṇa puro, mas ele mesmo deprecia esta posição em comparação com a das elevadas gopīs.