VERSOS 1-6
śrī-śuka uvāca
taṁ vilokya viniṣkrāntam
ujjihānam ivoḍupam
darśanīyatamaṁ śyāmaṁ
pīta-kauśeya-vāsasam
śrīvatsa-vakṣasaṁ bhrājat
kaustubhāmukta-kandharam
pṛthu-dīrgha-catur-bāhuṁ
nava-kañjāruṇekṣaṇam
nitya-pramuditaṁ śrīmat
su-kapolaṁ śuci-smitam
mukhāravindaṁ bibhrāṇaṁ
sphuran-makara-kuṇḍalam
vāsudevo hy ayam iti
pumān śrīvatsa-lāñchanaḥ
catur-bhujo ’ravindākṣo
vana-māly ati-sundaraḥ
lakṣaṇair nārada-proktair
nānyo bhavitum arhati
nirāyudhaś calan padbhyāṁ
yotsye ’nena nirāyudhaḥ
iti niścitya yavanaḥ
prādravad taṁ parāṅ-mukham
anvadhāvaj jighṛkṣus taṁ
durāpam api yoginām
śrī-śukaḥ uvāca — Śukadeva Gosvāmī disse; tam — a Ele; vilokya — vendo; viniṣkrāntam — saindo; ujjihānam — nascendo; iva — como se; uḍupam — a lua; darśanīya-tamam — o mais belo de contemplar; śyāmam — azul-escuro; pīta — amarela; kauśeya — seda; vāsasam — cuja roupa; śrīvatsa — a marca da deusa da fortuna, que consiste em uma mecha especial de cabelo e que pertence somente ao Senhor Supremo; vakṣasam — sobre cujo peito; bhrājat — brilhante; kaustubha — com a joia Kaustubha; āmukta — decorado; kandharam — cujo pescoço; pṛthu — largos; dīrgha — e compridos; catuḥ — com quatro; bāhum — braços; nava — recém-crescidos; kañja — como lótus; areṇa — cor de rosa; īkṣaṇam — cujos olhos; nitya — sempre; pramuditam — alegre; śrīmat — refulgentes; su — belas; kapolam — com bochechas; śuci — limpo; smitam — com um sorriso; mukha — Seu rosto; aravindam — como o lótus; bibhrāṇam — exibindo; sphuran — esplendorosos; makara — tubarão; kuṇḍalam — brincos; vāsudevaḥ — Vāsudeva; hi — de fato; ayam — esta; iti — pensando assim; pumān — pessoa; śrīvatsa-lāñchanaḥ — com a marca de Śrīvatsa; catuḥ-bhujaḥ — de quatro braços; aravinda-akṣaḥ — de olhos de lótus; vana — de flores silvestres; mālī — que usa uma guirlanda; ati — extremamente; sundaraḥ — bela; lakṣaṇaiḥ — pelos sintomas; nārada-proktaiḥ — contados por Nārada Muni; na — nenhum; anyaḥ — outro; bhavitum arhati —Ele pode ser; nirāyudhaḥ — sem armas; calan — que anda; padbhyām — a pé; yotsye — lutarei; anena — com Ele; nirāyudhaḥ — sem armas; iti — assim; niścitya — decidindo; yavanaḥ — o bárbaro Kālayavana; prādravantam — que estava fugindo; parāk — virou-se; mukham — cujo rosto; anvadhāvat — perseguiu; jighṛkṣuḥ — querendo agarrar; tam — a Ele; durāpam — inatingível; api — mesmo; yoginām — pelos yogīs místicos.
Śukadeva Gosvāmī disse: Kālayavana viu o Senhor sair de Mathurā tal qual a lua nascente. O Senhor era belíssimo de contemplar, com Sua tez azul-escura e roupas de seda amarela. Sobre o peito, tinha a marca de Śrīvatsa, e a joia Kaustubha adornava-Lhe o pescoço. Seus quatro braços eram vigorosos e longos. Ele exibia Seu rosto de lótus sempre jubiloso, com olhos cor de rosa como o lótus, bochechas belamente refulgentes, um sorriso imaculado e esplendorosos brincos em forma de tubarões. O bárbaro pensou: “Este deve mesmo ser Vāsudeva, pois tem as características que Nārada mencionou: possui a marca Śrīvatsa, tem quatro braços, Seus olhos são como o lótus, usa uma guirlanda de flores silvestres e é belíssimo. Não pode ser ninguém mais. Já que Ele está a pé e sem armas, lutarei contra Ele desarmado.” Tomada essa decisão, ele correu atrás do Senhor, que lhe deu as costas e fugiu correndo. Kālayavana esperava capturar o Senhor Kṛṣṇa, embora eminentes yogīs místicos não consigam alcançá-lO.
SIGNIFICADO—Embora estivesse vendo o Senhor Kṛṣṇa com seus próprios olhos, Kālayavana não podia apreciar de modo adequado o belo Senhor. Assim, em vez de adorar Kṛṣṇa, ele O atacou. De modo semelhante, não é incomum que os homens da atualidade ataquem Kṛṣṇa em nome de filosofia, “lei e ordem” e até de religião.